Macau, uma das regiões especiais da República Popular da China, permaneceu sob administração portuguesa desde meados do século XVI até à transferência da soberania para a China em 1999, estabelecendo-se desde então como Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).
A RAEM, antes constituída pela Península de Macau, Ilha Verde, Ilha de Taipa e Ilha de Coloane, tem ganho terreno com sucessivos aterros, devido ao desmesurado crescimento económico, baseado principalmente no jogo e no turismo. Hoje em dia, tem cerca de 30,3 Km2 de área, e é a região com maior densidade populacional do mundo, com quase 21 mil habitantes/ km2.
Este crescimento económico deve-se ao facto de Macau ser o único local na República Popular da China onde o jogo é legal, contando com cerca de 38 casinos. Tem havido, por esse motivo, um crescente número de visitantes em Macau, hoje conhecida como Las Vegas do Oriente.
Devido à presença portuguesa em Macau, subsiste uma partilha a nível cultural e arquitetónico, conjugando tipologias construtivas do Oriente e do Ocidente. O centro histórico usufrui de um conjunto de espaços urbanos e arquitetónicos que se interligam e estabelecem uma ligação com a zona portuária, sendo também constituído por elementos arquitetónicos chineses, desenvolvendo uma partilha entre diferentes comunidades, ocidentais e chinesa.
A língua portuguesa, ainda é uma das línguas oficiais de Macau e, neste sentido, a toponímia das vias, praças, edifícios, está em português, e nos autocarros a tradução para português está presente.
Este conforto de ouvir a língua portuguesa, juntamente com a vista de calçada portuguesa em alguns largos, conduz-nos às nossas origens, aproximando-nos de Portugal.
A habitação é um dos problemas em Macau. O preço das frações habitacionais tem disparado nos últimos anos, tornando a compra e o arrendamento cada vez menos acessíveis à população.
Tal como o arquiteto Rui Leão referiu numa entrevista, Macau tem problemas no que respeita à habitação e “propõe a implementação de uma ideia de cidade vertical, mais para que não se percam relações de vizinhança e a sensação de humanidade”.
Como já referi anteriormente, Macau é a região com maior densidade populacional do mundo. Este facto é bem visível nas ruas, sempre repletas de pessoas a qualquer hora do dia, os autocarros sempre sobrelotados, especialmente no verão (já que é a altura em que mais pessoas recorrem aos transportes públicos para evitar o excesso de calor e a humidade extrema nesta latitude), bem como no período da noite, devido ao movimento nos casinos, abertos 24 horas por dia.
A primeira perceção da rede de transportes de Macau, comparando com a realidade Portuguesa, é que, embora Portugal tenha um conjunto mais diversificado de transportes públicos, em Macau é mais apelativa a utilização de transportes pelo seu baixo custo.
Ainda assim, existem problemas visíveis e preocupantes no que diz respeito ao trânsito. O elevado número de pessoas e o crescimento económico, gerou um défice de transportes públicos e, consequentemente, um aumento significativo da utilização de carro próprio, o que, por sua vez, levou a um crescente tráfego rodoviário, provocando grandes filas de espera.
Rui Leão menciona que Macau “já deveria usufruir de transportes públicos e autocarros de turismo elétricos”. Refere também que “a conclusão da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e o sistema de transportes previstos na região vão acentuar o trânsito na cidade. Ainda de acordo com este arquiteto, o metro ligeiro é essencial para Macau, por forma a qualificar algumas áreas da cidade. Tem havido “um excesso de consulta pública”, o que tem prejudicado a própria cidade.
Antigamente, Macau tinha das maiores taxas de esperança média de vida. Hoje em dia, enfrenta alguns problemas de poluição ambiental, sonora e luminosa.
É necessária uma atenção mais focada no planeamento ambiental, “reforçando as intervenções na área da proteção do ambiente, na construção da ecologia e na conservação de recursos.”
As conclusões preliminares de um estudo recentemente realizado, indicam que Macau é a cidade mais luminosa do mundo. Vivian Tam, refere que o nível de luminosidade no céu da península de Macau é relativamente superior ao nível médio, conforme determinado pela Associação Internacional do Céu Escuro. Afirma que o céu de Macau é “270 vezes mais brilhante que o standard internacional” e “é uma das cidades mais poluídas do mundo devido à sua área residencial e às suas instalações de entretenimento, especialmente em Cotai”, expôs Tam ao Times.
Existe, também, uma carência de espaços verdes na cidade, que poderiam contribuir para a redução dos níveis de carbono e para a melhoria da qualidade de vida da população.
Por forma a colmatar estes problemas ambientais, foram concebidos relatórios e protocolos como o «Relatório do Estado do Ambiente de Macau 2010» e o «Planeamento da Proteção Ambiental de Macau (2010-2020)», com o intuito de “se focarem em fatores como o desenvolvimento sustentável, a redução dos níveis de carbono, a participação do público e a cooperação regional”.
Outra dificuldade é não ser feita separação para reciclagem do lixo (embora existam alguns pontos de recolha para reciclagem) e a utilização excessiva de embalagens e de sacos de plástico. Neste sentido, “o Governo de Macau vai reforçar os planos de reciclagem e de redução dos resíduos sólidos, com mais regulamentos sobre emissão de fontes fixas de poluição do ar e respetiva fiscalização.”
A Direção dos Serviços de Proteção Ambiental (DSPA), pretende criar uma cidade mais sustentável, através de algumas medidas, nomeadamente o Planeamento de Gestão de Resíduos Sólidos de Macau (2017-2026).
A água é outro dos problemas presentes na região. Apesar de a região estar rodeada de água, com o aumento da população e a poluição dos rios, os recursos hídricos deixaram de ser suficientes, verificando-se a escassez da água potável em Macau.
Ao nível do planeamento urbano houve uma consulta pública relativa aos detalhes do Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau, com o objetivo de “identificar orientações estratégicas gerais e proporcionar recursos chave para o desenvolvimento social sustentável de forma a posicionar Macau como centro mundial de turismo e lazer”.
Segundo um residente português, “os casinos são a máquina que mexe o território. Move-se muito dinheiro em torno disso e daí deveriam existir oportunidades para criar uma cidade exemplar, com investimentos em novas tecnologias e ideias“.
Macau “podia ser hoje a melhor cidade do mundo, ou pelo menos estar a caminhar para tal. Mais de metade do território está sobre aterros onde antes era mar. Dessa forma, houve a oportunidade de criar uma cidade ideal, com novos conceitos de transporte público e áreas urbanas.
Contudo, os interesses económicos por trás da construção sobrepõem-se as essas ideias e hoje o território é uma cidade banal, com muita população e poucos espaços interessantes. A educação ambiental ainda não está ao nível da Europa, portanto, os locais ainda têm muito para aprender sobre os seus recursos, em especial o mar, que nos dias de hoje é pouco aproveitado recreativamente ou educacionalmente.”