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A inevitabilidade da formação de quadros em Angola

Rui Assunção Gamelas | C19 | TPF Angola | Luanda, Angola

Angola, localizada na costa oeste da África subsariana, é um país com cerca de 21,43 milhões de habitantes, fazendo fronteira a Norte e Noroeste com a República Democrática do Congo, a Este com a Zâmbia e a Sul com a Namíbia.

Trata-se de uma ex-colónia portuguesa (até 1975), tendo enfrentado uma guerra civil de quase vinte e sete anos (1975 a 2002, intercalados por alguns períodos de paz).

Essa guerra trouxe consequências devastadoras para o país, estimando-se que tenham morrido entre quinhentos mil a um milhão de pessoas, que existam cerca de quatro milhões de armas por recolher, dez milhões de minas explosivas, bem como mais de um milhão de pessoas que se viram obrigadas a deslocar-se dentro do próprio país. Face a estes dados estatísticos, é facilmente verificável o atraso que o país sofreu no desenvolvimento, quer a nível económico quer a nível social, no qual se inclui a área da educação.

A título exemplificativo, estima-se que durante o período da guerra civil cerca de metade das escolas angolanas tenham sido saqueadas e destruídas.

Desta forma, com o final da guerra, foi necessário investir na educação e consequente formação de quadros. Apesar desse investimento ter sido efetuado, pelo que me foi possível constatar o mesmo pode não ter sido feito da forma mais adequada: Criou-se a ideia de que, uma vez feito esse investimento inicial, todos deveriam ser “doutores e engenheiros”.

Desta forma, descurou-se a obrigatoriedade de começar o processo de formação mais básico, através da criação de programas de formação profissional, com o principal propósito de alteração de mentalidades e com o intuito de atingir níveis de produtividade mais elevados - algo fundamental com vista à recuperação e desenvolvimento da sociedade angolana.

Atualmente, quase toda a mão de obra qualificada existente em Angola é proveniente de países estrangeiros, maioritariamente Portugal, China e Brasil. Ora, tendo em linha de conta que o investimento na formação de quadros leva o seu tempo até que seja possível colher frutos, e que esse mesmo tempo varia em função do grau de formação considerado, é legítimo pensar que hoje em dia existem muitas posições/ funções desempenhadas por estrangeiros que poderiam perfeitamente estar a ser executadas por membros da sociedade angolana, caso o investimento na formação tivesse sido feito de outra forma. Passados treze anos do fim da guerra civil, seria de prever a existência de mais mão de obra profissional qualificada, tais como ladrilhadores, canalizadores, mecânicos, eletricistas, etc…, evitando assim a necessidade de recorrer a mão-de-obra estrangeira.

A meu ver, o investimento na formação de quadros no país onde me encontro poderia ter sido melhor estruturado, de forma mais regrada, procurando não dar passos demasiado grandes, e sempre suportado no propósito da mudança de mentalidade.

Essa mudança de mentalidade é fundamental para a criação de uma classe média trabalhadora, capacitada em termos de competências, e com empregos estáveis, levando à aproximação/ redução da estratificação social atualmente bem visíveis na sociedade angolana.

Em jeito conclusivo, apesar de se tratar da perspetiva de um cidadão que não é africano e que tem pouco tempo de experiência de vida em África, considero que o pressuposto da inevitabilidade na formação de quadros permanece válido, apesar de considerar que o mesmo deva ser reestruturado e adaptado à realidade angolana.

Created By: Rui Assunção Gamelas
Published: 14-10-2015 9:00

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