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Desafios no combate ao desemprego no Reino Unido

Tiago Amândio Afonso Pinheiro | C20 | Banco Comercial Português | Londres, Reino Unido

Introdução

Com a crescente evolução da Economia em geral, e as crescentes exigências do mercado laboral, torna-se cada vez mais difícil para os jovens ingressarem no mesmo e conseguirem uma evolução contínua.

No Reino Unido, este flagelo reflete-se da forma como em todos os países da UE, sendo a taxa de Desemprego Jovem mais do dobro do que a taxa de Desemprego Geral.

Como em qualquer economia evoluída, o Governo Britânico tem tomado medidas para combater esta praga que tem efeitos na Economia, não só imediatos, mas a médio e longo-prazo.

Prevê-se que o BREXIT em nada venha ajudar a diminuir estes índices. As grandes empresas já afirmaram que existirão alterações, principalmente aquelas cuja sede se encontra no Reino Unido.

As empresas de serviços irão reestruturar-se de forma a prevenir-se contra as consequências desta saída e isso, naturalmente, irá traduzir-se em realocação de postos de trabalho, o que fará estes números aumentarem. Isto afeta particularmente os jovens, uma vez que a classe laboral mais jovem apresenta índices de formação superior.

O Reino Unido como país

O Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte é composto por quatro países. Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte integram aquela que é a 5ª maior economia mundial. Sendo uma potência a nível económico, militar e histórico, o Reino Unido mantem uma posição de destaque/ liderança em todos as organizações que integra (G7, G20, NATO, ONU e União Europeia).

Londres é a capital e o centro económico, não só do Reino Unido, como também da União Europeia. Tem 8,400,00 habitantes e era, até há pouco tempo, a cidade mais visitada do mundo.

Economicamente, o “Bank of England” é o banco central do Reino Unido, sendo o responsável pela emissão de moeda (Libra Esterlina - GBP).

Este é um país gerido parcialmente através de um mercado de capitais (o Governo não tem influência direta na evolução da economia). Londres define-se como a capital financeira, não só do Reino Unido, como de toda a Europa. Das 500 maiores empresas europeias, mais de 100 têm a sua base na capital britânica, sendo que, ao lado de Tóquio e de Nova Iorque, é um dos centros financeiros do mundo. Edimburgo é também um dos maiores centros financeiros europeus (43% dos habitantes desta cidade são graduados ou têm formação profissional).

Naturalmente, os serviços representam 73% do valor de toda a economia britânica. Outras Indústrias de destaque são a do Turismo (6º país mais visitado no mundo) e a criativa (7% da economia total).

Industrialmente, o Reino Unido foi pioneiro na Revolução. Teve como base o setor têxtil, sendo acompanhado pelo setor metalúrgico e pela construção de navios. Este desenvolvimento foi crucial para que os Britânicos conseguissem alcançar uma posição de liderança no “trade market”.

Vantagem essa que acabou por ser abalada assim que outras nações alcançaram também esse desenvolvimento. A participação nas duas Guerras Mundiais contribuíu também para o declínio da economia industrial, ao longo do século XX.

Sinal desta evolução é o setor da Agricultura, em que 60% desta atividade é produzida por 1.6% dos trabalhadores, devido maioritariamente à evolução tecnológica neste setor.

Desemprego no Reino Unido

Desemprego

Desemprego

Como podemos ver no gráfico acima, o Reino Unido segue as normas definidas pela Organização Internacional de Trabalho, sendo que classifica como desempregado alguém que procura ativamente trabalho, num passado recente.

Comparando a situação do Desemprego em geral, com a situação de Desemprego Jovem, deparamo-nos com as seguintes situações:

Gráfico relativo à evolução da taxa de desemprego no Reino Unido

Gráfico relativo à evolução da taxa de desemprego no Reino Unido

Gráfico relativo à evolução da taxa de desemprego jovem no Reino Unido

Gráfico relativo à evolução da taxa de desemprego jovem no Reino Unido

Podemos constatar que as tendências de evolução da taxa de Desemprego, geral e jovem, apesar de apresentarem a mesma trajetória, refletem números bastante diferentes. Numa análise a dez anos, a taxa de Desemprego geral, que se verificou no Reino Unido, atingiu um máximo de 8.1% em Outubro de 2011. No mesmo período, a taxa de Desemprego Jovem atingiu um máximo de duas décadas ficando nos 21.3%. As principais razões são a diminuição significativa do emprego “part-time”, o que fez com que empresas encerrassem postos de trabalho de menor relevância nas mesmas, bem como a situação sócio económica do país, assim como de toda a Economia em geral.

O próprio Governo cortou 111,000 postos de trabalho. Outros argumentos, e que nesta taxa de Desemprego Jovem não estão particularmente visíveis, são as condições atuais do mercado de trabalho que fazem atenuar estes números. O facto de os jovens trabalhadores se submeterem a piores condições de trabalho, como horários menos flexíveis, menores salários, trabalhos mais precários, faz com que a entrada de novos trabalhadores no mundo do trabalho seja mais dificultada.

Falando numa perspetiva Europeia deste flagelo, em Maio de 2014, a taxa de Desemprego Jovem, na UE, era de 22.2%. Isto significa que, 1 em cada 5 jovens, não têm lugar no mercado de trabalho. Em Portugal, a taxa situava-se nos 34%. Em Espanha ou na Grécia 1 em cada 2 jovens não têm emprego.

Consequências e possíveis soluções

As crises económicas sempre tiveram particular incidência no Desemprego Jovem. Os que têm uma menor formação são os principais afetados por esta evolução negativa da Economia.

O facto de empresas não terem recursos para a criação de emprego torna difícil o acesso ao mercado de trabalhadores com menor formação escolar, uma vez que a evolução de conhecimentos nas áreas económicas e tecnológicas e uma crescente globalização, requerem menos suporte de um grupo com menor formação.

No Reino Unido, o combate ao Desemprego Jovem teve como adversidades os diversos cortes efetuados pelo Governo, a programas como o Future Jobs Fund ou o Education Support Allowance, que se destinavam ao apoio e preparação do segmento mais jovem da sociedade trabalhadora. O Governo, no curto-prazo, pretende combater estas medidas através de incentivos à criação de “entry-jobs” ou a “Graduate Programs” (o equivalente ao estágio IEFP em Portugal), que nem sempre se traduz em absorção, por parte das empresas, desses mesmos trabalhadores. São trabalhos que requerem “soft-skills”, e que exigem que os trabalhadores estejam prontos a desempenhar a função desde o primeiro dia, situação para a qual os estudantes que saem do Ensino Universitário não estão preparados.

A mobilidade apresenta-se como uma das possíveis soluções, uma vez que existe maior predisposição, por parte desta classe laboral, para se realocar noutro país. Programas como o Youth in Move, apoiados pela UE são exemplo disso, que faz parte de um investimento total de €6.4 mil milhões dedicados a este tipo de iniciativas. Medidas como a evolução do sistema de Ensino para uma preparação mais focada em termos práticos existentes no sistema de trabalho, do que nos termos teóricos em que se baseia atualmente, na maior parte dos cursos, podem contribuir de forma positiva para a integração mais rápidas no mercado de trabalho, e que faria aumentar a qualidade com que a mesma acontece.

Outras alternativas que podem e já estão a ser postas em práticas, para reduzir os números do desemprego e aumento da força da Economia, são o corte nos impostos ou a redução das taxas de juro, que farão com que se torne mais atrativo investir na Economia atual e apostar na criação de Emprego (com os níveis de confiança atuais não parece uma tarefa fácil). Estas medidas tornam-se particularmente complicadas, uma vez que o sistema bancário e financeiro, que davam suporte às empresas, apresentam-se ainda de forma bastante debilitada, consequências, ainda, do crash financeiro de 2007.

Para além disto, os Governos pretendem facilitar a mobilidade dos empregos, causando menos entraves aos despedimentos, o que não é necessariamente uma dinamização positiva do mercado de trabalho.

Aproveitando esta Era Tecnológica, hoje em dia existem centenas de plataformas digitais que ajudam na procura de Emprego. Plataformas como o Linkedin, empresas de recrutamento como a Hays ou sites como o Indeed, são ferramentas essenciais para quem procura um novo emprego ou pretende substituir o atual. Particularmente no Reino Unido, existem apps para todo o tipo de trabalho, necessitando de formação ou não.

Esta é, sem dúvida, a forma que as empresas no Reino Unido mais utilizam para divulgarem as suas ofertas de emprego.

Conclusão

Com as condições atuais do mercado de trabalho, focadas no aumento do poder económico das empresas (não só no UK, mas no mundo em geral), torna-se difícil aos novos trabalhadores encontrarem forma de encaixar e se destacar no mesmo.

A saída do Reino Unido da UE não ajuda a que este rácio diminua, uma vez que se prevê uma diminuição, a curto e médio-prazo, o que irá diminuir a criação de emprego. Armas como a iniciativa própria, uma contínua formação e evolução do conhecimento, são as alternativas que os jovens terão para singrar no mercado de trabalho e atingir os objetivos individuais de cada sujeito.

Created By: Isabel Azevedo
Published: 30-03-2017 16:06

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