Cátia Candimba de Aguilar | C19
DDB Moçambique | Maputo
Moçambique
Maputo é uma cidade em crescimento, e isso reflete-se a vários níveis. A oferta cultural é um deles. Ao contrário do que se possa pensar, há muita coisa para fazer nesta cidade que afirma que “anima”.
Dos eventos pontuais, aos que acontecem com uma frequência predefinida, há sempre alguma coisa a acontecer.
Anualmente, pode-se contar com vários festivais, como o Festival do Zouk ou o AZGO.
Festival do Zouk
O Festival do Zouk, como o próprio nome indica, é um festival que congrega vários artistas moçambicanos, mas não só, que interpretam músicas deste estilo. Como qualquer ritmo africano, o zouk é um estilo de música, e dança, quente e animado. Trata-se de um festival de 2 dias que tem uma enorme afluência e que, por isso, costuma esgotar as bilheteiras.
É um festival anual que costuma acontecer em abril e que, em 2015, teve a sua 4ª edição.
Cantora moçambicana Mingas no Festival AZGO
O AZGO é um festival muito singular, começando pelo nome, que na gíria da cidade de Maputo, significa vamos lá.
Para além da música, engloba uma pequena componente de cinema e dança, durante dois dias e duas noites.
Não há um estilo marcado, já que ao festival vão atuar artistas de música contemporânea. Mas, tal como a “assinatura” da cidade, tem o AZGO anima!
Recebe artistas de vários pontos de África e não só. O ambiente que se faz sentir é de verdadeira descontração e quem lá vai só procura passar umas horas a curtir boa música.
Em 2015, pudemos assistir à 5ª edição deste festival que, entre outras coisas, faz parte de uma plataforma, que tem como objetivo a promoção e intercâmbio entre artistas locais e internacionais, através duma rede de que outros eventos musicais na zona sul de África, como o famoso Bushfire (Suazilândia), fazem parte.
Festa Comemorativa do Dia de Portugal – Voluntários vestidos de pescadores e nazarenas com 7 saias, feitas de capulanas
Há um outro evento que costuma acontecer anualmente e que tem um carácter menos moçambicano, mas que não deixa de se enquadrar na realidade que aqui se vive. Trata-se da Festa comemorativa do Dia de Portugal.
Em 2015, assistiu-se à 6ª edição desta festa que pretende trazer aos portugueses residentes em Moçambique um pouco do seu país. Mas, também há espaço para se fazer a fusão com a cultura moçambicana, desde a gastronomia até à música.
Apesar de ter a supervisão do Consulado-Geral de Portugal em Maputo, ser totalmente organizado por voluntários, traduz-se numa tarde com caraterísticas dignas de comparação com um evento profissional.
Este ano, os portugueses puderam matar as saudades de casa através dos concertos de João Pedro Pais e dos Deolinda. Mas também marcaram presença os artistas moçambicanos Stewart Sukuma, Neyma e Gran’Mah.
Para além da música, há zonas de artesanato, atividades radicais, dinâmicas para crianças, espaços de divulgação de empresas, entre outras coisas. Na parte da manhã, houve ainda a oportunidade de participar numa maratona.
Moztech é a primeira feira de tecnologia de Moçambique. Tem uma periodicidade anual e dura três dias. Conta com exposições, apresentação de produtos e serviços e ainda arranja espaço para debates. A ideia é dar a conhecer e introduzir cada vez mais no dia a dia dos moçambicanos instrumentos tecnológicos que os ajudem no quotidiano e que potenciem o crescimento e inclusão de Moçambique no mercado global.
O cinema também tem conquistado o seu espaço e há vários festivais anuais, como o Kugoma – Fórum de Cinema de Curta Metragem, a Semana de Cinema Africano (Maputo African Film Week), ou o 8½ Festa do Cinema Italiano.
Obras de artistas do Núcleo de Arte de Maputo
Ainda no âmbito das festas que acontecem com uma frequência predefinida, há que destacar um que acontece com bastante mais regularidade do que os anteriores. O Núcleo de Arte de Maputo é um espaço que tem como objetivo promover, essencialmente, obras de artes plásticas. Tem uma galeria e um espaço onde os artistas associados podem criar as suas peças, sejam elas esculturas ou pinturas.
Mas, ao domingo à noite, o Núcleo de Arte acrescenta mais uma arte à sua palete. Pela módica quantia de 150 meticais, paga-se a entrada num concerto de afrobeat, que torna aquele espaço no convívio mais concorrido de domingo à noite.
E quando se diz que a música é somada às restantes artes é mesmo isso que se pretende afirmar. Isto porque é possível ver alguns dos artistas a trabalhar ao domingo à noite. Não se vai apenas contemplar as obras. É possível falar com muitos dos que as produzem, acabando por conhecer os rostos por trás das obras.
E para aqueles que se preocupam com as horas a que se vão levantar no primeiro dia de trabalho da semana, tem a vantagem de dar os concertos por encerrados por volta das 22h.
Fachada do Bar Gil Vicente
Outro espaço cultural muito conhecido na cidade é o Gil Vicente. É um espaço onde há dias marcados para vários tipos de atividade.
A título de exemplo, às terças é possível ir ao karaoke, enquanto às quartas é noite de reggae e às sextas o espaço é dedicado a stand up comedy.
Mas, para além destes acontecimentos com data e hora marcada, também há espaço para outros acontecimentos no Gil Vicente, como a declamação de poesia interpretativa e festas diversas.
Projeção do filme Home no Centro Cultural Franco-Moçambicano, no âmbito do evento
Mas quando queremos dar o exemplo de um local que transpira cultura e onde há sempre coisas diversificadas a acontecer, o espaço por excelência é o Centro Cultural Franco-Moçambicano. Localizado na Baixa da cidade, para além de um belo espaço com interior e exterior e dum restaurante com uma oferta bastante apetecível, apresenta um programa atualizado trimestralmente, recheado de acontecimentos a não perder.
Desde atividades para crianças, festivais de cinema, concertos, espetáculos de dança, exposições, peças de teatro, a debates, o Franco, como é mais comummente chamado, é rico em ofertas.
É importante mencionar que, mesmo em eventos que não estão mencionados neste documento, é frequente a presença de artesanato que, na grande maioria, se traduz em peças tradicionais feitas com muita arte e engenho.
Resta mencionar que se Maputo não nos anima é porque ainda não vimos o suficiente, porque, do ponto de vista cultural, esta cidade é maningue nice!