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As C24 Maria João Gens e Ana Fidalgo contam à Sapo Viagens as suas experiências em cidades europeias durante a pandemia

Maria João Gens | C24 | Impactrip | Barcelona, Espanha

Ana Fidalgo | C24 | EURATEX | Bruxelas, Bélgica

C24 Maria João Gens - Barcelona durante o confinamento

Como é viver em grandes cidades europeias durante a pandemia? A SAPO Viagens de 3 de setembro falou com jovens portugueses a viver fora de Portugal para descobrir como tem sido a experiência da pandemia em diferentes cidades da Europa. Entre estes estão as C24 Maria João Gens (Barcelona) e Ana Fidalgo (Bruxelas).

Maria João Gens, estagiária INOV Contacto em Barcelona

Como foi passar o período de confinamento em Barcelona?

Uma vez que Espanha foi um dos países europeus afetados pela pandemia, passar a quarentena em Barcelona não foi fácil, pois vivemos quase dois meses de confinamento total (saídas apenas para ir ao supermercado, farmácias e centros de saúde/hospitais). O confinamento obrigatório foi decretado 15 dias após a minha chegada, o que fez com que o início da minha experiência no programa de estágios INOV Contacto tenha sido um pouco atribulada e completamente diferente do que estava à espera. Apesar de, nos primeiros tempos, não ter conseguido usufruir de Barcelona como desejaria, penso que foi um período de crescimento pessoal e que, de certa forma, acabou por tornar a experiência ainda mais inesquecível.

Quanto ao período de confinamento propriamente dito, nas primeiras semanas senti que existia um sentimento de pânico e receio generalizado na população: supermercados vazios, filas para comprar alimentos… Com o passar do tempo e com o número de casos constantemente a subir e a situação fora do controlo, acho que nos apercebemos que íamos de ter de aguentar bastante tempo em casa e encontrar formas de nos adaptarmos à nossa nova realidade. Mas penso que ninguém suspeitava que a quarentena se prolongasse por tanto tempo.

Como está a ser este momento?

Sinceramente, vejo as pessoas muito relaxadas e ninguém diria que, em maio, só podia sair de casa para ir às compras. Parece que a pandemia se foi embora com a chegada do tempo quente e, se não fosse pelas máscaras obrigatórias em todo o lado (inclusive ao ar livre), ninguém diria que há três meses as UCI dos hospitais de Barcelona estavam em colapso por falta de meios para combater a COVID-19. Penso que se começam a notar os efeitos do confinamento, principalmente a nível económico: em pleno agosto temos mais de metade dos hotéis fechados, restaurantes que não voltaram a abrir portas, lojas em liquidação total… Para quem conheceu Barcelona antes da pandemia, parece que estamos numa cidade fantasma.

Como os habitantes da cidade estão a passar por esta fase?

Barcelona é uma cidade multicultural, são mais as pessoas de fora do que aquelas que são nascidas e criadas aqui. Ainda assim, nos últimos anos, os movimentos anti turismo tinham crescido bastante na cidade, por isso penso que, pelo menos para uma parte dos habitantes, este decréscimo de turistas na cidade é visto com bons olhos. Quem tem os seus negócios aqui, principalmente aqueles que dependem do turismo (a maioria), está bastante apreensivo, pois a situação permanece muito incerta e cada vez são mais os países que aconselham os seus habitantes a não viajar para Espanha. Se quisermos olhar para a parte positiva, pode ser que este momento faça com que se repense o modelo de turismo da cidade, de forma a que se torne mais sustentável.

Qual foi a sensação de ver um destino tão turístico vazio de pessoas?

Antes de viver aqui tinha visitado Barcelona como turista, vi as Ramblas cheias de gente, as filas enormes à volta da Sagrada Família, a verdadeira "movida" espanhola. Dá uma certa pena ver Barcelona assim, principalmente se pensarmos que este vazio de pessoas se vai traduzir, a médio prazo, no aumento do desemprego e no encerramento de muitos negócios. Posso estar a ser pessimista, mas a meu ver, Barcelona dependia demasiado do turismo e nada fazia prever que a pandemia tivesse um efeito tão drástico na vida de todos.

Imagem de destaque: Ruas desertas em Barcelona, Maria João Gens 

Ana Fidalgo, estagiária INOV Contacto em Bruxelas

Grand Place, Bruxelas, durante o confinamento

Como foi passar o período de confinamento nesta cidade?

Chegado o dia de arrancar na aventura de ter uma experiência internacional ao abrigo do programa de estágios internacionais INOV Contacto, chegámos a Bruxelas três semanas antes do confinamento. Não conhecia a cidade, tinha apenas a perceção que era muito agitada e multicultural. O que mais me seduzia era o facto de ser o centro das decisões da União Europeia, onde tudo acontecia em primeira mão!

Trazia comigo a expectativa de participar em fóruns ligados à indústria da associação para a qual vim trabalhar e que iria estar envolvida em momentos de networking e de partilha de opiniões com decisores políticos. Pois bem, duas semanas de trabalho no escritório e depressa a realidade mudou: dois meses de confinamento, num pequeno apartamento no centro da cidade, que felizmente tinha uma varanda, o que nos permitiu, a mim e ao meu marido, desfrutar de longos dias soalheiros (uma surpresa, esperávamos tempo cinzento e melancólico).

A Ana Fidalgo chegou a Bruxelas pouco antes do confinamento obrigatório...

Felizmente as medidas impostas pelo país permitiram-nos a prática de exercício físico exterior, o que acabou por ser o nosso grande escape durante esses longos meses. Desde longas caminhadas pela cidade, vazia e sem vida, a corridas nos parques da cidade e grupos de WhatsApp com amigos com planos de treino – a prática de exercício físico nunca foi tão valorizada e criteriosamente cumprida! Não obstante, enquanto confinados, foi importante manter rotinas, manter um horário de trabalho, manter as relações, ainda tão precoces, com os colegas de trabalho, com os demais colegas portugueses que embarcaram nesta aventura, com a família e amigos que também atravessavam as mesmas restrições.

Como está a ser este momento?

Com o aligeiramento das medidas, como a possibilidade de viajar pelo país e alguns países fronteiriços e o aumento da bolha social, vivemos uma nova normalidade: conhecemos países e cidades lindíssimos, tivemos a oportunidade de conhecer alguns museus, e mais especial que isso, estar com amigos e, finalmente, ter uma vida social! Voltei ao escritório, num modelo de slots pré definidas e intercaladas com os demais colegas. Contudo, não por muito tempo: as medidas voltaram a estreitar-se no final de julho para combater o aumento de casos de infeções que se faziam sentir um pouco por todo o país.

Ainda assim, voltamos a ter um pouco mais de liberdade: podemos ter vida social, ainda que restrita a uma bolha de dez pessoas, foi instaurado novamente o homeworking e o uso obrigatório de máscaras em todos os espaços, quer exteriores quer interiores. Agora, os passeios na cidade já têm vida, com estabelecimentos abertos e com número restrito de pessoas, já se veem alguns turistas e aos poucos esta nova realidade torna-se a realidade que é expectável para os próximos meses.

Como os habitantes da cidade estão a passar por esta fase?

Os parques estão repletos de praticantes de desporto, famílias e amigos a desfrutar do final de tarde, a fazer piqueniques e a jogar badminton. Sentimos que, apesar das medidas, os habitantes da cidade mantiveram os seus hábitos, ainda que com maior respeito em termos de distanciamento social e precauções normais decorrentes destes tempos.

No primeiro confinamento, notámos um especial cuidado e respeito nos supermercados: não assistimos a açambarcamentos de produtos, cada família levava apenas o indispensável. Neste segundo confinamento, nota-se um respeito ainda maior pelas medidas impostas pelo governo, ainda que alguns manifestem desagrado na exigência das mesmas. Contudo, todo o cuidado é pouco e todos estão cientes de que é primordial o respeito pelo próximo.

Qual foi a sensação de ver um destino tão turístico vazio de pessoas?

Sentimos muita necessidade de ver a cidade funcionar na sua plenitude. De ver os bares, restaurantes, lojas, ruas repletas de idiomas de todo o mundo. Apesar de o vírus ter acelerado o processo de digitalização de alguns serviços e de ver a forte adaptação de todos os espaços a esta nova realidade, foi-nos permitido conhecer de uma forma calma e pouco agitada alguns museus e atrações da cidade. Ainda assim, sentimos a falta da vibração do turismo que sentimos nas três primeiras semanas aquando da nossa chegada. Ver a Grand Place repleta de luzes e hologramas para uma plateia inexistente, dá uma sensação de vazio inexplicável. Falta algo, sentimos sempre que algo não faz sentido, que não está completo.

Imagem de Ana Fidalgo, Grand Place, Bruxelas, durante o confinamento

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Created By: Isabel Azevedo
Published: 20-01-2021 17:06

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