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Barcelona, cidade mutável

Carlos Ferreira Júnior | C22 | Ramboll | Barcelona, Espanha

Barcelona é uma cidade mundialmente reconhecida pela sua inovadora e bem sucedida forma de ordenamento e desenvolvimento de território.

Devido às restrições geográficas, limitada pelo Mar Mediterrâneo e ao norte pelas colinas e rios de Collserola, juntamente com o congestionamento urbano e elevada densidade populacional – e também residencial - a cidade de Barcelona foi “obrigada” a regenerar-se e criar um novo método de planeamento urbano, com foco na qualidade de vida, tanto para viver, como para trabalhar.

A base do novo e bem sucedido modelo de ordenamento de território de Barcelona iniciou-se em 1859(1) no bairro L'Eixample (literalmente “expansão), desenvolvido e pensado pelo engenheiro Ildefons Cerdà.

O bairro foi planeado e construído seguindo um modelo de grelha dividido em quarteirões com amplas ruas para circulação de automóveis (mesmo antes deles existirem como os conhecemos) e que permitisse uma boa circulação de ar entre as ruas.

Este novo padrão de desenvolvimento espalhou-se rapidamente para conectar Barcelona às cidades periféricas, que foram incorporadas na cidade na viragem do século.

Apesar de todos os esforços, atualmente a cidade de Barcelona sofre com alguns problemas, devido à sua alta densidade populacional (15.992,2 hab/km2)(2) e à elevada quantidade de turistas que recebe todo o ano.

Segundo um estudo realizado em dezembro de 2017, os principais problemas para os moradores da região são a situação política atual, a poluição e o turismo, sendo este último o principal problema, já analisado num estudo de junho 2017.

No que diz respeito à poluição, tal como o que ocorre noutras grandes metrópoles, como Paris ou Londres, Barcelona sofre com a má qualidade do ar, superando os limites de alguns poluentes estabelecidos pela União Europeia (UE).

Um dos principais focos de emissão destes poluentes reside na quantidade de automóveis(6), sendo Barcelona uma das cidades com maior concentração de veículos da Europa. Além disso, temos as atividades portuárias, o elevado número de tráfego e atividade aérea,a forte zona industrial, bem como fatores naturais: é uma região montanhosa que impede a circulação do vento e, consequentemente, a dispersão dos poluentes.

NDa mesma forma que no século passado a cidade se renovou para solucionar os problemas relacionados com a elevada densidade populacional, os projetos e planos para os temas ambientais são cada vez mais recorrentes, com grande apoio dos cidadãos e do governo local. Um exemplo do que está a ser agora implementando é o Plano de mobilidade Urbana de Barcelona

Os principais objetivos deste plano são:

· Mobilidade em segurança;

· Mobilidade sustentável;

· Mobilidade equitativa;

· Mobilidade eficiente;

No plano acima referido, uma das principais ações é a aposta nos meios de transporte não contaminantes, como a bicicleta.

A cidade de Barcelona conta já com centenas de quilómetros de ciclovias e serviços de utilização de bicicletas partilhadas (Bicing, ver artigo já publicado por uma colega contacto C21) e, recentemente, implementou um novo conjunto de medidas e estratégias para a utilização deste meio de transporte ecofriend, que contempla uma ampliação e melhoria da infraestrtura das ciclovias, garantindo maior segurança aos ciclistas e ações para minimizar conflitos com os demais utilziadores das vias públicas.

No plano acima mencionado, outra ação que está a ser desenvolvida na cidade é a criação dos “Modelos de Superblocos” ( em catalão superilles). Este modelo tem como objetivo “devolver” a cidade às pessoas e reduzir a poluição (Vídeo explicativo).

Os Superblocos são modelos de mobilidades que reestruturam o típico sistema de circulação urbana. Este novo modelo tem como base polígonos, de aproximadamente 400x400 metros, com componentes internos e externos. O interno (intervia) é fechado para meios de transporte motorizados e parques de estacionamentos a nível do solo, dando preferência aos peões com limite máximo de velocidade de 10km/h, parques subterrâneos e circulação de veículos apenas para residentes ou serviços urbanos, designadamente de emergência. Já no exterior (perímetro), é permitida a circulalação de veículos motorizados e as clássicas ruas de circulação.

Superblocos Fonte: Urban Mobility Plan of Barcelona 2013-2018 (Outubro 2014)

Superblocos Fonte: Urban Mobility Plan of Barcelona 2013-2018 (Outubro 2014)

Para os superblocos, o governo de Barcelona tem planeado 6 objetivos principais:

1 - Maior mobilidade sustentável;

2 - Revitalização de espaços públicos;

3 - Promover a biodiversidade e espaços verdes;

4 - Promover a coesão social e o tecido social urbano;

5 - Promver a auto-suficiência no uso de recursos;

6 - Integração de processos de governança.

Os superblocos já começaram a ser implementados em alguns bairros da cidade(8) e existem mais de 100 outras potenciais interseções.

Superblocos. Fonte: Urban Mobility Plan of Barcelona 2013-2018 (Outubro 2014)

Superblocos. Fonte: Urban Mobility Plan of Barcelona 2013-2018 (Outubro 2014)

Barcelona oferece um ótimo exemplo de crescimento urbano em simbiose com o meio ambiente.

Além dos seus constrastes naturais, montanha/mar, da sua arquitetura que combina edifícios modernos e tecnológicos, com a arquitetura organica e naturalista de Gaudí, a cidade comprova que os temas de urbanização e ordenamento de território de modo sustentável não estão em sentidos tão constrários e impossíveis de alcançar como poderia parecer.

Aliás, já os “radicais” engenheiros do século passado tinham assinalado essa possibilidade de coexistência.

Created By: Carlos Alberto Ferreira Júnior
Published: 31-01-2019 12:40

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