Com o advento da globalização, o design teve um papel de grande importância em disseminar informação, produtos e conteúdo pelos quatro cantos do mundo.
Na verdade, nunca tinha pensado no design em países em desenvolvimento. Podem imaginar a minha surpresa quando descobri que vinha para Moçambique estagiar 6 meses na minha área de formação – Web e UX Design.
Neste artigo vou-vos falar da experiência até agora e a minha visão deste mercado.
Nas primeiras semanas, após ter chegado a Maputo, percebi 3 coisas:
1. O Design é uma disciplina inserida numa aldeia global;
2. O Design é uma disciplina local;
3. Ambos trabalham em conjunto.
Design é uma disciplina inserida numa aldeia global
Obviamente que o design é algo global, na medida em que é feito por pessoas para pessoas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das mesmas. O que realmente quero dizer com isto é que há certas maneiras de apresentar um produto que são válidas tanto na Europa e EUA (Ocidentais) como, por exemplo, no Japão ou China (Orientais). A diferença de culturas é bastante maior do que, por exemplo, em Moçambique, mais especificamente em Maputo, que teve e continua a ter influência Ocidental.
Falo especialmente de coisas essenciais como o aspeto de um título numa página web, um botão numa aplicação móvel e até o tipo de emoções que algumas cores desencadeiam nas pessoas.
Tudo isto é global: a estética das coisas muda com grande frequência, mas o comportamento humano é mais lento. Evolui à velocidade “biológica”, ao longo de várias gerações, assim como a seleção natural das espécies. Por isso há coisas que são válidas globalmente e continuarão a ser durante muito tempo.
O Design é uma disciplina local
Uma das vertentes não globais é a cultura local. Embora tenha sido ocidentalizado, Moçambique continua forte na sua tradição e cultura, o que gera outra abordagem no design. Definitivamente mais local e à imagem de um moçambicano.
Exemplos disso são os padrões coloridos das capulanas, a vivacidade das cores em cartazes alusivos a eventos e até mesmo nos sites de pequenas empresas locais.
Eu sei que aqui não consigo agradar a um cliente moçambicano fiel às suas origens com designs minimalistas - tendência global da área - pois o seu verdadeiro apelo vai de encontro a produções mais garridas em cor. É uma visão muito mais visceral do design e estimula uma reação quase instantânea da pessoa que está exposta ao produto.
Ambos trabalham em conjunto
Uma das vertentes não globais é a cultura local. Embora tenha sido ocidentalizado, Moçambique continua forte na sua tradição e cultura, o que gera outra abordagem no design. Definitivamente mais local e à imagem de um moçambicano.Um bom produto não sacrifica a funcionalidade pela estética, embora existam, em várias partes do mundo, produtos que não cumpram com esses requisitos.
Em Maputo, tive a oportunidade de me cruzar com vários designers de outras empresas e percebi que, embora a necessidade de agradar ao povo moçambicano obviamente exista, estas grandes empresas não sacrificam a funcionalidade dos seus produtos.
Há que encontrar um equilíbrio que junte a funcionalidade e usabilidade de um produto com o prazer e agrado de o usar. Estas empresas moçambicanas fazem exatamente isso: casam as cores, a tradição e a cultura do seu país com a estrutura forte de um design funcional com raízes globais.
É claro que, ao longo do tempo e à medida que Moçambique caminha para o desenvolvimento do seu país, também o seu povo, estando exposto a esta grande rede que é a Internet, irá caminhar na direção de uma estética global. Talvez em detrimento de si próprio, talvez em seu benefício.
Essa é a dualidade da Globalização.