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China, um país de contradições
Maria do Carmo Coimbra Sampaio | C13
AICEP- Portugal Global
Xangai | China
 

No contexto nacional chinês, os últimos 200 anos foram ricos em revoluções e/ou quebras com o estabelecido: da China imperialista (que cedeu parcelas de soberania a potências ocidentais), que desapareceu em 1912 aquando da instauração da República por Sun Yat Sem; o período da guerra civil interrompida pela invasão japonesa e retomada aquando da derrota nipónica no âmbito da IIGG; a proclamação da República Popular da China em 1949 após a fuga de Chiang Kai-shek para Taiwan (com o inerente alheamento do resto do mundo), até à abertura progressiva potenciada por Deng Xiaoping no início da década de 70.

 

Todos estes acontecimentos deixaram uma marca profunda neste país, pelo que a China parece uma manta de retalhos. Se tivermos em linha de conta a cidade de Xangai, que sendo muito específica por ser a capital económico-financeira da RPC e parecer estar noutra dimensão, podemos observar como realidades aparentemente tão contraditórias, senão antagónicas, convivem lado a lado.

 

Bairros tipicamente chineses, do princípio do século XX, quase todos em estado muito avançado de degradação, mas muitos deles de uma beleza única (que albergam maioritariamente uma faixa muito desfavorecida da população local) estão muito perto de torres de grandes multinacionais ou mesmo grandes empresas chinesas, pese embora estarem em contagem decrescente para serem demolidos e darem lugar a mais um arranha-céus. Na Old Town, actualmente restaurada ou reconstruída de forma a parecer antiga (por ser uma zona muito turística), bancas/vendas de espetadas, dimsum ou outras especialidades, partilham o espaço com empresas como a McDonald’s ou KFC, que estão tão presentes no quotidiano dos chineses e que têm mesmo um nome em Mandarim. E se bem que almoçar espetadas ou um menu num desses restaurantes fast food não é muito diferente em termos de custo, há um sem fim de restaurantes, lojas de grandes marcas como Gucci ou Cartier espalhadas pela cidade que não nos deixam esquecer o número avassalador de milionários com que nos cruzamos todos os dias.

 

Como em toda a parte, a riqueza não se distribui de forma igual, mas em Xangai – por mais irónico que possa parecer – a diferença entre os muito ricos e os muito pobres parece ser mais difícil de passar despercebida. Mas o mais impressionante é o facto de parecerem existir bens para todas as carteiras. Parece que de alguma maneira há um mecanismo que regula este desfasamento. Qualquer pessoa pode escolher ir a um supermercado como o Cityshop e comprar produtos embalados, com um aspecto imaculado e esterilizado a preço de ouro, ou percorrer um quarteirão de um mercado improvisado num desses bairros e fazer um banquete com meia dúzia de RMB! Um pacote de natas de cozinha custa quase 10 vezes mais do que um quilo de amêijoas frescas! Sem grandes dados para o comprovar, parece-me que entre ir ao supermercado do El Corte Inglés ou a um mercado de fruta e legumes em Lisboa os preços são ligeiramente diferentes, mas não nesta proporção.

 

Contudo, há uma classe média chinesa a emergir e em incubação, fruto de políticas como a de natalidade (um filho por família), que permite a um agregado familiar dispor de um maior número de recursos para essa criança. É constituída por pessoas que tiveram a oportunidade de sair das suas aldeias, estudar nas grandes cidades (Xangai, Pequim, Cantão) e encontrar emprego na área dos serviços, deixando para trás o passado operário ou camponês dos seus pais. Tal como para os muito ricos e os muito pobres, também eles representam um segmento de mercado, segmento esse que está em ascensão e as grandes empresas mundiais seguem atentamente a sua evolução. São eles que se sentam nas mesas do Starbucks, que compram na Zara e que conduzem um Volkswagen, e serão eles a grande massa crítica do Império do Meio.

 

Segundo o famoso estudo da Goldman Sachs, a China, a par do Brasil, da Rússia e da Índia, tornar-se-á a maior força económica do mundo em 2050 e, consequentemente, um dos países com maior poder político e militar. Economia à parte, como estará a China daqui a 40 anos?

 

Created By: Maria do Carmo Coimbra de Melo Vaz de Sampaio
Published: 18-11-2009 8:16

Comments

Shangai

Olá carissima Maria do Carmo. Estou de malas feitas para shangai e achei o seu artigo muito interesante.

Obrigado por partilhar a sua experiencia

André Alexandre Ferreira Geraldes at 21-12-2010 12:17

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