“Algures numa quinta do interior, uma criança brinca com um pequeno mamífero. Este, subitamente, espirra. Em pouco tempo, a criança adoece com gripe e, rapidamente, toda a aldeia regista os mesmos sintomas: febres altas, dores de cabeça, espirros, tosse, náuseas e diarreias. Não durou muito tempo até que este vírus, de propagação muito fácil, chegasse à área metropolitana da Cidade onde alastrou entre a população de uma forma impressionante.”
O que acima está exposto faz parte de um testemunho de uma C13, a Eunice Caçador, estagiária no W Hotel na Cidade do México e intitulado “Viver no epicentro da Influenza A”. Estávamos em 2009, decorria a13 edição e a Eunice reproduzia a explicação veiculada pela comunicação social sobre esta doença. A ideia de um vírus que paralisasse o mundo durante várias semanas, esvaziando as ruas e, empurrando quase todos para casa, só poderia nascer na mente de um apreciador de ficção científica.
Já em 2009, vários Contactos colocados no México descreveram uma versão bem mais benévola e serena das realidades que viríamos a conhecer em 2019, 2020.
Por exemplo, a Ana Santos, estagiária no St. Regis Hotel, Cidade do México, referiu “A última semana e meia foi marcada pela pressão do mediatismo causado pelo surto Influenza A, pela pressão da indecisão de voltar ou não a Portugal e das medidas de precaução que incluem trabalhar de casa. Esta quarentena e o facto de o México estar no centro do mundo neste momento, está a ser uma prova de fogo extra para nós e que de resto, já se reflete na nossa ainda maior união e força. E é mais uma experiência de grande valor que certamente persistirá ao longo da nossa vida profissional e pessoal. A nossa visão é otimista.”
Já a Anabela Areia estagiária na delegação da AICEP no México comentou: ”Bem, grande susto! Recebi a notícia do surto juntamente com as medidas de precaução...Tudo isto acompanhado pela notícia de ficar a trabalhar a partir de casa! Agora passada uma semana, acho que tudo isto nos tornou mais unidos e mais fortes!” E o José Pinheiro, também estagiário na AICEP no México, escreveu “o meu primeiro contacto com a gripe Influenza A foi na manhã de sexta-feira, 24 de abril. A semana que se seguiu foi repleta de preocupações, hesitações, decisões tomadas e reviradas. Ficar ou regressar? Com coração e razão, decidi ficar.”
O Pedro Costa, estagiário na NBB Consulting comentou, “mal se ficou a saber do surto, o governo mexicano tomou medidas muito rapidamente, o que permitiu conter a vaga de gripe. O susto inicial ficou agravado pelo facto de termos de ficar a trabalhar a partir de casa, agora (…) penso que a situação voltará em breve à normalidade.”
E a Eunice Caçador, autora do referido artigo afirmou “Desde dia 24 de abril o México está a viver um surto de H1N1, que assustou o Mundo mas muito pouco os mexicanos. No Hotel, foram muitos os hóspedes que ligaram, a 24 e 25 de abril, a pedir conselhos e com inúmeras perguntas. Claro que a atitude foi de tranquilizá-los. No entanto, no dia seguinte, foi dada a indicação, por parte da AICEP, que deveríamos ficar em casa de quarentena até novas indicações. Passada uma semana, estou expetante sobre as novas indicações que serão dadas por parte das Autoridades, e desejo que tudo volte à normalidade, no entanto, é necessário referir que sempre teremos nos nossos pensamentos este momento difícil pelo qual estamos a passar."
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Agora, 11 anos volvidos constatamos que, no fundo, somos todos muito parecidos. Independentemente da data e da dimensão das turbulências, sabemos que entre perigos e medos assoma a coragem e que esta, em algumas situações se pode confundir com a paciência.