Skip to main content
   
   
Go Search
Extranet InovContacto
  

Extranet InovContacto > Visão Contacto > Posts > Recursos ambientais e ordenamento urbano
Recursos ambientais e ordenamento urbano

Marta Vieira | C22 | Asales | Cidade do México, México

A Cidade do México é a capital do México, sendo considerada, com a sua respetiva área metropolitana, a 7ª maior cidade do mundo, com um total de 21 milhões 157 mil habitantes de acordo com o The World’s Cities Report emitido pelas Nações Unidas em 2016.

A Cidade do México também conhecida por CDMX é uma das mega cidades – cidades que são constituídas por mais de 10 milhões de habitantes – cuja previsão é continuar a crescer tendo até 2030 um aumento de 2 milhões 708 mil habitantes.

Como tal, visto que se trata de uma das cidades mais populosas do mundo, é possível afirmar que a escala, tanto na cidade como no país, é diferente, tendo tudo outra dimensão. A CDMX é uma cidade enorme, caótica e enérgica, onde existe uma grande concentração de pessoas, ideias e atividades económicas. Sendo, consequentemente, um importante centro económico e de negócios, cultural e de transporte. Como tal, tem um enorme potencial, mas também diversos desafios a enfrentar todos os dias, relativamente a questões de planeamento a longo prazo que representam fortes riscos para a cidade.

A tendência é para que continue a existir um crescimento desmesurado da população. Assim, nos dias de hoje a Cidade do México enfrenta um problema de sobrepopulação que irá continuar a existir no futuro. Consequentemente, as suas áreas urbanas têm vindo a expandir-se de forma desequilibrada. Aproximadamente, quase um quarto da população total do país vive na CDMX e nas áreas à sua volta.

A Cidade do México enfrenta vários desafios, tanto a nível económico e social, como a nível ambiental, inerentes à questão da sobrepopulação, que são acentuados pelas desigualdades sociais e falta de infraestruturas adequadas para responder às necessidades de uma mega cidade.

Assim, este rápido e desmesurado crescimento populacional aliado à distribuição desproporcional da população, ao consumo dos recursos naturais e à exploração dos mesmos, executa uma forte imposição sobre o ambiente e os seus recursos naturais.

Durante vários anos, os problemas ambientais, consequência das diversas atividades económicas nos recursos naturais, foram fortemente ignorados à custa do desenvolvimento económico e social do país.

No entanto, houve uma mudança do mindset, existindo, atualmente, uma maior consciencialização relativamente às consequências negativas, económicas e sociais, do desgaste ambiental e sobre-exploração dos meios naturais de forma insustentável. De maneira que a proteção dos recursos naturais e biodiversidade faz parte dos objetivos para a cidade.

Paralelamente, um desafio visível na CDMX é a mobilidade. É notável existir um elevado número de veículos automóveis em circulação todos os dias, fazendo com que haja muito trânsito, assim como muitas emissões de poluentes, o que tem um impacto na qualidade do ar e poluição atmosférica – um importante combate ambiental que a cidade enfrenta.

Para além disso, existe um grande défice em infraestruturas básicas, como a rede de transportes públicos. Apesar de serem fortemente subsidiados pelo Estado, são providenciados pela autoridade da cidade, pelos governos de estados adjacentes e por mais de 50 autoridades locais com coordenação mínima.

O governo tem vindo a implementar diversas medidas e programas ambientais para combater a poluição e melhorar a qualidade do ar. De tal forma que uma delas - Hoy No Circula - foi limitar o número de carros que podem circular nas estradas em dias específicos, de acordo com o número da matrícula.

No entanto, grande parte da população com maior poder de compra, simplesmente resolveu comprar mais um carro para se deslocar e utilizar nos restantes dias.

O governo focou-se também em realocar indústrias mais poluentes fora da cidade e investiu também em vias para bicicletas e numa extensa rede de bicicletas partilhadas pela CDMX. Por apenas €18 anuais é possível a pessoa deslocar-se de bicicleta pela cidade, e cerca de 3% da população utiliza este transporte todos os dias para ir para o trabalho.

Contudo, apesar da poluição por dióxido de enxofre ter diminuído bastante, é necessário continuar com estes esforços, pois com mais de 5,5 milhões de automóveis na cidade, não é surpresa que uma grande parte da mortalidade ainda seja devida aos riscos de saúde causados pela fraca qualidade do ar.

Outros sérios desafios ambientais que a Cidade do México enfrenta, estão relacionados com a água. Existe uma dificuldade de abastecimento de água para a população devido à elevada necessidade da mesma. A água nem sempre é potável e não chega a todas as famílias.

Uma grande parte do abastecimento de água, aproximadamente 70%, provém da exploração dos aquíferos e o restante de aquíferos sob explorados.

Esta sobre-exploração das fontes de fornecimento de água tem vindo a aumentar ao longo dos anos, o que afeta não só a quantidade de água disponível, como também a sua qualidade. Estamos pois diante de uma constante degradação dos aquíferos locais e regionais, que daqui a 20 a 30 anos pode afetar seriamente o abastecimento de água para a cidade.

Para além disso, a cidade enfrenta vários outros desafios, tais como o uso ineficiente de água, a descarga das águas residuais de forma ilegal, os riscos de saúde devido ao fraco tratamento das águas, o abatimento do solo e o risco de inundações.

A Cidade do México está extremamente vulnerável a catástrofes naturais (sismos, inundações, ciclones, erupções vulcânicas). A maior parte da sua área urbana foi construída sobre um lago, o que contribui para um (ainda mais alto) risco de exposição a catástrofes naturais, especialmente no caso de terramotos, tendo consequências mais agravadas.

A cidade está, também, mais vulnerável a perdas económicas e a elevadas taxas de mortalidade como consequência das catástrofes naturais.

Ao longo dos anos, o governo tem implementado diversas medidas, de forma a diminuir os impactos em caso de catástrofes. No entanto, é impossível reduzir totalmente esses impactos. Foi o caso do terramoto de Setembro de 2017, que provocou mais de 220 mortes e certas áreas da cidade foram visivelmente mais afetadas do que outras.

Vários estudos têm vindo a ser realizados, onde foi possível identificar as zonas da cidade que têm uma maior probabilidade de sofrer mais riscos com catástrofes naturais. Esses resultados podem ser utilizados para propor um plano de ordenamento do território evitando o crescimento de áreas urbanas em zonas de alto risco.

Para além disso, o México é sem dúvida um país marcado pela pobreza e extrema desigualdade. Apesar de nos últimos anos ter vindo a combater esta desigualdade, em 2016 de acordo com o Banco Mundial, ainda fazia parte do Top 10 Ranking dos países mais desiguais do mundo, com um alto Coeficiente de Gini (indicador de desigualdade na distribuição de rendimento).

Consequentemente, a sua capital não é exceção. Sem qualquer dúvida trata-se de uma cidade de contrastes. Ao longo dos anos tem havido uma significativa redução dos níveis de pobreza na CDMX.

No entanto, as áreas urbanas são ainda marcadas por uma forte desigualdade, dado que a classe média se tem expandido mas, ainda grande parte da população, vive em situações precárias.

A procura de alojamento é elevada devido ao enorme número de habitantes. No entanto, a diferença entre colonias (bairros) é muito visível, variando drasticamente de acordo com condições socioeconómicas. Assim, existem colonias extremamente luxuosas, onde existe todo o tipo de benefícios e de oferta de serviços de países desenvolvidos, e bairros intermináveis de favelas com fracas infraestruturas onde falta água potável, alojamento adequado, eletricidade e sistemas de esgotos.

Estas desigualdades sociais também têm um impacto em caso de desastres naturais, estando as comunidades mais vulneráveis em maior risco.

O governo tem vindo a trabalhar no programa de planeamento urbano, no sentido de aumentar a resiliência de infraestruturas críticas – capacidade para preparar, responder e recuperar, em caso de catástrofes naturais. Desta forma, tem-se focado principalmente em fornecer o acesso a alojamento para as comunidades mais vulneráveis; não aumentar a construção ilegal em áreas de risco; e desenvolver um plano para realocar essas comunidades em caso de uma catástrofe natural.

Nos últimos anos, importantes inovações urbanas na Cidade do México têm-se verificado, tentando combater os desafios que a cidade enfrenta, relativamente à questão da sobrepopulação, com impacto a nível dos recursos naturais e ordenamento do território, demonstrando que uma mudança real é possível, se institucionalmente suportada e criativamente desenhada para o planeamento do território.

Created By: Marta Frazão Ucha de Vidigal Vieira
Published: 28-03-2019 18:28

Comments

There are no comments yet for this post.

 ‭(Hidden)‬ Content Editor Web Part ‭[2]‬

Visão Contacto