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A C24 Maria Luís Ribeiro conversou com Pedro Russo, Professor da Universidade de Leiden, sobre o impacto dos estágios INOV Contacto naquela organização

Maria Luís Ribeiro | C24 | Leiden University | Leiden Observatory | Leiden, Holanda

Entrevista a Pedro Russo, Coordenador do Astronomy & Society Group, Leiden University, Países Baixos

Pedro Russo, natural de Figueira de Castelo Rodrigo, tinha apenas 12 anos quando descobriu o seu fascínio pela Astronomia. Tendo obtido a licenciatura nessa mesma área e mestrado em Geofísica pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, foi na área de Comunicação de Ciência que encontrou a sua maior vocação e hoje é um dos mais importantes comunicadores de ciência a nível europeu. Professor na Universidade de Leiden e coordenador do “Astronomy & Society Group”, cujo objetivo é compartilhar os aspetos científicos, tecnológicos, culturais e educacionais da astronomia com a sociedade, coloca a tónica no facto de que “do espaço, a Terra não é delimitada pelas fronteiras artificialmente definidas pelo Homem. A nossa identidade como cidadãos deste planeta transcende fronteiras geográficas ou políticas; somos uma única comunidade; a Humanidade é só uma, a que partilha o planeta Terra”. Por isso, os projetos desenvolvidos pelo “Astronomy & Society Group” têm uma componente de inclusão notável.

De há uns anos para cá, Pedro conta com a colaboração de um estagiário do INOV Contacto, durante 6 meses, para integrar a sua equipa do “Astronomy & Society Group”.

Há quantos anos é que o Pedro conta com a colaboração de um estagiário do INOV Contacto?

Há 5 anos.

Qual o motivo que o levou a ser uma entidade de acolhimento parceira do INOV?

O trabalho na Universidade é um trabalho bastante transdisciplinar e sempre procurámos trazer pessoas com outras visões e formas de trabalhar para os projetos que fazemos. Nós trabalhamos na área, tão vasta, da Ciência e Sociedade que vai, não só desde a comunicação à educação formal e não formal, mas também tem muitos aspetos de trabalho direto com a comunidade, marketing, gestão de projetos, desenvolvimento de negócio,... e sempre procurámos trazer pessoas para o grupo que pudessem contribuir para estas áreas. O INOV Contacto pareceu-me um programa interessante. Para começar, devido à relação que tenho com Portugal, mas também por podermos dar aos recém formados a oportunidade de trabalharem num ambiente académico e, ao mesmo tempo, onde pudessem desenvolver estas áreas em que muitos deles trabalharam ou estão interessados em trabalhar.

Mantém essa opinião?

O que é interessante é que acabamos por pedir estagiários em áreas em que é difícil encontrar pessoas com esse exato perfil. Como não temos uma entrevista de emprego, quando a pessoa vem, tem que haver um ajustamento em relação àquilo que ela gostaria de fazer e aquilo que nós precisamos. Como é um projeto de estágios é importante garantir que os estagiários desenvolvem connosco algumas aptidões, capacidades que não poderiam ter de outra forma. Por isso, acabamos sempre por ajustar um bocadinho. Isto tudo para dizer que sim, estamos interessados. Há sempre um ajuste muito grande. Acho que nunca houve um encaixe perfeito entre aquilo que procurávamos na altura e o perfil do estagiário e, esse ajuste acaba por, muitas vezes, não ser muito fácil, mas interessante para todos. Eu espero que seja também esse o caso para os estagiários. A verdade é que continuamos em contacto com a maior parte deles e acho que foi sempre uma experiência muito interessante para os mesmos.

Quais as características que procura ou gostaria de encontrar no estagiário que se vai juntar à sua equipa?

Depende muito dos projetos que temos na altura. Tento sempre encontrar projetos de estágio que sejam interessantes e importantes para o nosso grupo. Precisamos sempre de pessoas ligadas à área da comunicação, não da comunicação de ciência, mas da comunicação pura e dura, quase do marketing, [que tu sabes que é uma área em que estás a trabalhar e que apesar de não teres essa especialidade estás a aprender alguma coisa com isso.] Por isso, nestas áreas de desenvolvimento de negócio ou de comunicação/marketing estamos sempre à procura de estagiários.

Consegue dizer-me/descrever alguma atividade/projeto/plano que um estagiário tenha feito, que tenha sido um grande/bom contributo para a organização? Ou apenas algo que o tenha marcado (pode ser uma ação, frase, ideia,...)

Todos os estagiários tiveram um papel importante. Nós tivemos estagiários que trabalharam em diferentes domínios. Uma grande vantagem de termos estagiários é que podemos experimentar coisas que tradicionalmente não podemos experimentar. Tem a vantagem de tentarmos sempre desenvolver projetos que são distintos e projetos que poderíamos testar e até ver se funcionam ou não. Eu lembro-me do estagiário Gonçalo Azenha, cujo projeto era sobre Corporate Social Responsability, ou seja, Responsabilidade Social das Empresas e tentava ver como é que os nossos projetos poderiam encaixar neste tipo de financiamento. Ele fez um estudo de mercado que até levou a uma ideia de projeto, que foi aprovado internamente e, de certa forma, ainda está a decorrer. Foi iniciado quase a 100% pelo estagiário e levámos o projeto até à fase de financiamento e foi financiado pela a universidade para o implementar. Esse é um bom exemplo de um projeto iniciado por um estagiário, que teve um impacto grande dentro do nosso grupo e até dentro da universidade.

São pessoas que deixam uma marca na organização?

Os estagiários acabam sempre por ter impacto, todos os colegas que trabalham com os estagiários do INOV Contacto têm tido uma experiência muito boa a nível de espírito de colaboração, partilha, aprendizagem, camaradagem,... têm sido sempre estagiários incríveis e tem corrido sempre muito bem. Temos experiências muito boas e queremos continuar a ter esses estagiários.

A área em que todos os estagiários trabalham é na área da comunicação. Porquê?

Não foi sempre. Temos um departamento de Ciência e Sociedade que tem uma relação muito próxima com a Comunicação de Ciência e, muitas vezes, nós vimos da Comunicação de Ciência pura e dura (cientistas), por isso, há sempre vantagens de trazer pessoas que vêm da área da comunicação/marketing, gestão de projetos… trazem novas abordagens, novas maneiras de comunicar e divulgar o conteúdo de uma forma diferente. No entanto, estamos sempre à procura de colaboradores que possam ajudar na parte do financiamento, gestão de projetos, desenvolvimento de negócios, de ideias de projeto….

Existem outras áreas em que o estagiário pode suprir necessidades, sendo, dessa forma, uma mais valia para a organização?

Relações Internacionais, Diplomáticas (países em desenvolvimento), Engenharia, Arte, Design, História de Arte. Temos um leque muito variado de projetos, por isso, é fácil encaixar um estagiário de uma área muito específica. Os estágios são anuais e apenas com uma duração de 6 meses.

Se pudesse, gostaria/seria favorável à organização ter o estagiário durante um periodo mais longo?

Neste tipo de estágios, quer para o estagiário quer para a organização, o ideal seria 1 ano. Um período de 6 meses acaba por ser muito curto. Nas duas semanas iniciais dá para conhecer um bocado a equipa, de forma suave e, de certa forma, também para contrastar o que acontece no terreno e no escritório. Nós queremos manter. Acho que é importante. No entanto, para estágios no estrangeiro, era importante a duração de 1 ano porque requer sempre a habituação do estagiário ao novo país, mas também à nova organização à forma de trabalhar e aos conteúdos. Para além disso, tendo uma duração mais longa, permite também ao estagiário criar redes nacionais ou locais muito maiores, ficando, assim, muito mais exposto ao mercado de trabalho e, se calhar, até ficar a trabalhar na Holanda. Um dos melhores exemplos que eu vi foi a nossa primeira estagiária que, dado a personalidade dela acabou por se envolver com muitas redes locais e foi muito fácil arranjar emprego aqui, depois do estágio. Expor o estagiário a um tempo mais prolongado ao mercado e ao país onde se encontra teria vantagem a nível da empregabilidade do estagiário, depois do estágio. Por isso acho 6 meses um tempo bastante curto. E agora, na situação do COVID-19, acabam por estar muito isolados. Toda a experiência de estar num ambiente internacional acaba por não acontecer. Se eu pudesse pedir alguma coisa ao INOV Contacto seria para prolongarem os estágios por, pelo menos, 3, 4, senão 5 meses, para permitir aos estagiários realmente terem a aprendizagem que estava prevista inicialmente e que provavelmente não vai acontecer.

 

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Created By: Maria Luís Vieira Lopes Ribeiro
Published: 02-06-2020 17:35

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