Adelaide Ancêde | C15
EDP Escelsa
Vitória do Espirito Santo | Brasil
Li o artigo da Maria Inês Mauricio, conheço o sentimento dela entre a excitação, a ansiedade, o medo e a alegria. Queria apenas dizer que fico profundamente triste porque, apesar de continuar a receber vários emails sobre as novidades da plataforma entre ofertas e coisas afins, nada parece ser publicado sobre quem após o estágio do Inov Contacto continua a lutar fora de Portugal, excepção feita a quem cria a sua própria empresa...
Não sei o que é feito dos que ficaram pelo mundo... não me dão para ler, talvez não saibam o quanto é importante... posso falar do que é feito de mim. Vim para o Brasil, Vitória do Espírito Santo, capital de um estado esquecido entre o maravilhoso Rio e a fascinante Bahia... nunca produziu suficiente café, nunca se dedicou à cana de açucar... foi sempre o pequeno no meio de dois grandes. Acolheu-me a EDP
Escelsa e depois, por mim e vista a precariedade do nosso País, decidi procurar emprego no Brasil. O primeiro CV enviado mais uma entrevista foram um tiro no melro! Contratada pela Vale, segunda maior mineradora do mundo, maior empresa privada da América Latina. Quanto tempo de contrato? Um ano posta à prova... bastaram 5 meses para mostrar de que fibra é feita um Português! "Queremos dar-lhe um contrato indeterminado". Resposta? (Com gosto) Sim! Passei por coisas que não lembram ao Diabo, dormi em vários chãos, tive vários pesadelos e não vou falar das saudades de tudo o que para mim significa casa. E reparem falo de casa, o lugar mais aconchegante para mim no mundo! Mas posso dizer que tudo valeu a pena, ainda vivendo a aventura olho para trás e vejo uma rapariga acabada de tirar o curso superior que, digo por justiça de vontades fortes mas muito acomodada, virou autonoma. Estou há um ano e meio na mesma cidade, conquistei amigos para a vida toda, estive em lugares, situações, senti cheiros, que viverão dentro de mim enquanto eu viver, trabalho tem vezes 12 horas por dia e são incontáveis os dias em que entre relatórios o sono ficou adiado ou esquecido... Sempre embaixadora de Portugal, minha pátria de História, alma e coração. Propuseram-me durante esta semana que passou ir para África, Tete, no meio do Norte miserioso de Moçambique. Disse que sim... a fila anda, pensei, a vida continua e agora sou adulta e independente, e tenho que correr por mim, pela minha famíla, pelo meu País, pela História da minha família, pela história que quero fazer... para mim vai andar mudando, de Portugal para o Mundo Brasil, deste para África.
Tenho pena que não queiram saber de mim, tenho pena que não queriam saber quem e do que deixo para trás, tenho pena que não queriam mostrar a minha história aos mais recentes estagiários... A minha história e a do meu irmão Alfredo Ancêde, um Vencedor muito maior do que eu, em Moçambique: de estagiário a Director Comercail numa das maiores empresas de Maputo! Tenho esperança que a história de para quem "foi", a nossa e acredito a de muitos mais, sirva de incentivo para quem "vai".
Eu fui, entre a excitação, a ansiedade, o medo e a alegria,e , para a minha familia, para mim, para os meus amigos portugueses e brasileiros, venci no mundo para que me mandaram.
Não deixem esquecidos, por favor, quem ficou. Quem ficou por enquanto, digo, quem foi e ainda não voltou, e que ao voltar,voltará mais forte, mais sabedor ou capacitado para mudar ou somar no nosso futuro,o futuro de Portugal. Tenho o maior orgulho no nosso País. O meu coração ainda canta alto Portugal, Portugal, Portugal...