Hugo Antunes
Bial
Panamá
Quando ouvi pela primeira vez o nome Panamá, como destino para os meus próximos 7 meses pouco ou nada me povoava a mente sobre o que iria encontrar. Apenas o seu famoso canal que une os dois oceanos como uma auto-estrada marítima.
Descobri um país cheio das mais magníficas praias, de ilhas de sonho, montanhas, selva, uma grandiosa biodiversidade, de índios que protegem o seu território e a sua cultura e uma cidade marcada pelo boom imobiliário. Neste país pode-se subir a um vulcão e contemplar dois oceanos, pode-se mergulhar com orcas, golfinhos e tartarugas, pode-se passar um dia numa pequena ilha constituída por dez metros de areia e uma palmeira.
A capital é uma cidade que impressiona, com um ski-liner que lembra uma Nova York ou Miami. De perto se vê as marcas da construção desenfreada, com pouco ordenamento territorial, poucos sítios para caminhar, transito caótico e estacionamentos inexistentes.
Uma nova realidade para o povo do Panamá é a subida dos preços da habitação, lançando uma grande parte dele para condições sofríveis enquanto contemplam os grandes arranha-céus de luxo propriedade dos «gringos».
O turismo e a imigração de muitos reformados americanos pressionaram esta construção.
O país é extremamente marcado pela cultura americana: macdonalds, kfc, hooters e subway estão por todo o lado, joga-se beisebol, fala-se muito em inglês ou em «spanglish», utiliza-se como moeda oficial o dolar. Sente-se uma relação amor/ódio entre os dois países. Foram os americanos que construíram o canal, que invadiram o país e que manipularam durante muito tempo a politica existente a seu bel-prazer.
Nesta sociedade, procurar a presença portuguesa é querer encontrar a excepção que confirma a regra. Existe como ex-líbris um restaurante que se chama Portogallo, que une a pouca imigração de volta do futebol e da comida. A Bial, empresa em que me encontro a trabalhar escolheu este país para dirigir as operações na América Latina e Caribe e começa a consolidar a sua dimensão na região. Qual não é o meu espanto ao descobrir por acaso durante um passeio de domingo, inscrito num mural o nome António Galvão.
Português e audaz segundo o mesmo mural, foi o primeiro a sugerir a ideia de rasgar as terras a norte do novo mundo e unir os dois oceanos. A ideia foi apresentada ao imperador Carlos V em 1528 e só em 1914 o canal começou a funcionar. Uma ideia portuguesa com cerca de quatro séculos.
Hoje em dia o país vive do canal, dos serviços bancários, do comércio, do turismo, das indústrias privadas (graças á sua localização privilegiada) e das trocas comerciais. Existe em Colón a segunda maior cidade do país a chamada zona livre de trocas comerciais, a maior do hemisfério oeste.
O futuro passa pela expansão do canal, num investimento de 5 biliões de dólares, que permitirá que navios maiores passem nas comportas e que o tráfego seja mais rápido.
Este país está numa completa expansão, visível a olho nu e sente-se a mudança no ar.
Ainda fora do radar da maioria das empresas portuguesas, talvez seja tempo de olharmos de perto para ele.