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Reconhecimento internacional dos Vinhos portugueses

José Francisco Almeida Teixeira Coutinho | C21 | Paulo Laureano Vinus | Maputo, Moçambique

Nas prateleiras dos supermercados moçambicanos existem tanto vinhos sul-africanos, como vinhos portugueses, franceses e até mesmo chilenos.

Através da integração no programa Inov Contacto, tive a oportunidade de experienciar de perto uma nova realidade, um panorama único a nível cultural, social e económico como é o caso de Moçambique.

Vim para Maputo há cerca de 5 meses para integrar o departamento comercial e de marketing da Paulo Laureano Vinus, representada em Moçambique pela Sociedade Comercial de Moçambique (SCM). Diga-se de passagem que, para um jovem licenciado em jornalismo, apreciador de vinhos mas não entendedor, vir para Moçambique promover uma indústria que atualmente está em destaque, como é o caso dos vinhos, significava para mim um conjunto de desafios aos quais não sabia se iria conseguir dar resposta.

Ao longo dos últimos anos temos vindo assistir a um reconhecimento internacional dos vinhos portugueses. Em 2015 Portugal era o “nono maior exportador de vinho mundial em valor” (in Expresso) com a quarta maior “superfície vinícola da Europa”, cerca de 217 mil hectares, definindo a produção vinícola como um dos “clusters” nacionais mais promissores, a par da cortiça e do azeite.

O investimento no estrangeiro por parte dos empresários vinícolas é essencial para a promoção do vinho português e para que este ganhe a sua quota-parte do mercado. E o vinho português tem duas caraterísticas que o destacam a nível global. Como costuma dizer o Paulo Laureano: “Vinhos são ótimos contadores de histórias” e, não há dúvida de que os nossos vinhos têm muitas para contar.

Em África, por exemplo, o comércio de vinho português remonta ao ano de 1518 onde “registava-se a receita até então inédita da venda de vinho em Sofala (Província de Moçambique)” (in Vinho para o preto).

Qualidade: O vinho português consegue ter tanta qualidade como um vinho francês, a um preço bem mais acessível mas, por outro lado, poderá não ter um volume como uma produção sul-africana.

No mercado moçambicano, mais concretamente em Maputo, facilmente encontramos referências de vinhos do “velho” e do “novo” mundo.

Nas prateleiras dos supermercados existem tanto vinhos sul-africanos, como vinhos portugueses, franceses e até mesmo chilenos. O grande entrave para as empresas portuguesas a operar no setor são os impostos aduaneiros que produtos da União Europeia pagam em relação a produtos sul-africanos, em que existe um acordo de cooperação entre o estados da Africa Austral para a circulação de produtos, bens e pessoas, o que faz com que, a nível tributário, os produtos, neste caso, portugueses, tenham um valor de mercado mais elevado do que produtos sul-africanos, não sendo acessíveis a toda a população.

Moçambique tem uma população estimada em cerca de 25 milhões de habitantes e, segundo a OCDE, consta no “Top-10” de países mais pobres do mundo com um salário mínimo a rondar os 100 euros. Ainda assim, estima-se que a percentagem de população adulta que consome álcool seja de cerca de 60%. Posto isto, é necessária uma rigorosa disciplina no que toca à estratégia de definição de preços.

Existem dois tipos de mercados em Moçambique o mercado formal, composto por restaurantes, bottle stores e superfícies comerciais, frequentado por uma margem de população economicamente mais estável, e o mercado informal, pequeno comércio, nas periferias da cidade, onde o controlo da qualidade do produto e do imposto adjacente ao produto por vezes, é posto em causa, sendo este último um mercado importante, pois é onde a maior parte da população moçambicana circula para comprar o produto.

As relações económicas, sociais e culturais entre Portugal e Moçambique são intrínsecas à história dos dois países. Acredito que, apesar da crise económica vivida atualmente no país, Moçambique deve ser uma aposta para os produtores e comerciantes portugueses não só pelo reconhecimento que a população dá aos vinhos portugueses, mas também pela proximidade geográfica da Africa do Sul, que poderá ser um trunfo útil para o conhecimento dos vinhos portugueses em Africa.

Os produtores portugueses deverão unir-se para conquistar este mercado através de um trabalho conjunto, possibilitando e promovendo os produtos junto das comunidades locais (consumidores, retalhistas, etc) de forma a dar a conhecer toda uma indústria de excelência como é a viticultura em Portugal.

Na Paulo Laureano Vinus tenho vindo a ter uma experiência única. A estratégia da empresa passa por um contacto direto com o cliente.

Jantar vínico com a presença a presença do Paulo Laureano no restaurante Azul do Radisson Hotel.

Jantar vínico com a presença a presença do Paulo Laureano no restaurante Azul do Radisson Hotel.

A empresa faz a própria importação e distribuição do produto. A equipa é constituída pelo departamento comercial, composto por mim e pelo Rosaldo. A parte financeira está a cargo do Diretor Internacional.

O facto de trabalhar diariamente com um Moçambicano, que tem o conhecimento do terreno e do mercado, permite-me, não só ter um contacto mais familiar com o cliente, como também perceber o modo mais eficaz para atuar neste mercado.

Ter a meu cargo a parte de promoções, visitas a clientes, desalfandegamentos, perceber e tratar a parte de legislação e regulação da empresa no mercado foram, sem margem de dúvidas, mais-valias que vieram preencher um espaço vazio tanto a nível pessoal como profissional.

O meu colega Rosaldo na feira de casamentos no Hotel Cardoso. Feira anual que apresenta aos noivos diversas opções para o seu casamento.

O meu colega Rosaldo na feira de casamentos no Hotel Cardoso. Feira anual que apresenta aos noivos diversas opções para o seu casamento.

Após este tempo em Moçambique percebi o quão importante e gratificante o meu trabalho é e como este "salto" internacional foi importante para mim.

Vinho português ... não se fala, bebe-se: "Acredito nas nossas castas, nas suas cores, nos seus aromas e sabores, por isso elegi-as como suporte dos meus vinhos. A minha aposta é desenhar vinhos exclusivamente com castas portuguesas, vinhos feitos com o que é nosso, aquilo de que todos nos orgulhamos” é em sincronia com este pensamento do enólogo Paulo Laureano que me despeço e que apelo a todos que acreditem no que é nosso.

Vista sobre Maputo a partir de um terraço da cidade

Vista sobre Maputo a partir de um terraço da cidade

Created By: José Francisco Almeida Teixeira Coutinho
Published: 01-02-2018 12:10

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