Cabo Verde tem vindo ao longo dos últimos anos a fazer um enorme esforço para diminuir o analfabetismo e aumentar o número de cabo-verdianos com formação superior. De facto, existe já uma oferta educativa alargada no país, havendo várias universidades com licenciaturas e mestrados disponíveis.

Desta forma, observa-se um número crescente de jovens, e alguns não tão jovens, recém-licenciados. No entanto, novamente à semelhança do que sucede em Portugal, existe uma elevada taxa de desemprego jovem (35,8% - dados do INE de 2014) com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos.

Alguns dos problemas que os licenciados atravessam em Cabo Verde são o acesso ao emprego, levando um grande número desses licenciados a desistirem, desencorajados por acharem que não há trabalho de qualidade para eles, passando a estar como pessoas inativas.

Dados de 2011 do INE mostram que a taxa de desemprego de pessoas com ensino superior era de 16,8% mas a taxa de inatividade era de 33,8%. Apesar dos problemas para arranjar emprego, observa-se que, na generalidade, quem obtém emprego como licenciado consegue obter um melhor salário do que outro trabalhador sem educação superior.

Em Cabo Verde o salário mínimo é muito baixo, 11.000 CVE (aproximadamente 100 euros), e parte da população trabalhadora não tem um salário que atinja este valor. Com salários baixos, muitos estudantes universitários trabalham para pagar os estudos e com a esperança de um futuro mais risonho.

O mercado de trabalho não tem, de momento, capacidade para absorver todos os licenciados. Outro problema é haver um limitado número de áreas de trabalho disponível, sem uma indústria para poder integrar as áreas industriais. Os que efetivamente conseguem ser integrados no mercado de trabalho têm acesso a melhores condições de trabalho. Têm um salário, geralmente bastante superior, e são bem vistos pelos empregadores.

Ser licenciado por uma universidade cabo-verdiana é um dos maiores entraves que os licenciados cabo-verdianos têm para arranjar emprego, já que existe alguma desconfiança na qualidade da formação nacional.

De facto, em algumas áreas chave, como engenharia informática, eletrotécnica, civil, química, contabilidade, entre outras, os empregadores optam por licenciados portugueses ou cabo-verdianos com formação no estrangeiro. As razões por esta escolha têm a ver com diferenças encontradas em relação a:

• Conhecimentos adquiridos na formação obtida;

• Capacidade de comunicação em português ou outras línguas, notando-se alguma dificuldade na expressão oral e escrita da língua portuguesa por parte dos cabo-verdianos;

• Metodologias de trabalho, havendo uma menor preparação para um trabalho mais pesado e com maior exigência e responsabilidade. Apesar de se observar estas dificuldades nos licenciados de Cabo Verde, existem muitos casos de profissionais competentes e capazes de estar ao nível de outro profissional com formação no estrangeiro.

Em suma, Cabo Verde ainda não possui um mercado interno capaz de integrar todos os profissionais com formação superior, nem todas as áreas. No futuro poderá ter maior capacidade dado o investimento que tem vindo a ser aplicado no país por parte de parceiros estrangeiros (Portugal, União Europeia, Estados Unidos da América, Angola, China, Japão, Luxemburgo). O debate da qualidade da formação superior no país já começou e procuram subir a fasquia para conseguir preencher a necessidade de profissionais de topo.

Mas, a cada dia que passa, cada vez mais surgem novas oportunidades para cabo-verdianos com formação superior nas empresas do país com vantagens superiores às da restante população.