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A democracia na Europa - que futuro?

Carlos Calheiros | C22 | Mota-Engil |Dublin, Irlanda

A democracia na Europa - que futuro?

Um pouco por todo o Mundo Ocidental tem-se constatado o crescimento de movimentos de extrema-direita. Este fenómeno é observável não só pelo surgimento de partidos que têm como base ideologias populistas e xenófobas, mas também pelo aumento do número de votos que estes partidos têm conseguido obter.

O apogeu do renascimento da extrema-direita talvez seja a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos da América, que, apesar de ter concorrido pelo Partido Republicano, teve como grande suporte a autodenominada “direita alternativa” e foi construída num discurso populista, nacionalista e de ódio em relação aos imigrantes.

Mas desengane-se quem pensa que este é um problema ao qual a Europa está imune – no Reino Unido, o sentimento anti-imigrante esteve na base do resultado do Brexit; a ameaça de Marine Le Pen continua bem presente em França, com ganhos políticos consideráveis nos últimos anos e partidos desta natureza têm vindo a ganhar peso em países como Alemanha, Áustria, República Checa e Suécia. Perante este cenário, torna-se pertinente analisar a situação e colocar uma grande questão: o que está por trás deste fenómeno?

Atualmente, a islamofobia talvez seja o maior catalisador do crescimento de movimentos de extrema-direita na Europa. Desde 2014 que o autodenominado Estado Islâmico tem levado a cabo atentados terroristas um pouco por todo o continente – com maior incidência na Alemanha, Bélgica, França e Reino Unido, mas registando-se ataques também na Dinamarca, Espanha, Finlândia, Rússia, Suécia e Turquia. Estes atentados terroristas, amplamente mediatizados pelos meios de comunicação social, têm como consequência o aumento de sentimentos de medo, pânico e revolta contra o Islão na população europeia.

Estes sentimentos são ainda agravados pela questão do asilo e integração nas sociedades europeias dos refugiados provenientes do médio oriente. Já com uma perspetiva negativa em relação à comunidade muçulmana, fruto da divulgação sensacionalista dos ataques terroristas por parte dos meios de comunicação social, a população fica ainda mais receosa pela entrada de refugiados no seu país, temendo pelos impactos a nível económico (como a perda de trabalho ou outras repercussões no mercado do trabalho) e social (sobretudo uma possível “Islamificação” do seu país e, consequentemente da Europa) que esta possa acarretar.

Michael Wolffsohn, professor de História Moderna na Universidade das Forças Armadas Alemãs em Munique, afirma que “quando o medo aumenta, a irracionalidade aumenta. Este é o motor deste novo fenómeno de extrema-direita”. O contexto de desconfiança e insegurança em relação ao Islão torna-se, assim, o palco perfeito para os movimentos de extrema-direita, que se alimentam do pânico recorrendo a campanhas eleitorais com base em discursos e políticas populistas anti-imigração, nomeadamente anti-muçulmana, sempre acompanhados da promessa em “devolver o país aos cidadãos” – criando assim uma mentalidade perigosa de “nós contra eles”.

Exemplos de campanhas com foco no combate à “Islamificação” da Europa, assim como do seu relativo sucesso, podem ser observados em França (através da “Frente Nacional”, liderada por Marine Le Pen), Alemanha (através da “Alternativa para a Alemanha”, liderada por Alexander Gauland), e Áustria (através do “Partido da Liberdade da Áustria”, liderado por Heinz-Christian Strache) – partidos que conseguiram obter resultados eleitorais consideráveis em 2017.

Apesar da cada vez maior diversificação das sociedades europeias, os movimentos de extrema-direita, infelizmente, têm obtido resultados cada vez mais significativos nos últimos anos. Perante este novo paradigma político, o tempo urge e é imperativo um exercício de reflexão profunda. É necessário fazer uma análise ponderada da situação, através da identificação e compreensão dos principais motivos por detrás deste fenómeno, para formular soluções práticas e exequíveis o mais rapidamente possível – de forma a que seja possível travá-lo, antes que erros cometidos num passado não muito distante sejam cometidos novamente.

Created By: Carlos Alberto Calheiros da Silva Almeida
Published: 31-01-2019 22:43

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