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"Da adversidade promovida pela COVID-19 surgiram projetos pioneiros" refere Nádia Noronha, Diretora Executiva da Tecnosaúde Angola

João Almeida | C24 | Tecnosaúde Angola | Luanda, Angola

Dra. Nádia Noronha

O tempo em que vivemos é de incerteza, dúvida e receio daquilo que virá amanhã. A dimensão que a pandemia alcançou está presente nas preocupações de todos. No entanto, estes tempos de dificuldade geram atitudes resilientes, firmes e eficientes do ponto de vista pessoal e profissional.

É no âmbito de um panorama frágil e cheio de dúvidas, que entrevisto a Dra. Nádia Noronha da entidade onde decorre o meu estágio.

Uma ressalva para referir que a Dra. Nádia Noronha, mestre em Ciências Farmacêuticas, desempenha o cargo de Diretora Executiva da Tecnosaúde Angola e dispõe de experiência profissional em consultoria de gestão, formação e aconselhamento farmacêutico, em ambiente de farmácia comunitária. Assume um papel fulcral na tomada de decisões no que diz respeito a atividades em desenvolvimento e a desenvolver dentro da empresa, assim como na elaboração de projetos em resposta à COVID-19.

A evolução da propagação do vírus SARS-COV-2, agente causador da COVID-19, foi, de certa forma, rápida e silenciosa. De que forma esta mudança repentina impactou o país e a empresa?

É já claro que a crise humanitária provocada pela pandemia da COVID-19 é uma crise sem precedentes que se faz e continuará a fazer sentir tanto na esfera social, como económica de todas as nações do mundo, sendo que Angola não é exceção.

Paralelamente ao declínio económico, os peculiares serviços essenciais de saúde foram também atingidos negativamente devido à redução dos efetivos, o que conduziu ao fornecimento de serviços de forma parcial, bem como à supressão de alguns, tais como a imunização, atendimento pré-natal, aconselhamento sobre planeamento familiar e/ou HIV, entre outros. Estas situações vêm colocar em risco o progresso alcançado no país, durante os últimos anos. Portanto, são inúmeros os desafios que Angola terá de ultrapassar num futuro próximo.

Relativamente à Tecnosaúde, a pandemia também causou uma necessidade urgente de redefinição estratégica, uma vez que se trata de uma empresa de prestação de serviços, nomeadamente na área da Formação, Consultoria e Apoio à Indústria Farmacêutica. Com a rápida evolução de casos na Europa e a previsão antecipada do fecho do espaço aéreo e do surgimento dos primeiros casos em Angola, todos os serviços previstos a título de formação, promoção, rastreios e eventos médicos ficaram suspensos, obrigando a um rápido posicionamento no mercado e à retificação do orçamento inicial previsto.

Quais foram os desafios encontrados logo na origem desta adversidade?

Os desafios encontrados foram essencialmente a nível profissional e pessoal. A nível profissional, a manutenção da saúde empresarial da Tecnosaúde, bem como de todos os postos de trabalho, com a necessidade de inovação urgente e a criação de serviços de valor sustentados e consistentes para apresentação a um target muito específico, como o setor farmacêutico, num mercado ávido de (in) formação, mas com uma enorme debilidade no acesso à era digital. Por outro lado, pessoalmente para mim, que tinha acabado de assumir a direção geral da empresa a 1 de março, catapultou o grau de desafio e exigência a nível das capacidades de gestão, organização e liderança, exigindo uma (re) adaptação brusca (que outrora se adivinhava serena) e rigorosa, com redefinição de determinadas características essenciais, como resiliência, criatividade e proatividade.

Que medidas foram tomadas para fazer frente a este inimigo invisível?

As primeiras medidas tomadas foram a formação geral de toda a equipa no início de março, bem como a implementação do plano de contingência da empresa que tinha como principais objetivos reduzir o risco de contaminação, através da promoção de medidas de saúde pública e/ou individuais; minimizar o risco de transmissão nosocomial da COVID-19 e manter a equipa informada e preparada. Foram implementados novos procedimentos e atribuídas novas responsabilidades aos colaboradores, em função da especificidade de cada quadro. Em simultâneo, foi adquirido material para redução do risco de contaminação, como soluções de base alcoólica, máscaras e termómetros. Posteriormente, adotámos outras medidas preventivas necessárias para garantir a todos os nossos clientes, parceiros e colaboradores, um plano eficaz de Smart Working – com a adoção de novos hábitos de trabalho, aprendizagem e colaboração à distância, que nos permitiu continuar a manter os nossos serviços na sua plenitude, enquanto cuidávamos do bem-estar e da integridade física de todos nós.

Considera que estas medidas, de algum modo, conferem à empresa qualidades de inovação e adaptação face ao panorama hostil que vivemos?

Sim, sem dúvida! Da adversidade promovida pela COVID-19 surgiram quase espontaneamente projetos pioneiros na Tecnosaúde (e em Angola), os Webinars e as Newsletters de apoio às farmácias locais. Mas antes disso, e de mergulhar nos detalhes, o primeiro grande passo nesta mudança foi perceber como o nosso negócio podia continuar a gerar receita de forma remota. Refiro-me à necessidade de avaliar se o negócio podia continuar, com todas as restrições inerentes ao regime de teletrabalho e à não realização de serviços de forma presencial, perceber se os clientes iriam continuar a adjudicar e utilizar os nossos serviços, tendo em conta o contexto socioeconómico, percebendo, essencialmente, qual é a grande necessidade atual do consumidor e se a nossa equipa teria essa capacidade de resposta.

Essa análise foi feita de forma ponderada, rápida, criativa, e bem estruturada, de modo a dar resposta às necessidades do mercado, do negócio e do cliente. Exemplos disso foram os resultados extremamente positivos alcançados com a realização do primeiro Webinar, bem como a forte adesão dos formandos/participantes e o interesse demonstrado pela Indústria Farmacêutica nesta nova forma de atuação e interação atípica (principalmente) no mercado angolano.

Qual será o caminho para regressar à normalidade?

A imprevisibilidade é ainda uma realidade, mas o país e o mundo iniciam agora planos de desconfinamento que preveem um regresso à estabilidade nos próximos meses. Paulatinamente, prevemos o regresso às salas de formação mas, até lá e posteriormente, manteremos os serviços desenvolvidos durante a pandemia ativos e continuaremos com a projeção de novos desafios, adequados à “era pós-COVID” e formatados para uma realidade muito mais digital. Mudámos a nossa forma de estar, aumentámos a nossa notoriedade e (re) aproximámo-nos de clientes e parceiros. Estivemos e estamos juntos neste momento que é de todos.

Imagem de destaque cedida por Dra. Nádia Noronha

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Created By: João Pedro Sanchez Almeida
Published: 03-12-2020 19:23

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