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Diferenças e problemas de aculturação sentidos em Casablanca, Marrocos
Liliana Ruivo |C17
Associação de Negócios Portugal | Casablanca
Marrocos
 
Cheguei a Casablanca a 2 de Fevereiro de 2013. No primeiro dia, em Casa não tinha ainda internet para poder escrever um e-mail ou falar pelo Skype, mas tinha uma enorme vontade de partilhar as primeiras impressões da cidade. Sentei-me e fiz uma lista:
 
  1. Não li nada que o confirmasse, mas de certeza que a principal causa de morte em Casablanca é atropelamento.
  2. Não interessa qual dos sinais está verde ou vermelho, não interessa se há uma passadeira, o carro tem sempre prioridade.
  3. Podes fazer qualquer infracção quando conduzes, menos passar um sinal amarelo quando há um polícia por perto. Nesse caso, podes regatear a multa.
  4. Não és tu que decides se queres um taxi, o taxista decide se te quer como cliente e a que horas te deixa no sítio que pediste. E cinto de segurança é uma coisa europeia!
  5. Os cafés são só para homens.
  6. Quase todo o pão é amontoado nas lojas e tocado por todos.
  7. Os marroquinos vêem telenovelas turcas dobradas em árabe marroquino.

Olho agora, em Junho, para o que escrevi no dia 6 de Fevereiro e rio-me. Se fosse só isto! Tão simples. Marrocos é isto mas é tanta coisa mais, inclui tanto que eu sei que nem nunca vou descobrir. As diferenças culturais sentem-se a cada passo que damos na rua. E, no entanto, sinto que estou numa cidade bastante tolerante, sobretudo quando comparada com outras cidades de outros países árabes.

Sendo mulher, oiço todos os dias comentários no percurso que faço sozinha a pé para o trabalho. Compreendo apenas algumas palavras soltas que já aprendi em árabe marroquino. Mas posso dizer que nunca tive necessidade de utilizar véu e que há muitas marroquinas que também não o usam. Penso que para uma mulher ocidental, o que se estranha mais em relação às mulheres é mesmo os ideais de vida de algumas marroquinas, para quem o casamento é o evento mais importante das suas vidas (mesmo que tenha sido combinado e que mal conheçam o homem com quem vão casar!!!) e que fazem questão de sair do trabalho o mais cedo possível “para fazer o jantar”. Mas nada disto me é imposto, e desde que estou aqui, sinto que há uma enorme tolerância em relação aos estrangeiros e aos seus hábitos.

Uma das questões importantes para quem vem viver para Casablanca é o meio de transporte. A cidade é caótica em termos de tráfego automóvel e, por isso, para quem ousar conduzir aqui é importante ter sempre presente que o estilo de condução marroquino implica não parar nas passadeiras e não respeitar traços contínuos ou cedências de prioridade. Para quem não tem carro existem outras três hipóteses: os autocarros, os taxis ou o tram. Os autocarros são pouco aconselháveis a estrangeiros e os petit taxis, apesar de não serem de forma geral inseguros, são sempre uma aventura. São na maioria das vezes muito velhos e sempre partilhados. Noto que há também muitos taxistas que não falam francês, o que faz com que por vezes nem entendam o nome do destino que pretendo. Após compreenderem o nome do destino, podem decidir sem qualquer justificação, não querer levar-me. Posto isto, o tram é por isso a melhor opção de transporte público dentro da cidade, não sendo no entanto muitas vezes uma opção a considerar dado as poucas estações ainda existentes (está previsto um grande alargamento da rede de tram). Indo para fora da cidade o comboio é uma boa opção.

Posso dizer que apesar da barreira linguistica (muitos marroquinos têm dificuldades ou não falam mesmo francês), sinto-me segura em Casablanca e tenho acesso a tudo o que preciso. Os supermercados estão bem abastecidos e tudo o que precisei de comprar para a casa, ou até na farmácia, consegui obter sem problema. Os marroquinos são de forma geral simpáticos e prestáveis. Falta-me ainda conseguir abstrair-me da sujidade desta cidade para me sentir mais em Casa. Mas mais importante: falta-me ultrapassar o período do Ramadão, que este ano começa a 9 de Julho, e saber o quão tolerantes são os marroquinos num período tão importante para eles.

Created By: Liliana Fragoso Ruivo
Published: 02-07-2013 16:03

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