Em tempos, quem quisesse entrar em contacto com alguém que estivesse no outro lado do mundo, entraria numa troca de cartas. Mas a conversa seria um processo lento e interrupto. A dada altura, passou-se a poder fazer telefonemas internacionais, o que não seria a pouco custo. Depois, e sendo esta a realidade em que cresci, lá passámos a poder falar em tempo real com quem quiséssemos, a enviar fotografias e vídeos de forma simples e instantânea e até a comunicar cara a cara com pessoas em qualquer ponto do globo, quer em contextos pessoais ou profissionais. Amizades e relações internacionais tornaram-se algo banal e a maior parte de nós faz parte de uma comunidade global e interdependente, ligada por telecomunicações modernas a vários níveis da sociedade.
Assim, acredito que é seguro dizer que nos dias que correm, a maneira mais eficiente e eficaz de espalhar uma mensagem e de mover massas é através do mundo digital. O alcance e a rapidez a que um conteúdo digital tem o potencial de se espalhar ultrapassa qualquer outro meio de comunicação que conhecemos até hoje.
Tal como em tudo, e porque do Homem se trata, a força das plataformas digitais, (entenda-se internet, redes sociais, canais de televisão, aplicações, etc.) pode ser potenciada para o bem e para o mal, para unir ou para destruir. Contudo, gosto de pensar que as primeiras causas prevalecem e predominam sobre as últimas.
Trago, então, exemplos recentes de um mundo digital que veio unir, de diversas formas, em diversas áreas, mas no mesmo contexto, parte do nosso mundo em torno de causas bonitas e benéficas para a sociedade.
O contexto de que falo, como não poderia deixar de ser, é o cenário de pandemia causado pelo vírus Covid-19, que estamos a testemunhar desde o dia 12 de Março de 2020.
© Unidos pelos Passos que damos - Run for Heroes
A plataforma Virgin Money Giving, pertencente, ao Grupo Virgin começou, no início da pandemia, uma fundrasing lançada através do desafio (agora familiar para muitos de nós) “Run 5, Donate 5, Nominate 5”.
Este desafio, lançado e espalhado maioritariamente pelo Instagram, pretendia incitar as pessoas a correrem pelos profissionais de saúde do NHS (sistema nacional de saúde Britânico), fazendo uma doação de 5£ por 5 quilómetros corridos e escolhendo 5 outras pessoas para fazerem o mesmo através de um post.
Com uma adesão brutal, esta ação social rapidamente se dispersou e viajou por diversos países e continentes, atingindo o alvo pretendido (5 mil pounds) em apenas 4 dias e subindo o objetivo final para 5 milhões de pounds! Esta nova meta veio a ser atingida menos de um mês mais tarde, juntando mais de um milhão de corredores pelo mundo, com doações totalizando a inacreditável quantia de 5,494,293.30£ até este momento!
Um caso de influência em cadeia através de uma plataforma digital e de vontade de contribuir e agradecer por uma causa maior, enquanto corremos também por nós próprios.
© Unidos pela Música – One World: Together at Home
Este exemplo teve lugar no dia 18 de Abril deste ano envolve artistas mundialmente famosos, como Chris Martin, John Legend, Charlie Puth, Céline Dion, Elton John, Hozier e muitos mais.
As Nações Unidas e a Organização Mundial de Saúde pediram à organização Global Citizen que os ajudasse na luta contra o Covid-19, juntando, por um dia, o mundo através da música e servindo de inspiração para todos nós fazermos algo de positivo e impactante para a sociedade. O resultado foi um live streaming histórico, desenhado para celebrar e agradecer aos profissionais de saúde e a todos os trabalhadores da linha da frente que lutaram por nós contra a pandemia que vivemos.
Together At Home começou como uma campanha virtual para unir a humanidade numa altura em que muitos se podiam sentir isolados nas suas casas. Através das redes sociais, a divulgação deste projeto disparou e através de mais de 30 canais diferentes, dezenas de atuações solidárias foram levadas às salas de mais de 20 milhões de pessoas pelo mundo fora!
© Unidos pela Vida e pela Justiça
Num contexto totalmente diferente, podia também falar do excelente (e chocante) exemplo que a morte de George Floyd está a gerar – um americano negro que foi asfixiado até à morte por um polícia americano, enquanto acusado injustamente de um crime menor. A quantidade de partilhas e de campanhas anti-racismo que se tem testemunhado nestes últimos dias nas plataformas digitais que todos visitamos, não deixa ninguém indiferente. E por muito que nada disso valha a(s) vida(s) que se perdeu(/ram), algo de positivo é criado neste mundo digital: AWARENESS. E necessidade de mudança. E vontade de mudar.
Os exemplos são inúmeros e estão presentes todos os dias, de cada vez que pegamos no telemóvel e navegamos pelo Facebook ou pelo Instagram, de cada vez que partilhamos alguma mensagem com a qual nos identificamos. Estamos constantemente a ser influenciados e a influenciar, vamos tirar proveito disso?
Imagem de destaque: Global Citizen