Nuno Alves | C14

Bosch Thermotechnik GmbH

Lollar | Alemanha

Antes da divulgação dos destinos creio que todos nós passamos pela fase dos sonhos e das expectativas elevadas. Depois vêm os resultados: Uns saltam e gritam, mantendo as perspectivas que tinham, e outros ficam tristes e desapontados. Eu pelo menos fui um dos que fez o verdadeiro sorriso amarelo. Tenho que admitir que não consegui esconder o meu descontentamento inicial.

Quando se fala da Alemanha, efectivamente pensamos logo num povo frio, rigoroso, pontual, pouco divertido e que só come salsichas, bebe cerveja e Apfel Weine. Eu que procurava o choque cultural e que pensava que já não o ia ter, pois bem, estava completamente enganado. Desafios não faltaram e muitos ainda estão por aparecer.

A gestão de toda a adrenalina e ideias que trazia para o projecto foi algo complexa. Rapidamente percebi que aqui as coisas não funcionam com a euforia e o dinamismo latinos. Tudo acontece mais devagar do que em Portugal. A obtenção de informação é um desafio permanente, a burocracia um must e só se avança quando realmente há certezas de que não existe risco nenhum. Para ajudar, existe ainda um conjunto infinito de regras e procedimentos para tudo e mais alguma coisa, ao qual eles chamam By the Book, e acreditem ou não, são cumpridas na íntegra.

A disciplina e a pontualidade são duas características que classificam muito bem os alemães. O chegar a tempo e horas é levado muito a sério. Um alemão só confirma a presença num evento se tiver a certeza que não vai faltar e tudo é pensado e ponderado.

Aqui começa-se a jantar às 18.30h e às 19.30h já se bebe cerveja nos bares. Os animais podem entrar em todos os estabelecimentos públicos. As pessoas fazem imenso desporto e aproveitam todo o tempo para passear nos parques ou então fazer bricolage. Ao domingo tudo está fechado e não há cá shoppings para passar o tempo.

Pode parecer estranho mas apesar de tudo isto, são pessoas divertidas e com sentido de humor. É necessário ter a abordagem certa e saber quebrar o “gelo”…Por exemplo, dizer algo em alemão é o suficiente para marcar pontos – o chamado Savoir Faire. Creio que essa é a grande particularidade quando estamos num processo de aculturação. Não adianta argumentar que não tem lógica nenhuma e perder tempo em perceber isto ou aquilo…

Depois destes 5 meses já me sinto quase alemão. Estou habituado às regras e não stresso  com a burocracia. Jjanto às 18.30h, bebo cervejas de 0.5L, como as iguarias alemãs repletas de molho e já me mentalizei de que não posso fazer barulho ao domingo.
Sabiam que aqui é possível apanhar uma multa por aspirar a casa ao domingo? Felizmente o ser humano tem uma capacidade enorme de adaptação!

Tal como me têm dito: If you are in Germany, be a German. Este é o espírito, esta é a atitude, este é o mindset...