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Vinhos Portugueses e reconhecimento Internacional - Macau

David Soares Cebola | C21 | Agência Superar Limitada | Macau, China

Situado no ponto mais ocidental da Europa, com pouco mais de 92 mil quilómetros quadrados de superfície, Portugal caracteriza-se por ter condições climatéricas singulares, quer pelo elevado número de dias de sol por ano, quer pela amplitude térmica que regista, ou mesmo pela topografia do território.

Apesar da sua dimensão reduzida apresenta uma grande diversidade climática e de solos, que varia significativamente de região para região e que proporciona condições perfeitas para a maturação de alguns tipos de uvas. Isto resulta numa vasta quantidade de castas autótones (quase 300), permitindo produzir diversos estilos de vinho, com caracteres muito distintos, e adequados às mais diferentes situações.

Nos tintos destacam-se castas como a Touriga Nacional, a Baga ou a Touriga Franca; nos brancos têm um especial relevo as castas de Alvarinho, Arinto ou Moscatel. De referir também a oferta de produtos completamente diferenciadores, como o Vinho do Porto ou da Madeira.

A origem do vinho em Portugal está envolta em misticismo, não se sabendo com certeza qual a altura exata em que surgiu. Desde cerca de 2000 A.C. que há indícios da sua produção no nosso território, pensando-se que seria utilizado como moeda de troca pela civilização de Tartessos.

A partir daí a cultura da vinha e o papel do vinho foram assumindo uma importância cada vez maior na vida dos povos e, com a chegada dos romanos à Península Ibérica veio a necessidade de produzir em larga escala. O desenvolvimento de Roma fez disparar a procura para níveis a que as vinhas locais não conseguiam dar resposta, cabendo às colónias satisfazer as necessidades da capital do Império.

Também a expansão do Cristianismo, nos séculos VI e VII, viria a ser decisiva para alargar os horizontes do vinho, conferindo-lhe um valor simbólico de extrema importância, e alargando o seu alcance e o seu consumo.

Esta forte herança histórica deixou vestígios até aos dias de hoje. Não é raro observar-se a passagem de adegas de geração em geração, o que garante não só uma cultura de qualidade e exigência, como também a manutenção de métodos tradicionais, como a seleção de uvas à mão, a pisa a pé ou a maturação (e mesmo distribuição) do vinho em talhas.

Não obstante, os produtores portugueses também estão atentos às melhores e mais recentes tecnologias e têm sabido aliar, com mestria, as técnicas ancestrais às mais inovadoras.

Com a agricultura orgânica certificada a ganhar cada vez mais expressão no nosso país, o vinho português é um vinho bastante gastronómico que, pelos seus graus únicos de acidez, se revela capaz de combinar até com pratos mais complexos. Tudo isto o torna reconhecido internacionalmente, tendo já arrecadado inúmeros prémios.

A participação em concursos vínicos é uma das estratégias adotadas pelas empresas nacionais para cimentar o posicionamento diferenciador dos nossos vinhos.

O reconhecimento por parte dos mais conceituados críticos internacionais funciona como um certificado de excelência, conferindo credibilidade e prestígio aos vinhos portugueses e dá-lhes uma grande visibilidade.

Também a participação em feiras da especialidade ou a forte presença dos produtores nos mercados mais relevantes – através de viagens, representação ou mesmo de importadores portugueses – dão um importante contributo para a afirmação do nosso vinho e para que a sua convivência com os vinhos de maior notoriedade se torne natural.

Em Macau ainda se verifica uma forte presença da cultura lusitana. Desde a característica calçada, ao nome das ruas escrito na nossa língua, passando pelos restaurantes portugueses que se encontram ao virar de cada esquina, não faltam motivos para nos sentirmos em casa. Estes últimos acabam por ser o principal ponto de promoção do nosso país. Num ambiente bem português, a decoração é feita com bandeiras, cachecóis e outros símbolos de Portugal, como o Galo de Barcelos ou o Zé Povinho; o menu é composto pelos mais variados pratos típicos, que vêm acompanhados por uma vasta oferta de vinhos nacionais. Os hospitaleiros proprietários são, na sua maioria, orgulhosos portugueses e dizem que mesmo os locais não conseguem ficar indiferentes à nossa gastronomia, tornando sempre a visitar os seus estabelecimentos.

Dentro de Portugal, também são feitos esforços para promover o vinho produzido no nosso país. O Enoturismo tem vindo a crescer nos últimos anos e é uma estratégia frequentemente adotada pelos maiores produtores, com resultados positivos.

Entre as atividades que se realizam, destaquemos as provas de vinho, visitas guiadas a vinhas e instalações, food pairing e os cursos vínicos, pelo papel essencial que desempenham no fomento do consumo de vinho, na formação que oferecem ao cliente e na criação de afinidade e confiança nos nossos produtos.

Ir ao encontro dos gostos do consumidor sem perder a qualidade e autenticidade do nosso vinho, é o desafio que se coloca hoje em dia. Se, por um lado há quem defenda que nos devemos manter fiéis às técnicas que utilizamos desde sempre, às nossas uvas e à nossa tradição, por outro há quem afirme que nos devemos adaptar ao mercado em que estamos inseridos e saber mudar e evoluir de acordo com as preferências e exigências do consumidor.

No entanto, o ideal talvez fosse uma solução intermédia. O nosso foco deve ser proteger o que nos torna únicos, sem esquecer a necessidade de ter uma oferta que permita ganhar confiança e apresentar a nossa identidade de forma gradual.

Em Macau, verifica-se frequentemente a opção de adaptar a imagem do produto, alterando-se os rótulos e os nomes dos artigos em conformidade com a cultura local, não prejudicando o vinho em si.

Outra solução adotada pelos produtores é misturar castas nacionais com castas estrangeiras mais reconhecidas. Desta forma é possível entrar progressivamente nos mercados, já que os apreciadores de vinho vão identificar imediatamente a qualidade do produto, ao mesmo tempo que terão oportunidade de se habituarem e desenvolverem o gosto pelo que é originalmente nosso.

“O vinho português é o melhor do Mundo, mas só nós é que o bebemos”. Esta era uma ideia que se veiculava muitas vezes em conversas entre portugueses. Hoje em dia, esta afirmação já não está correta, o nosso vinho está a ultrapassar fronteiras e a conquistar a crítica internacional.

A adaptação e a inovação são necessárias, mas o que torna o nosso vinho único e especial continua bem presente.

Created By: David Soares Cebola
Published: 20-02-2018 11:24

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