Trata-se de uma experiência muito enriquecedora a nível pessoal, na medida em que testa as capacidades interpessoais dos estagiários a diversas situações, tais como: a necessidade de ter a capacidade de vencer os obstáculos sozinhos, com autonomia, a integração numa cultura e País diferente e a aquisição de costumes e hábitos diferentes dos Europeus.
A nível Macroeconómico, constatei uma mutação crescente, ao nível de Negócios no Mercado em que fui inserido. Na verdade, a particularidade do momento em que me encontrava no estrangeiro, coincidiu com a Crise Financeira Internacional. É de salientar que esta crise internacional teve o seu maior impacto no segundo semestre de 2008.
O Brasil, como mercado emergente, sentiu a crise de forma menos intensa, mas também com implicações na sua economia. Aqui, enquanto cá estive, verifiquei uma recessão técnica, queda da produção na indústria brasileira, estagnação da criação de postos de trabalho, aumento da entrada de divisas no país, referentes investimentos estrangeiros e a um país com uma mentalidade e propensão para o consumo muito superior ao do mercado Europeu.
Trata-se de um mercado muito proteccionista, com bastantes impostos e taxas. Pude constatar que para uma empresa estrangeira que se queira implementar neste mercado, para pagar menos impostos, será mais rentável criar essa mesma empresa de raiz, ou seja, atribuir uma personalidade jurídica de empresa brasileira, apesar dos capitais investidos serem estrangeiros.
Actualmente, verifica-se um grande optimismo neste mercado. O anúncio das cidades para o Campeonato do Mundo de Futebol, que irá ser realizado em 2014, veio alavancar esse optimismo. O espelho disso mesmo, é o próprio Governo a lançar uma série de projectos no sentido de fomentar o investimento tanto de empresas brasileiras como estrangeiras. Programas de incentivo à construção civil (Minha casa, Minha Vida e a outros Investimentos Estatais). Por outro lado, dada a crise financeira internacional, em que as empresas de todo o mundo tiveram que repensar nas suas estratégias internacionais, o Governo do Brasil, começou a adoptar medidas de incentivo ao investimento estrangeiro no País. Enquanto cá estive, o Presidente Lula, assinou um documento, em que facilita a um estrangeiro, a sua permanência no País. Deste modo, pode-se constatar uma maior liberalização da presença de estrangeiros no País.
A nível pessoal, queria também mostrar a minha inadaptação ao costume e hábito da famosa taxa dos 10%. Não consigo compreender a taxa facultativa de serviço na Restauração e Hotelaria dos 10% que por cá se pratica. Para nós Europeus, quando nos apresentam uma conta para pagar, com o descritivo de total, partimos do princípio que temos a obrigação de pagar esse valor. Contudo, no Brasil, quando surge essa situação, podemos decidir se pagamos ou não 10% desse valor total. O problema é mesmo esse, ou seja, é que nós na Europa, temos o hábito de pagar o valor que nos é apresentado nessa mesma conta, parecendo, desta forma que estas a ser obrigado a dar “gorjeta”.
Apesar de ter vivido, estes seis meses em São Paulo, e de achar um Estado diferente do resto do Brasil, considero o povo brasileiro patriota, acolhedor e com um desconhecimento total da Cultura e Desenvolvimento de Portugal. A falta de investimentos de empresas Brasileiras no Mercado Português não é por acaso. Temos que dar mais imagem de Portugal no Brasil.