Rita Amaro | C13
TIMwe
São Paulo| Brasil
Li num artigo da revista Veja que um estudo da Gallup Organization tentou identificar a relação entre amizade e satisfação profissional, revelando que, quem tem um amigo no trabalho é sete vezes mais produtivo, criativo e envolvido nos projectos da empresa, do que o funcionário que mantém um relacionamento frio e distante com os colegas. Achei que era o tema perfeito para o meu artigo de opinião, já que o factor que mais tem marcado a minha passagem pelo Brasil é o ambiente de trabalho fantástico em que fui integrada.
Uma segunda-feira cheguei ao escritório e estava todo remodelado. Na minha mesa tinha um envelope que dizia Gente que rala em harmonia... e dentro explicava a iniciativa: Foi com todo o carinho, dor nas costas, nas pernas, nos braços, nos dedos, que isso foi feito para vocês. Não houve a menor pretensão de fazer um trabalho profissional, por isso não encha o saco se perceber pequenos defeitos – ou mesmo grandes!
Chega de paredes brancas e um escritório sem vida. Que venham as cores, os pufes, as balinhas na sala de reunião para quebrar o clima azedo que às vezes fica por lá, e mais um monte de detalhes “bobos” – mas que esperamos que façam uma diferença danada.
Não importa que a Exame não nos escolha para a lista do ‘Great Places to Work’. Eles é que perdem por não descobrir uma empresa com pessoas como você. E contamos justamente com você para que a gente tenha cada dia mais prazer em trabalhar aqui. Stresses? Sempre existirão. Mas pelo menos agora são mais coloridos. Um beijo de boas vindas ao nosso novo escritório.
Três pessoas tinham dedicado o fim de semana a colorir e renovar o ambiente do escritório e o resultado foi sensacional! Esta iniciativa, juntamente com muitas outras (happy-hour última quinta do mês, pequenos-almoços às sextas, etc.) têm criado um ambiente de trabalho invejável e uma relação de amizade e espírito de equipa incríveis, que fazem com que eu vá trabalhar todos os dias cheia de vontade e com um sorriso na cara.
Numa sociedade cada vez mais individualista, onde a grande maioria das pessoas passa, no minimo, 50% do tempo que está acordada no trabalho, parece-me inacreditável que ainda haja escritórios onde colegas de trabalho pouco ou nada se relacionem. É fundamental criar laços com as pessoas com quem convivemos diariamente grande parte do nosso tempo, não só para a nossa saúde mental, mas também porque um melhor aproveitamento é conseguido quando as pessoas se sentem comprometidas com a organização e equipa em que trabalham. É dada pouca importância a coisas simples como ter alguém com quem conversar, pedir conselhos, ou mesmo partilhar um olhar de cumplicidade, mas são pormenores que podem fazer toda a diferença e contribuir em muito para a produtividade da empresa. Quando a relação das pessoas é fluída e positiva, a comunicação fica mais fácil, o tempo despendido na coordenação de actividades de equipa é menor, os processos de resolução de problemas são mais dinâmicos e torna-se mais simples reunir diferentes perspectivas e expertises num único ambiente, pois existe um maior sentido de cooperação. O empenho de uma pessoa num ambiente de trabalho sério, pouco pessoal e com relações débeis é bastante inferior – toda a sua produtividade fica afectada, pois grande parte do tempo a pessoa fica consumida a gerir emoções.
Talvez por ser um país tropical, com pessoas mais emotivas, no Brasil presta-se mais atenção às emoções e investe-se mais nas relações interpessoais. Fala-se muito em Inteligência Emocional nos dias de hoje, mas nem todos entendem o seu real significado e utilidade. Num mercado cada vez mais inseguro, onde a competitividade e tensão reinam, acredito que as empresas que, não só sabem gerir pessoas, mas também as suas expectativas e emoções, saem a ganhar, promovendo um ambiente de trabalho saudável, acolhedor e divertido que estimula o empenho e criatividade dos seus trabalhadores.