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Dois vírus em Braunschweig
Henrique Cruz | C24 | etamax space GmbH | Braunschweig, Alemanha

Estava em Braunschweig já há umas semanas quando se começou a ouvir falar na Covid-19. Pouco tinha aproveitado, até então, para conhecer a cidade, quer de dia, quer de noite. A luta para encontrar um quarto ou um apartamento por 6 meses não estava fácil. Os meus dias de semana eram passados na empresa, e a contactar endereços de anúncios quando chegava a casa, enquanto os fins de semana eram preenchidos a visitar quartos e apartamentos. Nas duas primeiras semanas tive a felicidade de ter a ajuda da minha empresa e, nas duas seguintes, fui para um hotel.

Um mês volvido, eis que finalmente consigo encontrar um quarto: espaçoso, perto do trabalho, numa zona calma. Finalmente desfiz as malas, e já só pensava onde ir nos próximos fins de semana, agora livres para visitar outros sítios. No dia 16 de março quando entrei nesta casa, o pânico da Covid-19 começava a crescer e pouco tempo durou o meu entusiasmo para sair de casa no futuro. Até então, nas minhas viagens de autocarro entre casa, trabalho e visitas a possíveis quartos para morar, encontrava uma cidade com vida, mais até do que esperava. Depois do governo alemão mandar encerrar tudo, a cidade tornou-se bastante deserta. Pouco do que não era essencial estava aberto. As ruas estavam sem gente,  como a foto em cima. Parece (e é) uma foto promocional da beleza de Braunschweig, daquelas que num dia normal seria impossível tirar, sem carros, sem pessoas. Nos dias de confinamento, tirar uma foto destas não era difícil. Podia ter sido eu, num dos dias em que a minha visita ao centro era obrigatória para renovar o passe do autocarro, mas não sou muito de tirar fotos.

Os meus dias continuaram os mesmos, tirando a parte de arranjar quarto. Casa-trabalho, pouco mais para fazer, pouco mais onde ir. Pelo menos ainda dava para sair de casa, ir à empresa que, apesar de ter muitas pessoas em teletrabalho ainda nos permitia ir ao escritório - nós, os cinco ou seis gatos pingados que ainda lá apareciam, eu incluído. Mas eis que chegou a páscoa.

Precisamente no último dia de trabalho antes do fim de semana prolongado da Páscoa, cheguei à empresa e notei mais gente do que o habitual. Ligo o computador e não tenho internet, mas como as minhas tarefas para esse dia eram offline estava tudo bem. Notava-se uma certa inquietude em alguns dos meus colegas e chefes. Chegado o final do dia, fui para casa, pronto para usufruir de um fim de semana de 4 dias - passados em casa. Na terça-feira seguinte, entrei na empresa e um dos meus colegas estava sentado na secretária a olhar para os monitores desligados. Perguntei-lhe o que se passava, respondeu-me que não era suposto ligarmos os computadores e que estava à espera de mais informação. Entretanto, o meu chefe informou-nos de que não havia condições para trabalharmos na empresa porque o grupo ao qual a empresa pertence teria sido alvo de um ataque informático, desconhecendo-se ainda, se havíamos sido afetados. Múltiplos serviços que diariamente usávamos na empresa eram do grupo, o que aumentava as probabilidades de também termos sido alvo.

Na empresa, este ataque ficou conhecido como “Covid-2”, o segundo vírus a afetar-nos, este último muito mais debilitante. Até então o “Covid-1” pouco se tinha feito notar na produtividade da empresa. Muitos colegas estavam em casa, sim, mas poucos dependiam do escritório para serem produtivos. Já o “COVID-2” incapacitou tudo o que diariamente usávamos. Mail, skype, ficheiros/dados que possivelmente estariam infetados. Tudo foi posto on hold. Uma nova infraestrutura teve que ser montada para, temporariamente, podermos voltar ao trabalho.

Não voltei  à empresa durante algumas semanas. Trabalhei de casa em tarefas que podia fazer a partir do meu computador. Uma vez fui requisitado para fazer uma viagem de 900 quilómetros para entregar portáteis "limpos" e trazer portáteis possivelmente infetados de um dos escritórios da empresa em Zittau, já perto da fronteira com a República Checa. Era uma benção em disfarce este “COVID-2”, pela primeira vez saí de Braunschweig e vi um pouco da Alemanha, e que bonitas paisagens eram os campos carregados de flores à chegada a Zittau!

Imagem de destaque: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/00/Braunschweig_Altstadtmarkt_Brunnen.jpg

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Created By: Henrique Almeida Andrade de Castro Cruz
Published: 18-08-2020 19:47

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