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A montanha, o mundo dentro de quatro paredes ou o método de trabalho que não escolhemos, mas de que todos precisámos
Ângela Afonso | C24 | Traventia | Madrid, Espanha
 
O mundo dentro de quatro paredes
 

Devo admitir que, quando me candidatei a este programa, esperava um mundo de coisas boas e más. Queria que fosse desafiante, que me trouxesse novidades e pessoas novas, queria uma daquelas experiências que se estranham mas entranham. Não imaginava o que aí vinha.

Depois do campus, em Lisboa, fiquei com a sensação de que fosse para onde fosse teria que escalar uma montanha. Isto porque uma grande maioria dos oradores referiu que em determinado  ponto das suas vidas o tinha feito, e que isso tinha sido um momento de viragem.

Ao chegar a Madrid decidi que ia escalar montanhas. Mas não imaginava quão intangíveis elas podem ser. É das coisas que podemos ler nos livros de História -uma pandemia que arrasa o mundo inteiro de formas parecidas e muito distantes, ao mesmo tempo. E o INOV Contacto, que é um programa do mundo, tornou-se, em cada destino, num programa entre quatro paredes. Como escalar esta montanha?

Em Madrid, antes da quarentena começar, fui acolhida como se lá pertencesse, na Traventia. Uma agência de viagens com uma pequena grande (gigante!) equipa. Às sextas feiras, depois do trabalho, era dia de cañas e tapas e eu pensava “realmente os espanhóis sabem (con) viver”.

Foi fácil durante esse tempo até ao dia em que saímos da empresa para ir para casa... e lá ficar. Comecei o teletrabalho 27 dias após a minha chegada à capital espanhola e comecei a escalar a minha primeira montanha. Claro que já tinha feito teletrabalho, de uma forma ou outra no passado, mas esta era, a meu ver, uma situação que podia evoluir para um de dois lados:

1) Trabalhar a partir do conforto do pequeno quarto que arrendei, de pijama, acordando 5 minutos antes do horário de entrada e estar pronta a tempo é o trabalho de sonho;

2. com a evolução da pandemia em Madrid, parecia-me uma missão impossível estagiar numa agência de viagens à distância, vendo o mundo a paralisar gradualmente, minuto a minuto.

Hoje, passados 3 meses, continuo em teletrabalho e o maior benefício desta alternativa é que significa que, apesar de tudo, continuo a ter um trabalho. Este é o fator motivador frente aos pequenos inconvenientes de estar fechada em casa o dia todo, (quase) todos os dias.
Não tenho dúvidas de que este sistema fortaleceu o meu sentido de organização,  autoconhecimento e autodisciplina.

Surpreendentemente a minha criatividade também cresceu. Quando cheguei, o meu quarto parecia não ter volta a dar, mas a minha secretária sabe que não foi assim.

Quando soube que vinha para Madrid comecei a pensar nos percursos e viagens que poderia fazer - não será necessário referir que em duas semanas tirei esses planos do calendário. E esta foi a maior desilusão para mim, mas aqui tomou lugar a oportunidade de poupar para investir noutros planos, e planear algo maior e melhor, afinal tenho mais que tempo para isso.

Diria que a maior desvantagem do teletrabalho no contexto atual é a desconexão gradual da equipa, o isolamento social intensivo e extensivo, aliados ao sedentarismo e gestão da saúde mental.

Num dia subi os 10 andares do meu edifício, no outro “dormi” o dia inteiro. Houve dias de êxtase extremo, em que comi uma pizza sozinha e dias sem apetite bastante chuvosos. Dias de grande produtividade e outros bem mais lentos.

Mas, na minha opinião, trabalhar em casa tem um grande potencial produtivo com duas condições: um bom wi-fi e bons colegas de casa. Eu tinha metade de ambos, e se antes referi que não pude viajar, posso revelar que fui a Sevilha, à Argentina e ainda ao Chile. Isto tudo, não através do Maps, mas das pessoas, agora amigas com quem moro. O wi-fi, prefiro não comentar. Com estes dois elementos, penso que quase tudo pode ser contornado de uma forma ou outra.

Esta experiência tornou-se muito importante no sentido de saber se esta será uma opção de trabalho para mim. Tudo o que posso dizer é que é muito importante ter um sentido de adaptação afinado e uma mente aberta, seja qual for a montanha que se vá escalar. Isto vindo de alguém que se candidatou a um programa como o INOV Contacto e foi parar a uma agência de viagens para ver o mundo de casa, no mesmo ecrã onde me candidatei inicialmente…

Mas a jornada não terminou. Vemo-nos no topo da montanha!

 

 
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Created By: Ângela Correia Afonso
Published: 28-07-2020 16:56

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