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O impacto das fake news

Diana Roque | C22 | JAC Lawyers | Macau, China

A jornalista Olga Turkova afirmou que “se uma história é demasiadamente emocionante ou dramática, provavelmente não é real. A verdade é geralmente entediante”. A meu ver, o sucesso das fake news prende-se precisamente com o facto de serem mais emocionantes do que a realidade.

Quantas vezes encontramos nas redes sociais “notícias” aberrantes que nos ficam na mente durante o resto do dia? Quem consegue ficar indiferente à “notícia” de um caçador que faleceu após ter dado um tiro a um elefante e este ter caído em cima dele?

Sabemos que as fake news sempre estiveram presentes na nossa cultura, a novidade é justamente a dimensão que agora alcançam.

Basta recordar os títulos habituais de algumas revistas cor-de-rosa que nos faziam parar e sorrir nas bancas. Contudo, a grande diferença é que já partíamos para a leitura dessas revistas com um olhar cético, de quem sabe que não pode acreditar verdadeiramente naquilo que lê. Seremos capazes de fazer esse mesmo exercício quando são publicadas fake news nos jornais de referência e manter uma posição crítica? E quando têm carácter político?

É do senso comum que a era da Internet veio amplificar a disseminação de notícias falsas. Da noite para o dia, a função/poder de informar, que outrora se concentrava num grupo restrito e vinculado a regulamentação própria, como é o caso dos jornalistas, passou a ser uma prerrogativa de qualquer pessoa com acesso à Internet, tanto para as camadas mais informadas como para as mais desinformadas, que ao alcance de um clique têm uma visibilidade que até então não existia.

Não obstante as inúmeras vantagens que advieram com o seu uso, conseguimos facilmente compreender que uma das suas maiores vantagens/desvantagens, é precisamente o poder que nos dá de difundir a nossa interpretação de determinados assuntos ou impingir a nossa opinião a leitores mais sensíveis.

Apesar do impacto que tudo isto tem nas fake news, a verdade é que, a internet ou as redes sociais - não inventaram os rumores existentes. Boatos e mentiras sempre existiram, e falar num mundo de desinformação também já não nos traz grande novidade, a par do seu reconhecimento como uma possível super potência no mundo da informação.

A pergunta que agora impera é: o que fez as fake news serem eleitas a “palavra do ano” em 2017?

Este tema começou a ganhar maior relevo em 2016, quando se tornou público que havia uma corrente de informações falsas com sede na cidade de Veles, da autoria de um grupo de jovens que as criou aquando da campanha eleitoral americana, com o objetivo de atrair mais visualizações ao seu site e, consequentemente, ganhar dinheiro com publicidade.

Desde então, o Presidente Donald Trump em muito tem contribuído para a difusão desse conceito, que agora é usado para definir todo o tipo de conteúdo que esteja descontextualizado, usado de forma incorreta ou injuriosamente ou, simplesmente, utilizado quando a pessoa visada numa notícia não gosta do que publicam sobre ela.

Na verdade, o que mudou foi as fake news deixaram de ser apenas sobre histórias aleatórias ou quotidianas, com reduzido impacto nas nossas vidas, para passarem a versar sobre temas de política e atualidade, podendo facilmente influenciar ou condicionar a nossa opinião e percepção do que se passa à nossa volta.

A este propósito, veja-se o que se passas na Ásia: as eleições na Indonésia, em que o governador Basuki Tjahaja foi acusado de blasfémia, numa tentativa falhada de influenciar eleitores; a crise Rohingya, no Myanmar, que levou a que as Nações Unidas tivessem alertado para situações de desrespeito pelos Direitos Humanos, que o governo prontamente negou; a guerra contra as drogas, nas Filipinas, em que o presidente contratou “trolls” que atacam os seus críticos online, e fez passar propaganda política como notícias verdadeiras.

Mas nem tudo o que se passa na Ásia em relação às fake news é mau. Veja-se, a este propósito, que Macau ao fazer uma revisão legislativa com o objetivo de reforçar a consciencialização e coordenação perante desastres, criou o crime de falso alarme social que pune quem “após a declaração do estado de prevenção imediata, emita, propague, ou faça propagar boatos ou rumores”.

Posto isto, sabemos ser dever dos jornalistas ter cuidado na redação das notícias e na verificação das suas fontes, mas também sobre nós, cidadãos, recai o ónus de ter um papel interventivo no combate às famosas fake news, e desinformação, em geral.

Created By: Diana Filipa Guimarães Fidalgo Roque
Published: 02-04-2019 17:55

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