Figura 2. Confirmação da AICEP
Senti-me privilegiado e agarrei a proposta com “unhas e dentes”, mesmo que nessa fase a única certeza fosse a de o estágio oferecido poder ter lugar em qualquer país do mundo, exceto Portugal.
Depois, pensei que talvez o destino não fosse tão aleatório como então julgava, uma vez que o meu destino correspondia ao meu sonho. A empresa de acolhimento desenvolvia, provavelmente, o software mais completo, utilizado tanto a nível de investigação, como a nível industrial - Abaqus. A entidade que me foi atribuída está situada no maior centro de inovação e criação de empresas tecnológicas a nível mundial (Silicon Valley).
Tive assim uma oportunidade única de durante seis meses aprender com alguns dos mais inovadores e criativos profissionais do planeta. Bem como de visitar e explorar S. Francisco e a costa Oeste dos Estados Unidos.
Descrevendo as condições de trabalho comparadas com a minha primeira experiência nacional numa palavra: opostas. Assim, dei o meu melhor para ficar integrado na empresa. Infelizmente o meu melhor não foi suficiente, ou simplesmente não foi possível.
Voltei para Portugal e, novamente, à procura das escassas oportunidades internacionais. Mas desta vez a situação era diferente. Tinha 6 meses de experiência e tinha ganho coragem para recusar as ofertas nacionais.
Oportunidade 2 – Consultor na Airbus
Passados 4 meses de procura diária recebi uma proposta aliciante de uma consultora que recrutava para o maior fabricante - em termos de encomendas - de aeronaves comerciais nos últimos 4 anos (Airbus). Sem o estágio profissional do INOV Contacto, as hipóteses de ser selecionado seriam quase nulas.
Aceitei a proposta e fui para Toulouse, sul de França, onde se situa a sede da Airbus. Os dois anos que se seguiram foram de grande desenvolvimento, a nível pessoal e profissional.
Embora existam diferenças substanciais entre trabalhar em França e nos Estados Unidos, quando comparamos também com Portugal, os métodos naqueles dois países são muito semelhantes. Por exemplo, as tarefas do meu superior hierárquico não eram “para ontem”, mas sim “ prendre le temps necessaire” (leva o tempo que for preciso).
Mesmo estando muito satisfeito, a ambição falou mais alto. Aceitar novos desafios sempre fez parte da minha vida e embora estivesse a aprender imenso, já previa que em breve iria precisar de um novo desafio.
Foi então que a ideia de uma pós-graduação começou a adquirir peso. Assim, ao fim de dois anos de atividade industrial, decidi que se não agarrasse um programa doutoral aos 25 anos nunca mais teria coragem para o fazer.
Oportunidade 3 – Doutoramento na Suécia
A oportunidade de ingressar num programa de doutoramento veio da Swerea SICOMP, o instituto de pesquisa Sueco em materiais compósitos. Assim, iniciei um PhD (fora de Portugal). O que significa não ter que trabalhar em part time para pagar os estudos ou, na melhor das hipóteses, ter apenas bolsa em vez de salário.
Obviamente que me sinto um privilegiado. Passados 3 anos defendi a Licentiate thesis (só existe na Suécia) e vi uma das minhas duas publicações destacadas naquele que é considerado um dos melhores jornais de Compósitos.
Oportunidade 4 – Colaborar com o INOV Contacto
Fazer investigação numa área de destaque na atualidade, como é o caso dos materiais compósitos, requer muito planeamento e, uma vez que existem diferentes direções de investigação, é necessário priorizar. Uma boa colaboração é essencial.
Mesmo com tudo a funcionar corretamente, por vezes , cada passo em frente é precedido de várias tentativas falhadas. Na minha opinião, a investigação em áreas de grande interesse para a indústria constituem um percurso árduo e muito competitivo.
Felizmente, posso contar com o INOV Contacto de novo. Pelo segundo ano consecutivo, a Swerea SICOMP e eu temos a oportunidade de contar com a colaboração de estagiários do INOV Contacto para nos ajudarem nos nossos projetos. Desta vez, eu faço parte da entidade acolhedora, tendo assim a oportunidade de dar a oportunidade a outros contacteates.
Os meses de formação irão constituir uma mais valia para os estagiários e também beneficiar-nos através do seu envolvimento em projetos que vão desde novos materiais para absorver energia em caso de colisão e materiais que se comportam ao nível das baterias e ao mesmo tempo suportam cargas mecânicas ao nível dos metais.
Existe uma satisfação muito grande de poder contribuir para um futuro mais sustentável tirando partido de novos materiais. Sem a oportunidade de estágio no INOV Contacto, provavelmente não estaria a fazer aquilo de que gosto e que sinto ser útil.
Passados seis anos desde o primeiro contacto, a apreciação pelo trabalho da AICEP e INOV Contacto é deste modo reforçada.
Assim se fecha um ciclo de “uma oportunidade que desencadeou (muitas!) oportunidades”.
Muito obrigado, sem vós não estaria aqui!
27 dezembro de 2016