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Aculturação em Dakar, Senegal, 2013

Maria Leonor Aranha Moreira Sales | C17 |  Banco Africano para Desenvolvimento | Dakar, Senegal

Habituarmos-nos a um lugar novo é sempre um desafio que aumenta com a distância ao país de origem e depende de uma multiplicidade de variáveis que são difíceis de descrever com rigor, porque derivam da experiência de cada um, e claro, das experiências passadas que servem a todo o momento de comparação. No limite, e principalmente em África, ter ou não uma boa experiência depende, do meu ponto de vista, da capacidade de interiorizar que somos nós os visitantes e temos de ser nós a lidar com as diferenças.

Dakar é uma cidade que não tem os standards de desenvolvimento europeus, existe mais pobreza do que estamos habituados, os serviços públicos não funcionam bem, o ritmo é diferente e existe uma grande diferença entre as classes sociais.

Tive a sorte de viver e trabalhar fora do centro da cidade, numa zona mais “arejada”, ao pé do mar, o que ajudou bastante. Dakar é uma cidade relativamente segura, pode-se andar a pé sem problemas, e os senegaleses estão bastante habituados a conviver com estrangeiros. Obviamente, a questão da segurança exige bom senso, e claro, as situações que evitamos em Lisboa, aqui também temos de evitar, porque o pequeno crime existe em todo o lado.

Aspectos positivos

Praia e surf: Dakar tem várias praias e uma comunidade considerável de surfistas, e escolas de surf. Apesar de não ter “Bandeira Azul”, há muitos estrangeiros que vão à praia, e eu, pelo menos até agora, depois de 5 meses, não tive qualquer problema. Normalmente no fim-de-semana vou à Praia de Yoff, que tem uma zona reservada com guarda-sóis, um café de praia, e uma escola de surf, e é onde eu tenho passado muito tempo. Fico sempre na zona reservada, não por ser perigoso ficar na zona “Comum”, mas porque é mais sossegado e há menos vendedores. Pelo menos para mim, ter encontrado um lugar agradável para relaxar, que não seja pretensioso e caro, foi muito importante.

Cultura: O Senegal foi uma colónia francesa até aos anos 60, pelo que, além das mais variadas línguas locais, a língua oficial é o francês, apesar de nas ruas de Dakar a maioria das pessoas não falar fluentemente francês, mas sim Woolof. Tal como acontece nas ex-colónias portuguesas, existe bastante influência francesa na gastronomia, literatura, etc. Dakar surpreendeu-me pelas actividades culturais, existem concertos quase todas as semanas, espectáculos de dança, hip-hop, etc. O Instituto Francês, obviamente, é onde acontecem muitos destes eventos, mas também existem vários institutos culturais senegaleses, e lugares de espectáculos. Resumindo: até há bastantes coisas para fazer.

Simpatia: os senegaleses são simpáticos e a convivência com os estrangeiros é pacífica

Acesso a “bens e serviços europeus”: É possível encontrar praticamente tudo o que se encontra na Europa, a única diferença, é que será mais caro. Mas existem supermercados com produtos europeus; restaurantes, lojas, farmácias com remédios europeus, médicos.

O preço dos táxis tem de ser regateado, tal como se formos ao mercado. Nos supermercados e lojas pequenas de comida os preços normalmente são fixos.

Aspetos menos positivos

Dakar é uma cidade cara: Pensar que viver em África é barato é um mito. A vida como expatriado em Dakar é cara, o supermercado “europeu” é mais caro do que o supermercado em Portugal, jantar fora num restaurante senegalês pode custar 2 ou 3 Euros num sítio bastante simples, mas se quisermos ir a lugares um pouco melhores, não se gasta menos de 6 a 8 euros, e os restaurantes mais chiques têm os preços de Portugal.

Habitação: encontrar alojamento não é fácil, mas é possível. Existe uma grande variedade de casas a vários preços. A maioria das casas mais baratas são de má qualidade, não têm gerador e têm mau isolamento (1 quarto = 200/300 Euros). O que sugiro é alugar um quarto numa casa partilhada, que já tenha mobília e evite que tenhamos de pagar a uma agência de viagens e de comprar mobília. O site Expat Dakar é o melhor para procurar. É de evitar uma casa ao pé de uma mesquita (o meu caso), porque a chamada para a reza começa às 5 da manhã.

Serviços públicos: quando se passa algum tempo em África começa-se a dar valor a serviços públicos que damos como adquiridos nas outras partes do mundo. Em Dakar é comum haver cortes de electricidade e água, a maioria das ruas não têm iluminação à noite e a recolha de lixo não é eficaz, vendo-se algum lixo nas ruas. Existem autocarros como a os da Carris, mas cobrem muito poucos bairros. A maioria dos senegaleses anda numas carrinhas de 12 lugares, em estado duvidoso, e que eu não recomendo. Eu, pessoalmente, ando muitas vezes para o trabalho e apanho táxis, que são baratos (máximo 3,5 euros, mas sempre depois de regatear).

Curiosidades

Religião: A religião tem uma grande importância na vida das pessoas. A maioria é muçulmana mas existem uns 10% de cristãos. No caso dos muçulmanos, há muitas pessoas que vão à mesquita todos os dias e que rezam 5 vezes ao dia. E é comum ir a uma loja e ter de esperar que a pessoa que nos vai atender acabe de rezar. Antes de rezarem as pessoas têm de se lavar e fazem-no com um bule de plástico.

Desporto: os senegaleses são fanáticos por desporto. Todos os dias se veêm pessoas a correr, andar, fazer flexões na rua, andar de patins ou de bicicleta. O desporto mais importante é a Luta (luta greco-romana), mas o futebol também é bastante popular.

Expats: existe uma grande comunidade de expatriados em Dakar, muita gente que vem com as famílias mas também muitos jovens sozinhos que vêm trabalhar nas organizações internacionais, ONGs, Câmaras de Comercio, embaixadas ou empresas. Para mim, que vim sozinha, foi óptimo poder fazer amizades e partilhar experiências.

Created By: Maria Leonor Aranha Moreira Sales
Published: 20-08-2013 9:00

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