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Transportes mais ecológicos, um dilema logístico.

António Borges Cruz (C11)
Vicaima,
Swindon - Reino Unido


A consciência ambiental global começou nos últimos anos a ganhar forma e força. Por todo o lado se multiplicam as soluções para reduzir as emissões de carbono e pela utilização de energias mais ‘limpas’.

 

O grande ponto de viragem relativo à consciência ambiental global poderá ter acontecido em 2007 com a atribuição do prémio Nobel da paz ao antigo Vice-Presidente Americano Al Gore (em conjunto com o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU).

É inegável que a visibilidade mediática de Al Gore, aliada ao aumento do preço dos combustíveis fósseis influenciou, irremediavelmente, a consciência global para a necessidade de redução de consumo de energias fósseis e correspondentes emissões de carbono, coisa que, por exemplo, o protocolo de Quioto não terá conseguido.

Por todo o lado parece haver uma tendência a procurar bens e tecnologias mais eficientes, mais limpas, mais sustentáveis e mais económicas.

 

As soluções vão sendo encontradas, um pouco por todo o lado, sendo que, por exemplo, na utilização de produtos derivados da Madeira existem algumas entidades que garantem a certificação e sustentabilidade das florestas assim como dos produtos finais a que estas matérias-primas estão associadas. É o caso dos produtos certificados pelo FSC (Forest Stewardship Council). A procura para este tipo de produtos tem vindo a aumentar, assim como as pressões sociais e políticas para o consumo de produtos mais ‘verdes’. Pode dizer-se que existem agora clientes mais exigentes ecologicamente e que não se importam de pagar mais pelo próprio produto, se este for certificado.

No entanto, a preocupação ambiental dos consumidores, normalmente, centra-se no produto em si, e não na forma como chegou até si. O local de produção, a forma de transporte e os gastos de energia associados, são em regra, esquecidos pelos consumidores.

 

Numa perspectiva ecológica, o ideal seria consumir bens produzidos num raio de 50 km do ponto de consumo e evitar transportes pouco eficientes como, por exemplo, o transporte rodoviário de mercadorias.

Contudo, na actual envolvente económica mundial com matérias-primas e bens a viajarem por todo o mundo antes de chegarem ao consumidor final, a procura de matérias-primas ou mesmo produção de bens ao nível local apresenta-se como uma solução pouco económica, e até mesmo utópica tendo em conta os padrões de consumo existentes.

 

É, então, importante reflectir sobre o transporte a usar. O uso de contentores marítimos que facilmente se descarregam e se colocam em linhas ferroviárias que sirvam os mercados de destino seria a opção ecologicamente mais correcta. É aqui que surge um dilema logístico.

Ao nível Europeu, para matérias-primas e bens produzidos na Europa, é comum utilizar-se o transporte rodoviário que em 3 ou 4 dias consegue chegar praticamente a qualquer destino, permitindo tempos de entrega reduzidos e satisfazendo clientes mais exigentes.

O transporte marítimo, demora em regra mais tempo, estando as mercadorias sujeitas às rotas dos navios, e ao tempo de parque nos portos. Apesar de económica e ambientalmente mais vantajoso, o prazo de entrega é afectado, por vezes, em algumas semanas.

O dilema é então: o factor ‘tempo de entrega’ é o mais importante na qualidade do serviço? Ou o modo de transporte usado é considerado quando na procura de um produto ‘verde’.

 

Segundo o Relatório ‘Climate Change And Shipping’ da ECSA (European Community Shipowners' Associations) o transporte rodoviário emite 6.25 mais vezes CO2 que o transporte marítimo e como tal é menos vantajoso do ponto de vista ambiental. Fará então sentido exigir produtos certificados ambientalmente e depois não garantir o seu transporte do modo mais ecológico? Por outro lado, será que os clientes estão dispostos a esperar, ou irão procurar produtos substitutos noutro fornecedor com melhor tempo de entrega?

 

A vantagem competitiva que uma empresa pretende ter com uma imagem e produtos ‘amigos do ambiente’, pode esbarrar no embaraço de não conseguir ser coerente para entregar o produto no tempo ideal.

Talvez a noção de cliente exigente, possa um dia alterar o actual paradigma, e que o nível de serviço não seja medido somente através do tempo de entrega, mas principalmente na forma de entrega. Um cliente mais sofisticado e com percepção do mundo enquanto ecossistema em equilíbrio terá com certeza maior abertura para maiores prazos de entrega sem que isso prejudique o nome do fornecedor.

 

Finalizando, e em forma de opinião, penso que poderá ser também uma oportunidade, certificar os produtos ambientalmente, não só quanto à sua origem, mas também quanto ao seu transporte.

 

 

Fonte:

http://www.ecsa.be/publications/082.pdf

Created By: Bruno Dinis
Published: 20-06-2008 10:31

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