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Fenómeno Trump - Tornar a América grande outra vez. Sem mau tempo.

Cláudia Brandão | C20 | The World Bank Group | Washington DC, EUA

Donald Trump assume não ser “um grande crente” na responsabilidade humana nas alterações climáticas e defende que estas não passam do “estado do tempo”. A ideia poderia ser apenas descabida – face às evidências da ciência – não fosse a possibilidade de o empresário nova-iorquino vir a tornar-se o próximo presidente dos Estados Unidos

Mas há afirmações que nos deixam na dúvida sobre se devemos rir ou preocupar-nos de verdade. Entre elas, a ideia de que as alterações climáticas são um conceito criado “pelos e para os Chineses” para que a indústria adote outros comportamentos, encarecendo o produto, diminuindo a produção e, assim, eliminando postos de trabalho. Toda uma teoria da conspiração como mandam os filmes de Hollywood.

Entretanto, o candidato republicano já conseguiu o apoio de grandes empresas petrolíferas, o setor que Trump acredita estar ameaçado e que prometeu ajudar enquanto presidente, ignorando o Clean Power Plan de Obama, assim como o financiamento de qualquer esforço internacional contra o aquecimento global e as “taxas totalitárias” da Agência de Proteção Ambiental. Mais energia fóssil e menos regras renderam-lhe, neste dia, o número de delegados necessários para ser nomeado candidato pelo Partido Republicano.

Casa Branca Washington DC

Twitt de Donald Trump a atirbuir à China 'a criação' das alterações climáticas

Mas há mais.

Em Abril, 190 países assinaram o histórico Acordo de Paris para concentrar esforços no combate às alterações climáticas. Trump já disse que, chegado à Casa Branca, vai renegociar o acordo com base na crença de que países como a China não o vão cumprir. “São acordos unilaterais e maus para os Estados Unidos”, afirmou. O mundo já reagiu e alertou para o desastre que seria o segundo maior emissor de carbono retirar-se da sua responsabilidade, inviabilizando a ação dos países mais pobres.

Em 2015, a Califórnia sofreu uma das maiores secas da sua história. Trump foi ao estado americano dizer que as autoridades estavam a negar água aos agricultores. Há provas da seca se é isso que Trump precisa. “Se ganhar, vamos abrir a água”, resolve o candidato.

Mais um Twitt de Donald Trump sobre as alterações climáticas, tendo desta vez como alvo a NBC News

Mais um Twitt de Donald Trump sobre as alterações climáticas, tendo desta vez como alvo a NBC News

No entanto…

Recentemente, veio a público uma carta, publicada no The New York Times em 2009 e dirigida ao presidente Barack Obama, onde um grupo de empresários pedia medidas agressivas para o combate às alterações climáticas, investimento na economia verde, e uma liderança para inspirar o resto do mundo. Sim, a assinatura de Donald Trump vinha no final do documento.

Outra atitude que vai contra as frases provocadoras de que “as alterações climáticas são um engano” é o pedido que fez para a construção de uma barreira junto a um dos seus campos de golf, na Irlanda. Munido de estudos científicos, o relatório invoca o “aquecimento global e os seus efeitos” como a “crescente erosão devido à subida do nível do mar e ao clima extremo deste século”.

E, pesquisando com afinco, encontramos uma série de medidas adotadas nos seus hotéis para “aumentar a sustentabilidade e reduzir a pegada de carbono” que lhes permitem usar a etiqueta “amigo do ambiente”.

Uma sondagem recente revela uma preocupação crescente (de 55 para 64%) dos americanos face ao aquecimento global. As evidências de um dos invernos mais quentes nos Estados Unidos e da forte tempestade de neve do início do ano deram o empurrão mas, a verdade é que até junto dos apoiantes de Donald Trump é possível encontrar quem reconheça o papel do Homem nas alterações climáticas. Ainda que a preocupação com os efeitos seja mínima.

Mais um Twitt de Donald Trump a dizer que as alterações climáticas são uma treta

Mais um Twitt de Donald Trump a dizer que as alterações climáticas são uma treta

Especialistas alertam para o facto de, uma vez eleito, Donald Trump poder por em causa décadas de progresso ambiental e tornar impossível o crescimento da economia verde necessária para evitar os piores efeitos das alterações climáticas.

Outros há que acreditam numa mudança de posição, uma atitude politicamente inteligente porque acompanha a tendência da opinião pública, da chamada “Geração Millennial”. Tudo não passará de uma estratégia para ter os republicanos, maioritariamente descrentes quanto ao tema, do seu lado, a chamada estratégia de “acompanhar e conduzir” (pacing and leading), que significa atuar como as pessoas que queremos persuadir para que confiem em nós.

Incongruências demais? A verdade incontestável é que Donald Trump é provocador, polémico e diz coisas que não são verdade ou baseadas em artigos já desmentidos [David Roberts, para a Newsweek, em 1970] ou agências-fantasma para depois polvilhar com discursos de vitória sérios e ponderados. O candidato diz que é de propósito para surtir o efeito de que todos somos testemunhas. E resulta.

Portanto, mesmo que tudo indique o contrário, talvez o mundo não precise de se preocupar com a opinião pública de Donald Trump quanto ao tema. A dimensão e regularidade dos fenómenos provocados pelas alterações climáticas parecem começar a surtir efeito nos americanos. Pelo menos na teoria. E Trump sabe mais do assunto do que quer mostrar. Respiremos. Literalmente.

Created By: Cláudia Carina Ribeiro de Castro Brandão
Published: 20-01-2017 19:36

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