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A inevitabilidade da formação de quadros em Moçambique

Rafael Alexandre Silva Sousa | C19 | Fundo Monetário Internacional | Maputo, Moçambique

Moçambique é um país em acelerada expansão económica. A economia é dinâmica e o crescimento económico é visível, quase palpável.

O crescimento real do produto deve atingir os 7 pontos percentuais em 2015 e manter-se nestes valores nos próximos anos, e assim que os projetos de extração de gás natural na Bacia do Rovuma começarem a funcionar em pleno, por volta de 2020, prevê-se que a economia cresça a um ritmo ainda mais acelerado, podendo atingir os dois dígitos (estima-se em 20% de crescimento nominal do produto).

Não obstante, o início de exploração dos recursos naturais constitui ainda, para além de uma oportunidade única para o desenvolvimento do país, um conjunto de desafios decisivos na alavancagem do desenvolvimento e de um crescimento com maior inclusão social. Esta será a fonte de maior descontentamento da população moçambicana e o argumento mais forte da oposição ao partido no poder desde a independência.

Apesar do crescimento da economia ser muito elevado, principalmente nos anos pós-guerra, a pobreza não melhorou substancialmente. Na verdade, Moçambique é dos países com pior performance no que se refere ao crescimento inclusivo.

Os megaprojetos, nos mais diversos setores, são o principal motor de crescimento económico do país, no entanto registam diversas debilidades no que concerne aos benefícios líquidos para o resto da economia.

Em particular, não apresentam uma significativa criação de emprego e num país em que anualmente entram cerca de 300.000 jovens no mercado de trabalho, torna-se num grave problema de integração económica e social. Neste sentido, é fundamental criar empregos em setores de elevado potencial com capacidade de responder às necessidades dos variados megaprojetos e da atual transformação económica.

A formação de capital humano e, em particular, o conhecimento, é a chave para o aproveitamento das dinâmicas socioeconómicas que ocorrem no país, pois permite criar novas capacidades e padrões de desenvolvimento económico. Deste modo, os investimentos na educação e investigação, aliados à ciência e à tecnologia constituem fatores determinantes para catalisar o processo produtivo e a competitividade económica.

Atualmente, Moçambique não tem um mercado de trabalho com capital humano adequado para responder a estas necessidades socioeconómicas. Apesar de os níveis de educação terem melhorado ao longo dos últimos anos, essencialmente no pós-guerra, apresentam ainda em valores muito baixos. A taxa de analfabetismo cifra-se nos 50% da população, mas a educação primária não deve ser priorizada em detrimento do ensino secundário, superior ou técnico.

Existe um sentimento generalizado junto das autoridades que deve ser colocado um enfoque especial no ensino técnico-profissional com o objetivo de corresponder às necessidades de emprego decorrentes da industrialização da economia. Contudo, a tendência dominante é a da prevalência do ensino superior.

A formação do capital humano é um elemento central para o processo de desenvolvimento do país. O sucesso de uma política voltada para este objetivo passa pelo desenho de um plano de formação intensivo, que responda às necessidades de desenvolvimento preconizado. No imediato, é necessária a formação massiva de quadros médios e superiores em áreas técnicas, em cursos profissionalizantes, tendo em conta as necessidades e os desafios que se colocam ao desenvolvimento.

Deve ser implementado um processo contínuo de consulta para dar resposta às necessidades do mercado de trabalho, alinhando os resultados da educação com as competências necessárias, e desenvolver uma política de formação técnica pública que dê resposta aos desafios de competitividade do país, com uma forte incidência nas ciências, engenharia e sistemas de informação e atividade comercial.

A baixa produtividade como entrave ao crescimento inclusivo, deve-se sobretudo à baixa escolarização e formação profissional. No entanto, a qualidade do ensino é visivelmente um aspeto a melhorar dentro do setor da educação. Aliás, deve ser uma prioridade das autoridades, não só para uma melhor capacitação dos jovens, mas também pela pressão adicional proporcionada pelo crescimento populacional. O número de crianças entre os 5 e os 14 anos crescerá dos 6,6 milhões em 2012 para 8,9 milhões em 2025.

Em particular, o meu ambiente profissional não traduz necessariamente esta falta de capital humano. No entanto, no dia a dia é notório que a educação em Moçambique não prima pela qualidade, muito por culpa de falta de meios e desmotivação geral para o conhecimento, significando posteriormente uma pior qualidade dos profissionais nas mais diversas áreas.

A população moçambicana é maioritariamente jovem, 50% da população economicamente ativa, o que, de per si, é uma das forças da economia. Esta será uma das razões mais fortes, aliada à aparente vontade política das autoridades, que me leva a crer que Moçambique terá um futuro de desenvolvimento económico, emergindo como um exemplo de sucesso entre os países da África Subsariana.

Created By: Rafael Alexandre Silva Sousa
Published: 27-09-2015 9:00

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