A Raia, ou La Raya em castelhano, é a linha física que separa Portugal e Espanha ao longo de 1214 km de extensão. Sendo a fronteira mais antiga da Europa e uma das mais antigas do Mundo, datada de 1143, "é hoje um espaço de circulação livre e é o espaço de referência de centenas de milhares de pessoas, na sua vida quotidiana" (Santos Silva in Diário de Notícias 2017).
Para este autor, a Raia é como "um diamante por lapidar" que merece "maior atenção" política e incentivos económicos, sublinhando no entanto a crescente proximidade de posições das autoridades portuguesas e espanholas.
Existe “uma clara complementaridade de mercados entre os dois países ibéricos, mas as aptidões e a qualidade do mercado português continuam desconhecidas em Espanha”. (Madeira Rodrigues in Popular Empresas 2017), sendo por isso necessário que as empresas portuguesas se preparem para entrar num mercado bastante competitivo e agressivo (Luís Moura in Popular Empresas 2017).
Segundo José Maria Rasquilha, o segredo de penetração em mercados de grande competitividade e de elevado grau de exigência consiste na especialização e nichos de mercado (Popular Empresas 2017). Igualmente o preço, a inovação, a diversificação em nichos e o bom serviço serão as bases necessárias para obter sucesso no mercado espanhol (AICEP 2016).
Vejamos o caso dos Bens de consumo, essencialmente têxteis e confeção e calçado, que representam 18% dos principais grupos de produtos importados por Espanha (AICEP 2016).
Em 2014, a contribuição deste setor da economia espanhola foi de 2,8% e no âmbito industrial, a moda representa 8,6% do emprego e 18,7% do setor da distribuição (grosso e retalho). Por outro lado, a indústria da moda é responsável por 8,4% do total de exportações e por 8,9% das importações espanholas.
Enquanto fornecedor de Espanha, Portugal ocupa a 5ª posição no setor têxtil-confeção, verificando-se um maior interesse em encontrar no nosso país fornecedores de proximidade e fabricantes de séries mais curtas, e de produtos de nichos mais específicos (AICEP 2016).
O cluster transfronteiriço do setor têxtil, que contempla as regiões do Norte de Portugal e da Galiza, é atualmente um exemplo de complementaridade e de integração difícil de replicar, não só em outras regiões do país, como em todo o mundo (Público 2016).
Segundo o presidente da Associação Têxtil e do Vestuário de Portugal, as exportações portuguesas no têxtil já ultrapassaram, em 2014, os 1,5 mil milhões de euros para Espanha, sendo que mais de 66% foi para a Galiza e em especial para o Grupo Inditex (GNPAECT).
O grupo de moda Inditex continua a crescer nos mercados internacionais. Portugal tem captado uma parte importante da produção das coleções deste grupo, tendo em conta a importância que a proximidade geográfica e a logística têm para a Inditex. (AICEP 2016).
Se, por um lado, a Galiza se especializou na venda ao cliente final (Business to Consumer) arrastada pelo fenómeno Inditex, por outro, o Norte de Portugal especializou-se na venda ao segmento empresarial (Business to Business), diferenciado por respostas rápidas e eficientes e por matérias-primas e confeção especializadas de qualidade (Público 2016).
Tal foi possível através de uma organização integrada no lado português, e de competências de recursos humanos que se refletem na diferenciação dos produtos pela sua qualidade e inovação.
O desafio seguinte consiste na aposta do mercado digital num trabalho mais exaustivo na angariação de jovens empreendedores para o setor téxtil (Paulo Vaz in Público 2016), que permita a Portugal continuar a ganhar com a aposta na complementaridade e sinergias entre o nosso país e o país vizinho.
Bibliografia
http://www.dn.pt/lusa/interior/mne-portugues-diz-que-raia-de-portugal-e-espanha-e-diamante-por-lapidar-8500598.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fronteira_Espanha-Portugal
http://www.popularempresaseconomiaiberica.pt/portugalaindailustredesconhecidoespanha
http://www.revista.portugalglobal.pt/AICEP/Documentos/FMEspanha/
http://www.gnpaect.eu/pt/comunicacao/imprensa/noticias/empresariosgalegosdotextilaplaudemproducaoportuguesav
https://www.publico.pt/2016/04/08/economia/noticia/clustertransfronteiricodotextilecasodesucessointernacional1728429