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Uniformização e/ ou diferenciação no design em Maputo, Moçambique

Hara Alexandrino | C20 | Designer/Marketeer Sumol+Compal, Lda | Maputo, Moçambique 2016

"Na medida em que os produtos estão cada vez mais similares em questões de funcionalidade e tecnologia, fica a cargo do processo de design ser o elemento diferenciador." - Santos

Em Moçambique, a prática do design é inversamente proporcional à quantidade de publicidade e partilha de informação que se vê nas ruas de Maputo. Se, por um lado, existe comunicação em excesso, por outro lado, nada comunica.

O conceito de design como diferenciador e informativo, ainda é muito rudimentar. Os suportes de comunicação ainda não estão adaptados para o tipo de comércio que existe em Maputo. Para se poder explicar a prática do design em Maputo é necessário um breve enquadramento ao comércio e ao quotidiano moçambicano.

Composta por imenso movimento e confusão, toda a comunicação visual sente-se da mesma forma. Porém, cor e forma existem em abundância no dia-a-dia. A famosa capulana, um pano retangular de algodão, misturado com fibras sintéticas, com motivos estampados e cores fortes, é um dos elementos visuais mais caraterísticos de Moçambique. É usado por quase todas as mulheres moçambicanas.

As estampas usadas nas capulanas representam a flora e fauna das savanas de Moçambique e também desenhos geométricos marcados pela forte influência árabe. A capulana, com os diferentes usos quotidianos torna-se um adereço tradicional.

Esta adquiriu diversos significados que ficaram enraizados ao longo do tempo e que se tornaram um elemento de representação da cultura local. Hoje em dia, através das suas cores, usos e estampas, a capulana representa a nação, representa grupos distintos e transmite os vários significados dos hábitos e costumes das populações locais.

Quer queiramos, quer não, os padrões, cores fortes e formas estão integrados em toda a parte da cidade. A comunicação não é diferenciadora no sentido em que a grande parte da população pensa na mesma forma de comunicar e o fator “diferenciação” não é ainda muito utilizado nem sinónimo de crescimento económico.

Neste caso podemos dar o exemplo dos vendedores de “chips” que encontramos por toda a cidade. Normalmente são crianças até aos 15 anos de idade, e quando encontramos um vendedor de “chips” não encontramos apenas um, encontramos sempre mais.

O que vendem e como vendem é idêntico entre eles, o que faz o consumidor comprar ao primeiro que lhe aparecer e não por ter possibilidade de escolher diferente. As publicidades e a comunicação visual são vistas da mesma forma. Tudo muito idêntico mas, ao mesmo tempo, muito caraterístico, devido às cores, formas e significados caraterísticos desta terra, também ela rica em diferenças e significados. Pode dizer-se que o uso do design deve ser feito como um ativo estratégico para as empresas se diferenciarem. Os projetos necessitam de uma visão mais abrangente, não focando apenas no produto, mas em toda a sua cadeia de valor - o consumidor e a sua experiência, o mercado, a comunicação -, aumentando assim a complexidade e o número de fatores a considerar dentro de um projeto de design.

É necessária uma educação a nível da comunicação visual, mais coerente e diferenciadora. Contudo, o potencial de crescimento neste nível é espantosamente grande aqui em Moçambique, devido ao facto de toda esta cultura ser tão heterogénea e cheia de significados peculiares.

Created By: Hara Mendes Alexandrino
Published: 19-10-2017 19:00

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