A aventura do estágio INOV Contacto começa ainda antes de saberes se és selecionado/a. De cada vez que recebes notícias crias uma expetativa sobre as múltiplas hipóteses que vais encontrar - para onde vou? O que vou fazer? Será que mais INOV's vão comigo?

Quando soube qual seria o meu país de estágio pensei em todas as coisas que já sabia sobre Espanha. Continuariam iguais? Na faculdade e no Campus, quando falamos sobre cultura organizacional, pomos os países do sul da Europa todos no mesmo saco. Será que teria uma experiência profissional semelhante se tivesse ficado em Portugal?

O meu estágio é em Barcelona, Catalunha. A Espanha tem as comunidades autónomas bem definidas e algumas têm os seus próprios idiomas. Tal como acontece com outros países Europeus, tem-se a ideia pré concebida de que os Espanhóis não sabem falar Inglês. Fiquei agradavelmente surpreendida por chegar à minha empresa e falarem comigo em Inglês e ter a hipótese de ter formação interna, tanto em inglês, como em castelhano. Como estou inserida numa empresa multinacional, tenho colegas de vários países e é mais fácil iniciar uma conversa em Inglês neste contexto. Sei que alguns colegas que estão a estagiar em Barcelona tiveram outras experiências, nomeadamente com colegas que só falavam Castelhano ou Catalão. A verdade é que não saber pelo menos falar Castelhano é um entrave. Temos pessoas de várias regiões com sotaques diferentes e, às vezes, torna-se complicado acompanhar uma conversa. Isto para não falar de quando ao almoço estou rodeada de catalães e estes demoram a lembrar-se que está lá alguém que não fala a mesma língua que eles e têm que mudar para Castelhano para eu poder participar. É nestas ocasiões que às vezes me sinto sozinha, mesmo numa cidade tão grande como Barcelona. Saber falar a língua do país ajuda sempre na adaptação. Por outro lado, pela maneira como a empresa está estruturada, e por ser uma empresa bastante jovem, tive esse processo mais facilitado.

Quando pensei nos horários que teria que fazer na empresa achei que seriam semelhantes aos de Portugal. Não podia estar mais enganada. Uma prática comum aqui é haver um dia em que se trabalha menos horas. Na minha empresa, por exemplo, trabalho 8h30, mais pausa para almoçar quatro dias por semana para poder trabalhar 6 horas sem pausa de almoço no outro dia e assim sair mais cedo. Existem horas pré-definidas de entrada e de saída e podemos escolher o nosso horário. Outra coisa a que tive que me adaptar foi à hora de almoço! Já estava à espera que esta fosse mais tarde do que estou acostumada, mas não pensei que seria às 14h. Muito menos que teria 1h30 para almoçar! Quando soube, pensei, quantos lanches vou ter que fazer durante a manhã para almoçar às 14h? O que vou fazer durante 1h30 de almoço? Na realidade passa-se bem a manhã e aproveitamos a hora de almoço para o convívio ou, para quem está mais cansado, poder dormir a sesta (tenho que admitir que também já o fiz). Por último, algo que também me deixou surpreendida, foi a abertura e descentralização que encontrei na empresa. A forma como as pessoas falam entre si em Castelhano é bastante mais informal do que em Português, e isso também é visível em emails.

Quando pensei no meu estágio em Espanha não imaginei metade das coisas como efetivamente são. Especulei sobre o que ia acontecer, mas só agora, que estou a passar por esta experiência é que percebo as ideias preconcebidas que existem e o que realmente acontece. Apesar de sermos vizinhos, a maneira de trabalhar é diferente, ou pelo menos, a minha experiência está a ser diferente! Vou aproveitar estas diferenças até este estágio terminar, e quem sabe, ter saudades de alguns pormenores no futuro!