Moçambique tornou-se independente de Portugal em 1975, após a Guerra da Independência de Moçambique. No entanto, são dois países com uma ligação muito próxima, sendo ambos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Estima-se que a comunidade portuguesa em Moçambique seja de cerca de 23 mil pessoas, um número considerável e revelador da estreita ligação entre os dois países.
“O investimento português é cada vez mais relevante em Moçambique. Segundo dados governamentais moçambicanos, Portugal está já com uma forte presença neste país.” – RTP Notícias, maio de 2016
Quem conhece Moçambique, facilmente constata a forte presença empresarial portuguesa no país. O investimento português em Moçambique totaliza 44 mil empregos criados por 1.7 biliões de dólares investidos, tendo as empresas portuguesas gerado 27 postos de trabalho por cada milhão de dólares investido, - ou seja, acima da média de 16 dos restantes países que investem em Moçambique.
Estes dados fazem de Portugal o quarto maior investidor externo em Moçambique (atrás de Emirados Árabes Unidos, Maurícias e África do Sul), o terceiro maior fornecedor (depois da África do Sul e Holanda) e o segundo maior investidor no mercado privado.
“Temos um grande volume de investimentos portugueses em Moçambique. Neste momento, Portugal está em quarta posição no ranking dos maiores investidores e sempre esteve em posições cimeiras. Mas não é só o facto de estar em quarto lugar, é que Portugal é um dos grandes impulsionadores do emprego em Moçambique e, nessa qualidade, vejo que pode partilhar connosco experiências, desafios e ideias” – afirma Fernanda Lichale, Embaixadora de Moçambique em Portugal
A lista de empresas a apostar no país é vasta, são exemplos disso a Galp Energia, Mota-Engil, Cimpor, Sumol + Compal, Grupo Entreposto, Águas de Portugal, entre outras.
As duas primeiras são talvez os exemplos mais notórios do investimento português neste país: a Galp Energia aposta na exploração de gás natural, tendo recentemente decidido investir no projeto Coral Sul, avaliado em 6,2 mil milhões de euros. A Mota-Engil assinou, também recentemente, um contrato de 2,4 mil milhões de dólares para a construção de uma linha férrea no Norte do país.
Apesar dos grandes investimentos de empresas portuguesas em Moçambique, existe, sem dúvida um número muito mais significativo de pequenas e médias empresas.
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Falando agora um pouco na minha experiência pessoal…
Como é normal, e apesar das empresas serem portuguesas, grande parte das mesmas tem na sua maioria trabalhadores moçambicanos, e é aí que o papel da comunidade portuguesa é determinante.
Na maior parte dos casos, os trabalhadores moçambicanos são menos instruídos e qualificados do que os portugueses. É um facto que é do conhecimento de todos e que eu mesmo já pude comprovar variadas vezes na minha ainda curta experiência neste país.
Já conheci diversos jovens moçambicanos licenciados em áreas de gestão e contabilidade, e os conhecimentos/ know-how que possuem são, muitas vezes, demasiado “curtos” para jovens com a licenciatura. Claro que há jovens portugueses na mesma situação, mas no caso moçambicano, é mais frequente.
É um pouco neste sentido que vejo a importância da comunidade portuguesa nas empresas aqui estabelecidas, uma vez que trazem conhecimentos e experiência.
Como é óbvio, existem trabalhadores moçambicanos qualificados e com qualidades reconhecidas, mas eu vejo a presença dos trabalhadores portugueses como essencial, não só pelo conhecimento/qualificação que têm, mas também pelo sentido de responsabilidade e profissionalismo que algumas vezes não existe nos trabalhadores moçambicanos.
No meu caso em particular, não estou a estagiar numa empresa portuguesa, mas na minha empresa existem alguns portugueses e, diariamente, vejo a importância que eles têm na empresa. Coincidência ou não, todos ocupam cargos importantes (diretores, chefes, responsáveis, etc).
O meu orientador de estágio é ex-estagiário do Contacto. Foi INOV há 7 anos e está em Moçambique desde então. Começou por trabalhar no Hotel Pestana, empresa onde fez o estágio INOV na área financeira, e está há 3 anos como Diretor Financeiro na empresa onde estou a estagiar. Este é apenas um dos exemplos de portugueses que trabalham ou trabalharam em empresas portuguesas e tiveram um importante papel no crescimento da empresa, fazendo frente às dificuldades económicas e sociais do tecido empresarial moçambicano.