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Ciclone Idaí - À medida que os apelos, alertas e imagens foram transmitidos, o melhor da humanidade revelou-se
Barbara Torres Mota | C23 | Mozambique Good Trade | Maputo | Moçambique

 

Muito se tem dito sobre as redes sociais, os meios digitais e o seu papel crucial no que diz respeito à lacuna que vai sendo deixada pelos media tradicionais. Felizmente, no meio da desinformação e propagandas falaciosas, onde nem sempre há verificação de conteúdos, a tecnologia continua a alterar a forma como reagimos a emergências, fornecendo informações a nível global, chegando às pessoas afetadas e, em última análise, salvando vidas.

 

Este foi o ano em que Moçambique, Zimbabué e Malawi foram atingidos pela sua pior crise humanitária de que há memória, à passagem do ciclone Idaí, que chegou na noite de 14 de março, com ventos de 190 km/h. A Beira, a segunda maior cidade de Moçambique, país em que me encontro a estagiar, com quase meio milhão de habitantes, foi a mais sovada por este ciclone, decretado como emergência nacional da República. A descida das águas foi revelando, dia após dia, o cenário de pós-apocalipse:

 

Foram 62 153 as casas que caíram, 34 139 as parcialmente destruídas e 15 784 as inundadas, bairros sem esgotos, água canalizada, luz ou comunicações. Mais de 760 vidas perdidas no total dos três países. Para além das consequências colaterais deste desastre natural, como as doenças transmitidas pela água, bactérias e mosquitos – surtos de gastroenterite viral, hepatites, febre tifoide, malária e cólera –, previa-se uma longa jornada de apoio ao “celeiro de Moçambique” que tinha sido destruído. Pouco mais de um mês depois, a tempestade tropical Kenneth atingiu a cidade de Pemba, novamente em território moçambicano.

 

Com tecnologias digitais como drones e o GIS (Geographic Information System) foi possível mapear a destruição, em tempo real e com alta resolução, encontrar pessoas desaparecidas ou em campos de deslocados onde só se chegava de helicóptero. Sendo que a passagem do Idaí inundou uma área de cerca de 1300 quilómetros quadrados, apenas em Moçambique, dados como este permitiram que se desenvolvessem planos de resposta mais direcionados. A Cruz Vermelha lançou o apelo à doação de 8,8 milhões de euros para apoiar cerca de 75 mil pessoas afetadas no centro de Moçambique.

 

No entanto, foram as redes sociais o grande centro de partilha da avalanche de ajuda que veio de todo o mundo. Através da partilha de alertas de emergência, locais de recolha de alimentos, eventos, pontos de doação, campanhas de crowdfunding, pagamentos e transferências eletrónicos ou até pela denúncia do que ia correndo menos bem, esta foi uma das mais eficientes e eficazes formas de resposta humanitária e de conexão social.

 

A Unicef e a Cruz Vermelha não tardaram em abrir as suas linhas de apoio a todo o mundo nas suas páginas oficiais, para a obtenção de donativos para os seus fundos de emergência. Associações de todo o mundo agilizaram-se em campanhas de recolha e entrega de donativos. Já em Maputo, pude seguir a Associação Portuguesa de Moçambique que, através da campanha SOS Moçambique, contou com mais de uma centena de voluntários em Portugal e em Moçambique e 104 toneladas de donativos, graças à ajuda do digital na partilha de cartazes, instruções sobre o que doar, divulgação de pontos de recolha e de notícias. A todo o momento foi possível acompanhar, tanto nas páginas das associações como na das ONGs, as fotos dos voluntários, dos contentores de donativos no Porto de Maputo e da respetiva distribuição na Beira.

 

O Facebook Safety Check foi ativado e permitiu que muitos dos moradores na Beira pudessem “marcar-se” como seguros e rapidamente enviar uma notificação à família e amigos. Foram também, através do Facebook e do Twitter, partilhados vídeos e fotos amadores dos cidadãos e dos voluntários, que foram mostrando ao mundo a realidade do seu próprio olhar.

 

À medida que os apelos, alertas e imagens foram transmitidos, o melhor da humanidade pode ser visto, mesmo através dos meios de natureza orgânica e não oficial, como as redes sociais. Mais do que “sinos e assobios”, foram muitas  as formas da tecnologia e as plataformas digitais, efetivamente, permitiram que o mundo se unisse em assistência.

 

Imagem de destaque: Bárbara Mota

 

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Created By: Bárbara Torres Mota
Published: 29-08-2019 12:38

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