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Uma Realidade Transformada em Desafio Ecológico
Tânia Filipa Martins Ferreira | C21
Embraer | São José dos Campos
Brasil
 
Aeronáutica e Ecologia
 

A Revolução Industrial transformou o mundo, através de um grande desenvolvimento da economia e, paralelamente, deu origem a um dos maiores problemas causados pelo ser humano a nível ambiental.

Para além dos sistemas industriais em si, os próprios produtos resultantes da industrialização contribuem também para problemas de cariz ecológico a longo prazo. Fortes exemplos desta realidade são a área automobilística e de aviação. Automóveis e aeronaves causam um grande impacto a nível ambiental, visto que em todo o seu ciclo de vida, emitem grandes percentagens de gases para a atmosfera.

Enfatizando a aviação, esta área contribui com aproximadamente 2% de emissões de dióxido de carbono para a atmosfera através da queima do combustível utilizado pela aeronave. (1)

No entanto, atualmente existe uma maior preocupação por parte das grandes empresas em considerar a ecologia como um meio, não só de sustentabilidade, como também de visibilidade.

Muitas organizações definiram metas de redução de emissões de gases para a atmosfera, estabelecidas para o ramo industrial. E a indústria aeronáutica não é exceção.

Com o grande nível de globalização atual e o consequente aumento da utilização de aviões como meios de transporte, a aviação tem cada vez mais impacto no ambiente. Não só devido à grande utilização, mas também porque uma aeronave gasta uma grande quantidade de combustível. Os danos causados por esse impacto podem ser diminuídos através de soluções que passam desde a alteração do tipo de material da aeronave, até ao próprio tipo de combustível utilizado.

O aumento do fabrico de peças com material compósito reduz o peso da aeronave.

Para o cliente, torna-se económico. Para a empresa, um fator de competitividade. Para o ambiente, um avanço na tentativa de recuperação de uma atmosfera menos tóxica.

Para além das técnicas de poupança em combustível, existem também outras soluções em desenvolvimento que passam por uma outra perspetiva: alterar o próprio tipo de combustível a ser consumido.

Ainda existem muitas barreiras para a concretização destas soluções, mas são projetos que já estiveram mais longe de se tornarem numa realidade. Como exemplo, temos o Brasil, um país diretamente ligado à indústria aeronáutica e conta com grande diversidade de recursos que poderão ter vários fins.

Um dos recentes projetos que se encontra em curso está relacionado como uso da cana-de-açúcar para a produção de biocombustíveis a serem consumidos por aeronaves, como substituição do combustível fóssil.

Existem também outros recursos semelhantes, com as mesmas capacidades, tais como as algas e uma planta abundante no Brasil chamada rícino, ambos ainda objeto de estudo.

A alteração do combustível fóssil para um biocombustível significaria uma redução de emissão de dióxido de carbono entre um intervalo de 50 a 80% (2). Um intervalo de valores ambicioso, mas pode ser considerado como uma meta a atingir no futuro, podendo ser considerado como um incentivo.

A cana-de-açúcar é um recurso potente e abundante no Brasil e distingue-se por ser um produto natural, com grande capacidade de produzir diversos tipos de produtos. Através da sua biomassa, é possível a obtenção de um biocombustível, localmente chamado  bioquerosene.

A estratégia inicial será misturar os combustíveis, ainda que o biocombustível represente uma pequena percentagem na mistura final. Nestas condições, para além de tornar o combustível mais ecológico, o rendimento da aeronave não sofre alterações significativas. Com estas descobertas acerca do potencial que a cana-de-açúcar tem para se transformar em combustível, foi inaugurado um novo desafio ecológico.

Para produzir este biocombustível, é necessária a abertura de uma nova vertente industrial, o que pode ser visto como um paradoxo, devido ao facto de a indústria ser uma das grandes ameaças a nível ecológico.

Assim, é necessário considerar a melhor forma de produzir esses biocombustíveis, sem que o seu processo de produção anule as vantagens da utilização destes combustíveis. Caso contrário, todas as vantagens da utilização de biocombustíveis seriam encobertas pelas desvantagens. Como ainda existe um pequeno número de unidades produtoras de biocombustível derivado desta fonte, seria necessário aumentar a área de terreno para o cultivo da planta e o seu custo é ainda muito elevado, o que atualmente torna o seu uso não viável para as empresas de aviação.

Para além disso, os biocombustíveis atualmente ainda são alvo de estudos e testes, embora já tenham sido realizadas experiências na sua utilização em aeronaves, tendo o resultado sido positivo. Um exemplo disso está no teste realizado com um Embraer E-195, em 2012, num voo passando por alguns locais do Brasil e aterrando no Rio de Janeiro, abastecido com biocombustível.

A experiência foi um sucesso e este projeto teve o apoio de várias empresas através de parcerias (3). Deste modo, obteve-se a prova do funcionamento do biocombustível proveniente da cana-de-açúcar.

Os biocombustíveis trazem vantagens, maioritariamente, a nível ambiental, sendo que este tipo de projetos pode ser mais vantajoso ecológica do que economicamente para as empresas.

Mas, enquanto não houver um desenvolvimento amplo, o custo deste tipo de combustíveis não conseguirá baixar. Por essa razão, ainda há muito caminho a percorrer neste ponto.

Para além do desafio a nível de produção, existem também desafios a nível burocrático que impedem um avanço mais fluido do desenvolvimento e uso dos biocombustíveis, principalmente no que corresponde a aspetos normativos.

A área de aviação está em constante crescimento, pelo que um maior número de aeronaves em serviço, corresponde a uma maior pegada ambiental da área de aviação.

Para combater as consequências desta realidade, a indústria aeronáutica tem vários desafios pela frente, para conseguir soluções viáveis para desempenhar o seu papel na contribuição para a diminuição das emissões de dióxido de carbono.

Esta é uma era em que as mentalidades estão em mudança e a consciência de que é necessário preservar o planeta é cada vez mais forte. As empresas estão a começar a tomar atitudes mais conscientes, através da criação de projetos em que grande parte das vantagens estão direcionadas para o meio ambiente. Projetos esses, que envolvem diversas áreas de atuação, grande investimento em novas pesquisas, desenvolvimento e produção, forte utilização de recursos e aspetos burocráticos.

Por esta razão, a indústria aeronáutica está perante um desafio a nível ecológico. Esta não será a solução para eliminar os efeitos que o Homem tem causado no planeta ao longo dos anos, pois esses são irreversíveis. Mas pode ser considerado um fim para o aumento desses efeitos.

 

Created By: Tânia Filipa Martins Ferreira
Published: 17-11-2017 16:46

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