O Panamá é um dos países da região da América Central que tem tido um crescimento económico mais rápido nos últimos anos. Em média, de 2008 a 2012, registou-se um crescimento de 8%. Como seria de esperar, o mesmo tem sido acompanhado de uma redução da pobreza. Assim, enquanto em 2009 um terço da população (33,4%) era pobre, em 2011 este indicador baixou para 27,6%. No entanto, como em tantos outros países da América Central e Latina, também se verifica que existe demasiada desigualdade.

O Índice de Gini em 2009 era 51.9. Esta desigualdade também é o reflexo de realidades específicas do país como, por exemplo, a existência de comunidades indígenas que vivem em condições muito distintas dos demais panamianos. Não querendo isto dizer que sejam as únicas comunidades que estão nesta situação, uma vez que nas áreas rurais, ou mesmo nas zonas dos subúrbios da capital, também se podem encontrar situações de pobreza extrema, onde há pessoas que não têm acesso a água potável ou electricidade, por exemplo.

Desde que estou no Panamá tive conhecimento de alguns projectos de ajuda ao desenvolvimento e combate à pobreza. Vou mencionar alguns sobre os quais tenho mais informação, uma vez que sou amiga de trabalhadores das mesmas.

A primeira ONG que vou referir chama-se Voces Vitales e foca-se principalmente em ajudar as mulheres a sair da pobreza. Esta organização identificou que existem mais mulheres do que homens na pobreza, devido à sua posição na sociedade. Os dois projectos que estão a desenvolver são:

- apoio ao empreendedorismo;

- apoio a jovens adolescentes grávidas ou com um filho.

O projecto de empreendedorismo pretende dar formação e meios a mulheres que queiram criar o seu negócio, uma vez que é mais difícil para elas terem acesso a este mundo.

No ano passado 30,3% das gravidezes foram registadas em jovens entre os 10 e 19 anos. O facto de terem filhos faz com que estas jovens deixem de estudar e tenham maiores dificuldades financeiras, sendo por isso mais difícil deixar a pobreza. Esta situação gera um ciclo vicioso, visto que os seus filhos vivem também neste ambiente e é-lhes mais complicado sair do mesmo. Veja aqui mais informações .

O Projecto Índigo que foi criado por outro amigo que fiz no Panamá, o Franklin Morales, tem como objectivo principal tornar os jovens em agentes de mudança. Que estes tragam a vontade e a iniciativa de fazer melhor e inovar, para que possam ter mais oportunidades no futuro e possam também contribuir para o desenvolvimento do país e a redução da pobreza. Trata-se de um projecto muito recente, mas que já conseguiu ter efeitos nas vidas de alguns jovens.

Também o Corpo de Paz tem um projecto de ajuda mais direccionado à população indígena. Esta franja da sociedade está mais exposta à pobreza extrema, por viver em zonas isoladas, sem acesso a educação ou outros meios. O Corpo de Paz tem voluntários que vivem com as comunidades indígenas e ajudam a criar melhores condições de vida, como o saneamento básico, bem como ferramentas para que possam ter mais capacidades de desenvolvimento. Também apostam na educação e agricultura como formas de ajudar a sair da pobreza. Veja aqui mais informações .

Outra amiga que conheci trabalhou num projecto com mulheres panamianas, indígenas e não só, para sensibilizá-las para as doenças sexualmente transmissíveis, focando-se maioritariamente no cancro do colo do útero. Depois de compreender quais as necessidades de informação e os mitos existentes na comunidade, desenvolveu um kit educativo para distribuir pelas mulheres panamianas. Este é um projecto muito importante para ajudar a que as mulheres pobres tenham maior acesso à educação sobre a saúde. É de maior relevância ainda, quando sabemos que 48% das panamianas tem este vírus.

Durante estes meses que estive no Panamá também tive a oportunidade de assistir a uma conferência de TEDx na Cidade do Panamá, em que um dos discursos se se debruçava sobre um dos principais problemas das populações pobres – o lixo. Nas zonas mais pobres, mesmo nos subúrbios da cidade, não há um sistema de recolha do lixo eficiente, o que faz com que haja mais casos de dengue e outras doenças. As populações pobres são as mais afectadas por este problema. O projecto de Libby McDonald no Panamá procurou sensibilizar uma das populações indígenas, que vive em ilhas, para a importância da reciclagem e recolha do lixo, de forma a não destruir o lugar onde vivem, e também para que tenham uma vida mais saudável. Veja aqui um vídeo sobre este assunto..

Estas são algumas das iniciativas, das quais tive conhecimento durante a minha estada no Panamá, com o objectivo de contribuírem para o desenvolvimento do país e consequente redução da pobreza.

O próprio governo também tem outros projectos, como por exemplo, feiras de alimentos ao Sábado, Jumbo Feria, em que são vendidos os bens básicos, como arroz, feijão ou leite, a preços mais baixos do que nos supermercados. Este projecto é subsidiado pelo estado e permite às populações terem um acesso mais fácil à alimentação. No entanto, o Panamá está agora num momento de mudança governativa e não se sabe se este e outros projectos serão mantidos.

Definitivamente, ainda há muito por fazer para diminuir a pobreza nos países da América Central e Latina e, principalmente, para reduzir a desigualdade social, que é uma realidade bem visível.

Embora o Panamá seja um dos países que está a desenvolver-se mais rapidamente, e também ainda haja muito por fazer, estes são alguns projectos que poderão ajudar o país a criar um futuro melhor.