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Aqui onde o Ocidente encontra o Oriente...
Inês Vale de Castro | C14
 
Gonçalves Pereira, Rato, Ling, Vong & Cunha - Advogados

 

Macau

 

Macau é uma mistura peculiar entre o Oriente e Ocidente. Por um lado, é inegável, estamos na China, com todas as implicações dessa constatação, or outro, existe o legado português “em cada esquina”, o que é muito interessante.

Costumo dizer que Macau deveria ser um local obrigatório de “visita de estudo” para cada português. E é este cenário do meu “processo de aculturação” sobre o qual me foram pedidas algumas breves palavras.

Uma das coisas que me chamou primeiro a atenção em Macau foi a consciência comunitária que aqui se pode sentir. No Ocidente foram-nos incutidos valores de autonomia e independência, o que não é necessariamente mau. Não obstante, levado ao extremo, por vezes parece que cada um de nós se encontra na sua pequena “ilha” particular.

Em Macau as pessoas partilham a mesa do almoço com estranhos, chega-se e ocupa-se o lugar que estiver vago. A biblioteca é um espaço comunitário onde as pessoas se encontram bastante perto uma das outras a ler (para tanto contribui o seu formato circular). Existe uma vivência muito particular nos jardins públicos. Os idosos encontram-se para jogar majong, famílias e crianças aproveitam os seus tempos livres em conjunto. Com efeito, talvez por serem tantos, ou pelo passado histórico e político, em Macau, na China, o “individual” perde alguma importância para o “comunitário”.

Depois existe a inegável questão da “face”. Já tinha lido sobre este assunto, mas só comecei a perceber quando tive um contacto mais directo. A questão da dignidade e da honra. A pior coisa para um cidadão chinês é “perder a face”. As pessoas aqui também não são tão directas. Ao contrário do Ocidente, não têm o culto da afirmação da sua opinião pessoal a todo o custo. Assim, também não gostam de dizer que não, mesmo que isso implique não serem absolutamente verdadeiros ao darem a sua opinião, não procuram confrontos directos. Não querem “perder a face”, isso implicaria perder também a honra. Não é muito fácil explicar... tem de sentir-se.

Temos ainda a barreira linguística, hoje em dia praticamente inexistente nos países ocidentais mas que ainda se faz sentir bastante no nosso confronto com os destinos asiáticos. Nos meus exercícios de mímica diários, ponho-me a imaginar se assim também o terão feito os portugueses de 1500 quando aportaram pela primeira vez por estas terras e precisavam de comprar coisas tão elementares como carne de vaca, ou uma botija de água quente...E são estes alguns dos aspectos que marcam a minha experiência em Macau, o meu dia-a-dia numa terra onde as senhoras se passeiam com sombrinhas improvisadas para protegerem a pele branca, do sol (uma pele bronzeada está longe de ser considerada bonita por estas bandas). Ao lado de um casino com cores garridas e arquitectura moderna encontra-se uma construção portuguesa antiga de estilo colonial. Engraçado, estou na China, na Ásia, mas oiço o português em cada esquina...

Created By: Inês Borges Vale de Castro
Published: 03-07-2010 9:13

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