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Recursos Ambientais e Ordenamento Urbano - A água em chitima (Moçambique)

Tiago Jorge Fonseca | C22 | ECM |Maputo, Moçambique

O meu local principal de trabalho é em Maputo, no entanto, passei também algum tempo em Chitima onde tive a hipótese de perceber a sensibilidade das pessoas em relação às questões ambientais a participei na resolução de um dos problemas ambientais mais prevalentes no interior de África, a falta de água, associada à ausência de ordenamento do território.

Chitima encontra-se no distrito de Cahora Bassa, na Província de Tete. No distrito de Cahora Bassa, em 2007, havia aproximadamente 88 mil habitantes, no entanto, com o desenvolvimento da região, em 2011 já existiam perto de 104 mil habitantes. Toda esta população precisa de uma infra estrutura adequada e como tal segundo o programa nacional de abastecimento de água e saneamento rural (PRONASAR 2012) dos 98 furos de captação registados na região, 89 estavam operacionais.

O clima nesta região é considerado "Seco de Estepe com Inverno seco - Bsw" de acordo com a classificação de Köppen. De abril a novembro a chuva é muito escassa, ou inexistente, a temperatura média é de 26ºC, sendo que as máximas atingem facilmente os 34ºC.

Todo o tipo de gado habita diretamente o mesmo espaço que os humanos, sendo comum observar-se bovinos a lavarem-se na mesma água que os habitantes da vila, e a partilharem também as mesmas fontes de água, o lixo desta vila é incinerado sem qualquer cuidado.

A guerra civil levou a que ocorresse um aumento da concentração populacional e esta, por sua vez, levou a que a pressão sobre os recursos seja desproporcional ao que estes permitem. Neste campo, as primeiras consequências foram a degradação dos solos, a escassez de água e a contaminação dos reservatórios de água, a pouca profundidade.

O ordenamento do território é feito em grande parte pelos líderes comunitários, ou mesmo por ocupação espontânea. As habitações são na maior parte "palhotas" feitas pela própria família.

Para dar resposta à crescente necessidade da vila foram-se instalando furos em água subterrânea. Atualmente, é possível encontrar 50, com origens de água subterrânea que, após serem analisadas in situ, 23 são de água doce, 9 são de água mineralizada e os restantes são salobros ou estão inacessíveis porque a bomba está avariada.

Só a água salobra ou muito mineralizada é que não pode ser consumida. Nestes furos, é instalada uma eletrobomba ou um Afridev (Figura 1), na maioria dos casos é o segundo, pois é muito eficiente em termos de utilidade/custos e a sua manutenção também não é custosa.

Nestes furos, é instalada uma eletrobomba ou um Afridev (Figura 1), na maioria dos casos é o segundo, pois é muito eficiente em termos de utilidade/custos e a sua manutenção também não é custosa.

Eletrobomba à esquerda e Afridev à direita

Eletrobomba à esquerda e Afridev à direita

No caso do Afridev não existe qualquer forma de canalização de água e os animais e as pessoas utilizam as mesmas fontes de água. A ausência de canalizações ou formas de transporte de água tornam todo o processo mais moroso para a população, que precisa de fazer vários quilómetros, que na maioria dos casos, as pessoas fazem a pé, por estradas pouco cuidadas.

Alternativamente, a população compra água a vizinhos que têm furos privados. Esta, em muitos casos, não é tratada e pode nem estar própria para consumo. Em situações mais graves a população recorre a furos artesanais (Figura 2) de onde tiram água para consumo.

Transporte de água e furo artesanal, esquerda e direita respetivamente

Transporte de água e furo artesanal, esquerda e direita respetivamente

AAtualmente, esta a decorrer uma campanha de prospeção para localizar mais furos. No ano passado foi possível encontrar 10 furos. Nestes, apenas 5 se revelaram próprios para utilização, os outros estavam contaminados.

A decisão sobre o que fazer com os outros 5 furos ainda está em aberto. Apesar da pesquisa de água estar a cargo de empresas privadas, o governo moçambicano ficará encarregue da manutenção a longo prazo.

Penso que é necessário estabelecer um ordenamento de território mais eficiente, com algum planeamento de habitações e infraestruturas básicas para a população, nomeadamente, uma rede de distribuição de água.

Também se deve promover uma sensibilização nas populações locais de como pastorear os animais e tratar o lixo, pois, num país com uma área geográfica tão extensa, não faz sentido contaminar os escassos aquíferos aqui presentes.

Pelo que vi no interior do país, em termos de sensibilidade ambiental e ordenamento do território, o conhecimento é escasso e corresponde ao que se pode ler na internet e comunicação social.

No geral, a população ainda não desenvolveu uma sensibilidade saudável em relação às questões ambientais e, apesar de descontente com a falta de água, e a falta de saneamento básico em Chitima as prioridades são outras.

Created By: Tiago Jorge dos Anjos Gonçalves da Fonseca
Published: 14-02-2019 17:01

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