Portugal tem uma relação privilegiada com Moçambique. De todas as ex-colónias portuguesas em África, será aquela com um dos povos mais amigável e com muito potencial para o desenvolvimento, criando, como tal, boas oportunidades para as empresas portuguesas se implantarem e, a partir daí, expandirem-se para os diferentes mercados africanos.
Entre diversas comunidades às quais Moçambique pertence, é também membro da SADC (Southern Africa Development Community) do qual fazem parte a África do Sul, Angola, Botswana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícia, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbabwe e as ilhas Seicheles (SADC 2017).
A entrada no mercado Moçambicano permite o acesso a estas economias com grande potencial de crescimento devido aos seus recursos naturais, assim como ao solo fértil que é possível encontrar.
O investimento em infraestruturas é, entre outros, um dos grandes tópicos da SADC, tendo sido assinado o Plano Geral de Desenvolvimento de Regional de Infraestruturas (Regional Infrastructure Development Master Plan) - SADC 2017 em agosto de 2012 durante o SADC Summit
Nesta área as empresas portuguesas poderão desempenhar um importante papel, já que a SADC prevê atuação neste tópico, com previsões para curto, médio e longo prazo.
O mercado da construção sempre foi um ramo no qual um grande número de empresas portuguesas se estabeleceu. Desde empresas de construção a empresas fornecedoras de materiais de construção, assim como empresas de estudos e projetos de engenharia. As empresas de construção portuguesas apresentam um grande know-how técnico e o passado histórico de relações com Moçambique permite-lhes estabelecerem-se e relacionar-se com maior facilidade que empresas de outras origens. Estas capacidades permitem, apesar da crise e mal estar económico, que algumas empresas portuguesas consigam ganhar obras de elevada importância e de grandes dimensões (Ribeiro 2017) (Laranjeiro 2017).
Mas não só as empresas de grande dimensão que têm acesso ao mercado moçambicano, existem pequenas empreitadas financiadas internamente e que permitem a empresas mais pequenas prosperar.
Todos os países pertencentes ao SADC apresentam défices ao nível das infraestruturas (rodoviárias, ferroviárias, portuárias e aeroportuárias). Estas são fulcrais para o escoamento de qualquer produto, quer a nível interno, quer a nível externo. Caso será o de uma obra que se encontra a ser executada pela empresa portuguesa Mota-Engil no município de Chókwè, província de Gaza.
Esta é uma obra de reabilitação, financiada pelo Banco Mundial, de uma estrada destruída pelas cheias de 2013 e que serve como principal via para o escoamento de bens alimentares desta importante zona agrícola do país, assim como ponto de ligação à fronteira com o Zimbabwe e a África do Sul.
A maior dificuldade de Moçambique no ramo da construção será o acesso a financiamento para efetuar as empreitadas. Obras de infraestruturas, maioritariamente encomendadas pelo Governo, carecem recorrentemente de financiamento externo e, como tal, são processos penosos, exemplo disto é o da obra de reabilitação da estrada em Chókwè – Gaza a ser executada pela Mota-Engil, cujo pedido de financiamento foi feito em 2014, embora a obra apenas tenha tido início em Março de 2017.
O difícil acesso ao crédito bancário e as elevadas taxas de juros dificultam investimentos privados, ainda assim os edifícios de habitação e escritórios continuam a ser vistos como investimentos seguros numa época de crise económica. (Imobiliário 2017).
Referências:
Imobiliário, Diário. 23 de Fevereiro de 2017.
http://www.diarioimobiliario.pt/index.php/Actualidade/Internacional/Mocambique-imobiliario-continua-a-ser-investimento-refugio
Laranjeiro, Ana. Jornal de Negócios. 03 de Fevereiro de 2017. http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/construcao/detalhe/mota-engil-confirma-adjudicacao-de-contrato-na-tanzania?ref=DET_relacionadas.
Ribeiro, Sara. Jornal de Negócios. 13 de Março de 2017. http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/construcao/detalhe/mota-engil-ganha-concurso-de-23-mil-milhoes-de-dolares-em-mocambique.
SADC. 2017. http://www.sadc.int/