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Crónica das minhas primeiras horas em Casablanca

David Branco | C23 | Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Portugal em Marrocos | Casablanca, Marrocos

Chegada a Casablanca

A despedida no aeroporto foi uma desgraça, claro, mas no avião até dormi um bocadinho (embora seja verdade que tenho tendência para o fazer quando estou nervoso). Comi um pouco do glúten (sou celíaco, mas posso comer uma pizza de vez em quando) que me deram e achei o iogurte de pistacho suave. Aterrei. Há setas no chão, não tive de andar de autocarro, ainda não cheirei nada nem senti humidade ou vento. Tinham-me dito que era possível que me dessem, dentro do avião, um formulário para entregar no controlo de passaportes, mas isso não aconteceu. Fui para a fila e liguei o wi-fi que funciona bem e falei com entes queridos, como se tivesse passado mais do que hora e meia.

Ok, a pessoa que me ia buscar não viu as minhas mensagens no zapzap. Algumas pessoas perguntaram-me se queria um táxi e toda a gente percebeu que estou fora de água. Estava sol, tal como em Lisboa. Há mais palmeiras, sim, e há hujub. O ar é agradável e parecido. Liguei à Yasmine e encontrei-a. Estava grávida (correu tudo bem, visitei-a na clínica mais tarde). Fomos para o táxi. Era uma carrinha (os grand taxis são todos assim); a suspensão estava deslocada. Fomos estrategicamente no meio da faixa para que pudéssemos ultrapassar quem quer que fosse e os outros condutores fizeram o mesmo. Não conversámos muito. Há eucaliptos, a terra é apenas um pouco mais vermelha.

Não foi difícil encontrar o hotel, ao contrário do que dizia uma crítica online. Saí e combinámos que se eu precisasse de alguma coisa, ligava-lhe. Eram cerca de três da tarde. Entrei no hotel e perguntei se falavam inglês. Disseram-me que não, mas chamou um rapaz – mais jovem que eu – que estava no sofá. Disse que apreciava o Cristiano Ronaldo e que estava tudo tratado. Enfiou as malas num elevador e subi com ele. Pareceu surpreso por eu o ajudar com a bagagem. É um hotel pequeno, mas asseado, decorado de forma semi-moderna, zero marroquina e pertíssimo do centro.

Saí pouco depois, precisava de comprar champô e mais umas coisas que decidi não trazer por poder encontrá-las em qualquer supermercado. Fui levantar dinheiro ao banco mais próximo e para minha surpresa paguei taxas (o único banco onde não pago taxas com este cartão Revolut é o BMCI, sendo que há bastantes caixas). Fi-lo de forma um pouco desconfiada as primeiras vezes. Nas minhas costas, talvez a quinhentos metros, há uma catedral que já sabia estar fechada desde a independência. Há uma outra igreja católica, bastante grande, na cidade. Recebe essencialmente os imigrantes da África Ocidental. Levanto cem dirhams e vou ao minimercado mais próximo - uma loja um bocado escura. Não tem o que procuro, pego numa garrafa de água, o homem atrás do balcão pergunta-me se não tenho moedas e sorri dizendo que não tem troco.

Vou visitar a praça que há nas imediações. Tem muitos pombos, uma fonte a funcionar com carregado cheiro a cloro, as pessoas estão sentadas em bancos de pedra e procuram a sombra, há carrinhos elétricos para os miúdos, está cercada por edifícios estatais, que são imponentes e delicados como, de resto, sempre me parece a arquitetura islâmica. Está quase terminado um grande teatro, esse sim, completamente moderno. Uma daquelas obras que vai estar em frigoríficos pelo mundo (embora não haja muitos turistas em Casablanca).

Sigo para o parque da Liga Árabe que fica mesmo ao lado. As árvores estão razoavelmente grandes, mas são, sem dúvida, recentes. Passo um portão em ferro e o chão é parecido com o de Serralves.

Faço algum tempo no hotel, exploro os canais na TV, saio para jantar. Há diversos sítios com frango a assar num aparelho alto com várias barras horizontais e outra carne num mostrador. Há um sítio chamado Restinga, mas está fechado. Escolho um, que tem duas mesas no passeio. Uma rapariga simpática traz-me o menu. Depois de escolher traz-me de entrada, o que vim a saber que é uma sobremesa. Soube-me muito bem, tanto o gesto acolhedor como o doce em si. Por azar, a carne que escolhi era um tanto picante.

Fui dormir: «amanhã tenho mais tempo» pensei.

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Created By: David Filipe Loureiro Branco
Published: 30-08-2019 16:55

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