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"Eu acho que o pior é o sentimento de incerteza do que vai acontecer a seguir"

Dany Oliveira | C21 | The World Bank Group | Washington DC, EUA

Estados Unidos da América: cinquenta estados, um distrito federal, 240 anos de história e uma população de 300 milhões de habitantes. Mais de 9 milhões km² de área fazem dos Estados Unidos o quarto maior país do mundo, sendo considerado uma das nações mais poderosas.

O mundo tem mais paz e prosperidade quando a América é mais forte”, disse o Presidente Donald Trump. Potência militar, terra dos sonhos e das oportunidades e “the free world” são algumas das conotações atribuídas aos Estados Unidos.

Washington D.C., capital do país representa a multiculturalidade na sua plenitude, tendo mais de 177 países – são considerados 193 pela ONU – com embaixada representada na capital norte americana. Esta representatividade demonstra a abrangência e diversidade cultural presente no país.

Casa Branca Washington DC

Casa Branca Washington DC

>George Washington foi o primeiro presidente da federação mais antiga do mundo, datada de 4 de Março de 1789. Após 43 presidentes, os Estados Unidos da América viram Donald Trump assumir o mais alto cargo político americano. “Dear God, America what have you done?”, podia ler-se na capa do The Telegraph no dia seguinte à eleição. Um dos países mais multiculturais e aberto às fronteiras acabava de eleger um dos presidentes com as ideias mais severas em relação à entrada de estrangeiros no país.

Após várias promessas nas campanhas do presidente eleito, chegava a principal medida de combates a cidadãos ilegais. No dia 27 de Janeiro de 2017, Donald Trump assinava um documento intitulado: Proteger a nação da entrada do terrorista estrangeiro para os Estados Unidos.

Um documento que visava combater a entrada de cidadãos estrangeiros ilegais nos Estados Unidos, em conformidade com a Constituição e as leis dos Estados Unidos da América, incluindo a Lei de Imigração e Nacionalidade (INA), 8 U.S.C. 1101 et seq., E seção 301 do título 3, Código dos Estados Unidos.

Volvidos 6 meses da emissão do documento, e depois da primeira versão ter sido revogada pelos tribunais federais, Trump emitiu uma nova versão. Desta feita, o Supremo permitiu a sua implementação, embora de forma limitada. No dia 29 de Julho de 2017, cidadãos que não cumprissem as regras implementadas, seriam banidos por 90 dias, como podia ler-se no USA Today.

Nesse mesmo documento, vulgarmente conhecido como travel ban, a Casa Branca delineava novos critérios a aplicar a cidadãos de países de maioria muçulmana (Irão, da Líbia, da Síria, da Somália, do Sudão e do Iémen) e a todos os refugiados que procurassem asilo nos Estados Unidos, que apenas cidadãos com "laços próximos" ao país, quer familiares, quer laborais, seriam autorizadas a entrar.

“Relativamente a isso, sei que é extremamente difícil voltar a entrar nos EUA mesmo para pessoas que têm vistos legais. Isto aplica-se a quem já está aqui, legal e não é de um dos 7 países que a administração quer banir”, confidencia uma cidadã portuguesa que se encontra há 4 anos a viver nos Estados Unidos e que pediu para não ser identificada.

A Administração Trump tem sido um dos mais agressivos executivos no que toca à entrada de cidadãos de outros países na América. Mas, afinal de que forma estas políticas afetam os portugueses a viver nos Estados Unidos?

PAPS DC, Portugueses em Washington DC

PAPS DC, Portugueses em Washington DC

A apreensão é geral, denotando-se um cuidado maior por parte de cidadãos estrangeiros em querer estar dentro da lei: “Nunca sabemos o que vai acontecer. A chegada de Trump trouxe mais instabilidade à nossa vida”, diz Clara Sousa, que chegou há 8 meses ao país.

O mesmo sentimento é partilhado por uma investigadora portuguesa - que pediu para não ser identificada e que se encontra prestes a obter residência nos Estados Unidos: “Estou, obviamente, revoltada com o sentimento anti-emigrantes, mesmo que para mim, enquanto portuguesa ainda não me tenha afetado. Nem a mim, nem a outros portugueses que conheço”. Confidenciando: "Felizmente só conheço americanos com cabeça em cima dos ombros."

Após 6 meses de implementação do decreto anti-imigração, o USA Today alertava para a possibilidade de a Administração Trump poder aplicar uma "revisão dos procedimentos antiterroristas utilizados para pesquisar viajantes de todos os países, e isso poderia levar mais restrições de viagem a um maior número de países."

O país das oportunidades conhece hoje, mais do que nunca, severas medidas de entrada. O New York Times afirma que as novas diretrizes deixam claro que alguém que aceitou uma oferta de trabalho de uma empresa nos Estados Unidos ou um convite para integrar uma palestra numa universidade americana poderá entrar, mas que um grupo sem fins lucrativos não pode procurar cidadãos dos países mencionados na lei, enquanto clientes com o objetivo de contornar a proibição.

Paula Alves Silva é jornalista no World Bank Group há 3 anos e encontra-se familiarizada com o ambiente multicultural de uma organização internacional. Mas apesar de Trump ter chegado há pouco tempo, já existem diferenças, segundo a portuense: “Para além do impacto pessoal que a Presidência Trump representa – tensão racial, social e política, há também um impacto profissional provocado pelo aperto das leis de emigração.”

"Apesar de ter sido estabelecido há poucos anos que os consultores estrangeiros tinham de abandonar os EUA a cada 90 dias, nunca houve, de facto, uma efetiva implementação da lei. Infelizmente esta lei foi agora efetivada com a governação de Trump, uma lei que não nos considera residentes efetivos apesar de vivermos e trabalharmos neste pais", conta Paula Alves Silva, mostrando que existem condições que estão a mudar para os cidadãos portugueses a residir nos Estados Unidos.

Estados Unidos da América: Estará o país a mudar? - Washington Monument, em WDC

Estados Unidos da América: Estará o país a mudar? - Washington Monument, em WDC

Segundo o Community Census of the United Stated realizado em 2008, encontram-se 1 426 121 cidadãos de ascendência portuguesa nos Estados Unidos, representando 0,5% da população global.

"Eu acho que o pior é o sentimento de incerteza do que vai acontecer a seguir" refere uma investigadora no NIH em Bethesda, que preferiu manter o seu nome em segredo, mostrando a sua preocupação com o futuro.

O sentimento de revolta, apreensão e frustração está bem presente na mente de muitos portugueses, pois uma medida do executivo pode mudar por completo o decurso das suas vidas.

Created By: Dany Manuel Fernandes Oliveira
Published: 05-12-2017 11:15

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