Passaram mais de dois meses desde que iniciei a minha aventura nesta edição, com o meu estágio na AICEP Portugal Global, em Estocolmo.

Quando embarquei no avião rumo à Suécia já muito se falava sobre este vírus, mas estava longe de imaginar que a situação chegaria ao estado a que todos assistimos e vivenciamos.

Comecei a trabalhar em casa a partir do dia 12 de março e, face à possibilidade de regressar a Portugal, optei por permanecer na Suécia. Várias foram as razões, incluindo o meu desejo de levar esta aventura até ao final, mas tenho de referir que o apoio, desde o primeiro minuto, da delegação em Estocolmo foi a principal razão para a minha permanência, pois senti que nunca estaria sozinho.

No que diz respeito ao teletrabalho, confesso que talvez não esteja a ser tão difícil para mim, como para muito outros. Apesar de estar obrigado a estabelecer uma rotina, horas de trabalho e de almoço, como faria se estivesse fisicamente no meu local de trabalho, para garantir a eficiência das minhas funções, a verdade é que a possibilidade de sair à rua e dar uma simples caminhada torna todo este período psicologicamente mais fácil de enfrentar.

Junto a isto o constante contacto que mantenho com a minha família, os meus amigos e muitos colegas INOV's, seja pelas redes sociais ou por uma simples chamada ou videochamada, que têm sido fundamentais para me ajudar a superar este período.

Contudo, não deixa de ser assustador estar no único país que sempre permaneceu a exceção à regra. Pouco após a minha chegada, a epidemia passou a pandemia e a grande maioria dos países europeus entrou em lockdown, com a Dinamarca e a Noruega, países vizinhos, a serem dos primeiros a fazê-lo.

No entanto, a Suécia continua a ser, até hoje, o país onde as regras foram e são menos restritivas. Aqui, as pessoas foram apenas aconselhadas a permanecer nas suas casas e a fazerem teletrabalho. Uma grande parte da população respeita esses conselhos mas, o que me preocupa, são aqueles que não o fazem. As ruas continuam movimentadas e basta caminhar alguns metros para facilmente encontrar um café, restaurante ou bar cheio, como se nada se passasse. Uma simples ida ao supermercado tornou-se algo bastante complexo, pois o distanciamento social não é inteiramente respeitado.

Felizmente, o menor número de restrições, a juntar ao facto de Estocolmo ser uma cidade com inúmeros parques e locais que me permitem deslocar sem qualquer contacto social, tornam todo este período menos penoso.

Desde o primeiro momento em que me candidatei ao INOV Contacto, sabia que teria de enfrentar inúmeros desafios que me iriam fazer crescer profissional e pessoalmente. O que não esperava é que uma pandemia redefinisse por completo a forma como a experiencio e colocasse, perante mim, toda uma nova realidade que me obriga a mudar o mais simples ato de sair à rua. 

Estocolmo vista do rio