O Porto de Maputo
Os portos marítimos de Moçambique enquadram-se no processo da colonização portuguesa entre o século XV e o século XX. Tinham como objetivo inicial as trocas comerciais e vieram, mais tarde, a ser usados também para tráfico de escravos para todo o mundo.
Mais tarde, devido ao desenvolvimento das vias rodoviárias e ferroviárias, os portos marítimos passaram a desempenhar um papel fundamental no escoamento de matérias-primas para as metrópoles, passando também a ser usados pelos países do interior que dependiam destes portos para a exportação e importação de mercadorias.
Estes portos destacam-se como infraestruturas estratégicas, maioritariamente devido à sua localização geográfica na zona periférica do Índico.
O porto de Maputo é considerado um dos três portos mais importantes de Moçambique. Com um comprimento global de 865 metros, divididos por 11 terminais, a entrada é feita pelo Canal do Norte, diretamente da Baía de Maputo, onde depois se dividem os cais e terminais pelos canais da Xefina, Polana e Matola.
A relação histórica com Portugal remete para o tempo dos Descobrimentos, nomeadamente 1498, quando os portugueses ocuparam a ilha de Moçambique, que servia como apoio aos navios que ali passavam, dando-lhe assim um monopólio sobre o controlo do caminho marítimo para a Índia e o comércio das suas especiarias orientais consumidas pela Europa fora (nomeadamente pimenta, canela, cravo da Índia, entre outras).
Mais tarde, o porto de Maputo viria não só a permitir a exportação das matérias- primas africanas, mas também para a entrada de produtos exportados por Portugal (maioritariamente bebidas alcoólicas) e mão-de-obra para as minas sul-africanas.
Com o passar dos anos, a abolição da escravatura e trabalho forçado, a implementação e queda do Estado Novo em Portugal, a independência face aos colonizadores e todas as guerras e crises consequentes, fizeram com que a relação entre Portugal e Maputo fosse estritamente comercial, com recurso a acordos e tratados para facilitar trocas.
Atualmente, o comércio de Moçambique tenta retomar valores anteriores após sofrer uma quebra devido a crises políticas e militares em meados de 2012, que só foram apaziguadas em 2015. Tudo isto levou a uma desconfiança dos investidores, juntando-se à queda do preço das commodities em todas as bolsas mundiais.
O preço do petróleo e do gás natural também desceu em 2015, o que fez com que empresas como a portuguesa Petrogal tenham prolongado o investimento nas promissoras jazidas de gás no norte de Moçambique.
Assim, e juntando a contínua desvalorização da moeda nacional, Portugal torna-se mais uma vez num dos maiores exportadores de bens alimentares básicos que Moçambique não produz em quantidade suficiente, usando o porto de Maputo como uma das entradas fundamentais das mercadorias no país. De realçar, também, a boa relação entre o Governo de Maputo e o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, vinculado antes, durante e após a sua visita em maio de 2016.
Prevê-se que esta relação cresça, mesmo que lentamente, não só por vontades de ambos os países, mas também por melhoramentos nas infraestruturas de Moçambique, como por exemplo, o melhoramento e criação de linhas ferroviárias, e também dos portos.
Nomeadamente, o porto de Maputo já tem vindo a expandir o seu número de serviços, mas também a melhoria das suas condições, dentro e fora de água, como é exemplo a corrente campanha de drenagem.