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Problemas sociais nos Países que integram a CPLP (Maputo/ Moçambique)

André Correia Coimbra Mano | C18

Técnica Industrial Moçambique SARL | Maputo

Moçambique

Problemas sociais na cidade de Maputo

A cidade de Maputo apresenta grandes e também distintos problemas urbanos. Alguns deles saltam imediatamente à vista assim que saímos do aeroporto. Destacam-se os seguintes:

Falta de esgotos e abastecimento de água

Não existe abastecimento de água potável em Moçambique. Mesmo quando nos encontramos nas principais avenidas da cidade de Maputo não se deve consumir água proveniente directamente das torneiras pois é bastante provável que esteja de alguma forma contaminada. Problemas no sistema digestivo, alguns bastante graves, são comuns para quem vive neste país.

Ainda que uma pessoa não beba água da torneira é fácil que se esqueça e tome uma bebida com gelo ou que coma uma salada lavada com essa mesma água podendo daí resultar algum doença.

Nos bairros mais pobres da cidade o abastecimento de água não chega até muitas habitações. O mesmo acontece com o esgoto que muitas vezes é despejado a céu aberto ou para fossas comuns.

Falta de sistemas de drenagem das águas pluviais

Durante o Verão existem grandes cheias após as tempestades tropicais. As tempestades podem durar uma ou duas horas e o volume de chuva que cai é atroz. É comum para quem trabalha na baixa da cidade (correspondente ao centro económico) não poder trabalhar no dia após uma tempestade por causa das inundações capazes de impossibilitar carros e até jipes 4x4 de se deslocarem.

Obviamente que são os bairros mais pobres que sofrem bastante com estas cheias que desalojam muitas pessoas todos os anos.

Inexistência de um sistema de recolha de lixo eficaz

A existência de lixo espalhado nas ruas é visível em toda a cidade. Existem alguns conjuntos de contentores espalhados pelos bairros e existe recolha feita por camiões. Contudo, o sistema de recolha é incapaz de dar vazão ao volume de lixo produzido diariamente. A recolha não é feita todos os dias e quando se realiza os contentores já estão completamente cheios e a deitar por fora.

Existe também uma grande falta de responsabilidade social e ambiental por parte das pessoas. É comum ver todo o tipo de objectos serem atirados para o chão e até mesmo no trânsito se observam pessoas a atirarem “coisas” pela janela.

Inexistência de um sistema de transportes públicos

Não existem transportes públicos de curtas, médias ou longas distâncias. Na cidade de Maputo existem quatro meios de transporte colectivos que são geralmente usados. As Txopelas, que são motorizadas com dois lugares atrás do condutor, os Chapas, que são carrinhas de 9 lugares que chegam a transportar 20 pessoas ao mesmo tempo, os Machibombos, que são autocarros e têm diferentes dimensões e transportam quantas pessoas couberem ao mesmo tempo e os Mylove, que são carrinhas de caixa aberta onde as pessoas vão em pé, agarradas umas às outras, daí surge o nome Mylove.

O Mylove e os machibombos são os meios de transportes colectivos mais baratos, o preço de cada viagem de Mylove são 5 Mzn (0,116 euros) e a viagem de chapa custa 7Mzn (0,16 2euros). O preço do Txopelas e dos táxis é praticamente idêntico 50Mzn/Km (1,163 euros/km).

Falta de preservação dos espaços públicos

A cidade de Maputo constitui um excelente exemplo de planeamento urbano. A cidade desenvolve-se segundo um sistema de avenidas paralelas e perpendiculares (como Nova Iorque ou Barcelona) e tem muito bons exemplos de arquitectura, principalmente arquitectura modernista.

Contudo, após a independência do país, em 1975, o país esteve 11 anos em guerra civil e a cidade foi deixada ao descuido até aos dias de hoje.

Se se pesquisar por fotografias e vídeos de datas anteriores à independência a diferença para as fotografias e vídeos de hoje é surreal. A cidade que outrora foi conhecida como a “Pérola do Indico” não passa de uma memória em relação ao que a cidade hoje é.

As estradas e os passeios são autênticos percursos de gincana por entre buracos e lixo. Espaços verdes são praticamente inexistentes, as árvores que conseguem sobreviver ainda nos passeios servem hoje em dia de urinol, assim como qualquer esquina, caixa de elctricidade, parede, contentor do lixo etc., etc.

Cerca de 95% dos edifícios de habitação precisam de ser pintados e que sejam feitas obras. Não existe mobiliário urbano.

Inexistência de um bom sistema de saúde

Muitas pessoas morrem todas as semanas por falta de assistência médica. Os hospitais públicos estão sobrelotados e os hospitais privados cobram preços elevadíssimos. O próprio serviço de ambulâncias públicas é incapaz de socorrer a população e a maioria das pessoas recusa-se a usá-lo por causa do preço que é elevado.

A malária e o HIV continuam a matar todos os anos milhares de pessoas maioritariamente por falta de informação sobre os sintomas e sobre como controlar as doenças. Muitas pessoas preferem ir à África do Sul quando estão doentes a serem tratados em Moçambique.

Trânsito e falta de cultura/ civismo rodoviário

Para qualquer europeu que nunca tenha estado em África os primeiros dias na estrada podem ser assustadores. A condução é feita pela direita e os semáforos são praticamente inexistentes. A cidade tem centenas de cruzamentos, que resultam da perpendicularidade das avenidas, nos quais a prioridade é dada a quem se atira primeiro. Deixo à vossa imaginação a imagem do caos que existe em horas de ponta nas vias rápidas (que também têm cruzamentos).

Para além destes problemas que facilmente podem ser observados por qualquer pessoa que ande pelas ruas de Maputo, existem outros factores que contribuem para a degradação urbana da cidade mas que são de carácter ligeiramente diferente.

Pobreza

Mais de 50% da população moçambicana vive abaixo do limiar da pobreza (com rendimento inferior a 2USD por dia) segundo dados da Unicef. Este factor faz com que muitas pessoas não tenham casa, vivendo nas ruas, se alimentem directamente a partir dos caixotes do lixo e sejam pedintes.

Actualmente o custo de vida em Maputo é bastante elevado e mesmo quem trabalha pode ter dificuldade em ter uma vida confortável. Os assaltos são, logicamente, consequência directa da pobreza extrema que existe, inclusivamente no centro da cidade.

Corrupção

Infelizmente a corrupção existe e de forma explícita, sem receios, em Moçambique. Quem vive em Maputo facilmente perde conta ao número de vezes em que a polícia já lhe extorquiu dinheiro. É prática comum e é feita de forma explícita… Infelizmente muitas pessoas compactuam com estes actos como forma de aliviar o incómodo de ter de estar parado duas ou três horas com um polícia dizendo que a pessoa tem de pagar uma multa que ele acaba de inventar.

Aos estagiários InovContacto foi uma vez pedido que pagassem uma multa de 10 000Mzn (cerca de 230 euros) por se encontrarem alcoolizados quando foram parados pela polícia a meio da noite mas, note-se, que os estagiários se encontravam a ser transportados de táxi e obviamente o condutor não era estagiário. Para além destes encontros caricatos e, por vezes, caros com a polícia, não é esta a única profissão capaz de extorquir dinheiro a um cidadão. No geral, todos os processos que envolvam funcionários públicos podem ser acelarados, agilizados ou evitados se o cidadão estiver disposto a compactuar.

Created By: André Correia Coimbra Mano
Published: 03-10-2014 9:00

Comments

Re: Problema Urbanos na cidade de Maputo

O André Mano é o maior!
André Correia Coimbra Mano at 26-06-2014 20:48

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