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A Xana vai ao Hospital na Roménia (Narrativa do Viajante)

Alexandra Sepúlveda | C15

Consulgal Proiect Srl.

Bucareste | Roménia

 

Segunda-feira acordei surda. Surda, muito surda, surda como uma porta! Como convivo desde pequena com otite crónica, apesar de não ter dores, achei por bem ser tratada de imediato.

 

Começa a aventura.

 

Recomendaram-me uma clínica que não fica muito longe do centro, mas que nenhum taxista sabe onde fica. Depois de muito discutirem, procurarem em livros (!) e tudo o mais, um deles predispõe-se a levar-me por uma bagatela e lá vou eu. Quando chegamos à zona em questão, não só me apercebo que estou num bairro com péssimo ambiente como não consigo dar com ela. Depois de muita discussão e tentativas falhadas, estamos de volta ao centro.

 

Pago-lhe, telefono a pedir ajuda - mandam-me para um hospital nos quintos. Desta vez tento precaver-me e ligo para o mesmo, do qual me dizem que não têm otorrino e que me devo dirigir a um outro hospital localizado no centro. "Pelo menos é no centro!"

 

Ok, vamos lá! Ninguém fala inglês pelo que tenho uma grande oportunidade para pôr o meu romeno à prova - o pouco que falo. Consigo dizer que é uma urgência, e que me doem os ouvidos, e dizem-me para aguardar numa sala de espera, juntamente com outras pessoas à espera de consulta. A dada altura vejo o staff a sair daquela sala com um cesto de medicamentos, gazes e outro equipamento hospitalar. Todos os seguem. Desaparecem da minha vista e fico sozinha. "Boa." Espero 5 minutos até que resolvo perguntar a alguém o que se passa. Lá me indicam uma outra sala para onde transferiram as consultas e à porta da qual esperam os meus companheiros de maleitas.

 

Chega a minha vez e sou vista por quem parece ser uma estagiária de medicina, sob supervisão da médica mais experiente. Escarafuncham-me os meus ricos ouvidinhos como quem escarafuncha o resto de um sumo de pacote com a palhinha. Se não me doíam os ouvidos passaram a doer mas 'tá bem. Mostram-se espantadas pelo pouco romeno que falo, por estar a trabalhar em Bucuresti - reacção à qual já me habituei, ficam sempre surpreendidíssimos por andar por cá uma portuguesa.

 

Deito-me numa marquesa com o ouvido direito para cima e enchem-no de um líquido, cujo som a efervescer no meu canal auditivo se assemelha ao da soda cáustica nos canos lá de casa - oh meu dEUS, que é isto? Cerca de 20 minutos depois (durante os quais outros pacientes foram assistidos na mesma sala), uma enfermeira senta-me num banco, e encosta-me ao ouvido uma daquelas bandejas que antigamente eram usadas para recolher urina nos hospitais portugueses - em INOX? Claro que não... Em esmalte! "Segura aqui!" Seguro. Por várias vezes sinto o meu ouvido invadido por jactos de água fria vindos de uma seringa que também teima em fazer o seu caminho pelo meu canal auditivo abaixo. Não consigo deixar de dar um esgar de dor enquanto penso que se calhar já era altura de aprender a praguejar em romeno!

 

Ainda meia atordoada sou abordada pela estagiária de medicina que me passa uma prescrição e que, face à minha incapacidade de balbuciar qualquer palavra em romeno, me começa a falar em inglês.

 

"Inglês? A sério? Falas inglês e só agora é que mo dizes?" Queixo-me que agora sim, me dói o maldito ouvido, e obtenho uma resposta deveras peremptória: "Claro que dói! É por causa do trauma que eu te induzi!"

 

Ainda bem que é por isso. Não replico - para quê? Retiro-me, sem pagar nada (ninguém me pede identificação, dinheiro ou seguro) e dirijo-me a uma farmácia. Cobram-me menos de 1€ pela medicação - um frasco meio tosco - e perguntam-me se não deverei levar algo com o que aplicar o medicamento. "Errm...Se calhar devo." Vendem-me uma seringa por 0.25€.

 

Souvenir

O panorama, já de si caricato, intensifica-se quando tenho a (in)feliz ideia de pesquisar o nome do dito medicamento no meu querido e adorado Google.

 

Rivanol - Pó amarelo, cristalino, antisséptico da pele, empregado no tratamento dos animais.

 

Dah. Aceito.

 

A verdade é uma: estou impecável e durante todo o tempo que estive no Hospital não me senti num local estranho. Pelo contrário, até parecia um hospital bem à moda portuguesa!

 

Esperemos que não precise de lá voltar. 

Created By: Paula Alexandra Sepúlveda Ferreira da Silva
Published: 31-01-2012 12:00

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