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Disrupção alfabética - a sensação de viver noutro mundo

Marta Ramalho | C23 | Phoenix Media | Sófia, Bulgária

Sinalética búlgara

Admito que a Bulgária era um daqueles países nos quais eu simplesmente não pensava. Quando alguém refere a Europa de Leste ou até mesmo os Balcãs, de imediato penso na Grécia, Croácia e até na Roménia. Mas na Bulgária? Só mesmo quando assistia a campeonatos europeus e ao festival da Eurovisão.

A minha ignorância sobre o país, e mesmo esta região da Europa, começou a ser colmatada com comentários de quem já conhecia. “Eles são um pouco rudes, mas é um país bonito”, “Prepara-te que eles usam o alfabeto russo, não vais perceber nada.” Pensei: Ai no que eu me fui meter…

Eu pensava que em qualquer lugar, até em Espanha, existem barreiras linguísticas, mas que, com algum esforço se conseguem superar. Verdade, mas quando o alfabeto utilizado é o mesmo que o nosso, tudo é mais simples. O que é mais percetível? Ulitsa ou улица? São a mesma palavra, lidas da mesma maneira, mas mais depressa reconheço e memorizo a primeira versão.

Logo no aeroporto fui confrontada com este alfabeto que mistura símbolos que me são familiares com outros, que nunca tinha visto. Felizmente, no aeroporto, a tradução em inglês está logo ali ao lado. Claro está, isto não acontece em quase mais nenhum lado. Tirando no metro da cidade (um sistema recente, financiado pela União Europeia), onde todas as paragens têm o nome nas duas versões, e na zona central e pontos turísticos de Sófia, o cirílico é rei. Pudera, não tivesse este alfabeto sido criado por búlgaros, e não por russos, ao contrário do que se pensa geralmente. Até no local onde qualquer estrangeiro com fome se consegue satisfazer, o McDonald's, o cirílico é dominante. Mais vale pedir um Double Cheese. É universal e ultrapassa qualquer barreira linguística.

Isto, aliado ao facto de grande parte dos búlgaros não falar inglês, torna uma tarefa simples como pedir comida, algo desafiante. Então, nada como utilizar a linguagem corporal. Aponto para o que quero e aceno como confirmação. Simples, não? Nem por isso, pois um aceno positivo (o abanar a cabeça para cima e para baixo) é, na Bulgária, o oposto. Sim quer dizer não e vice versa. Obrigada povo búlgaro, por dificultarem ainda mais a minha vida.

Então e como superei essa barreira? A resposta é simples: hábito. Aos poucos comecei a decorar os símbolos e padrões dos locais à minha volta. Passado algumas semanas, Витоша significa Vitosha, билет já é bilhete e Аптека é farmácia. Claro que palavras desconhecidas ou não comuns no dia a dia ainda são um mistério, até mesmo quando já consigo decifrar alguns caracteres e perceber como aquela palavra se lê. Não há melhor maneira de quebrar barreiras linguísticas do que ter a iniciativa de tentar decifrar um código que, aos poucos se torna cada vez mais familiar.

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Created By: Marta Filipa Castanho Ramalho
Published: 28-08-2019 18:32

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