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Quotidiano de uma Bioquímica no King’s College, Londres

Joana Gomes | C21           

King’s College London|Londres

Reino Unido

 

 

 

Estou a estagiar no King’s College London, o que faz de mim uma “Cientista estagiária”.

 

À primeira vista pode não parecer uma tarefa difícil esta que me foi atribuída, mas só quem nunca trabalhou num laboratório de investigação científica pode achar possível descrever o nosso quotidiano, o quotidiano dos comumente chamados cientistas.

 

Destaque ainda para o facto de trabalhar com células, ou seja, “coisas vivas”, que tornam tudo ainda mais imprevisível e interessante. Peço antecipadamente desculpa se o conteúdo deste artigo se desviar um pouco do que deveria ser o seu foco central, pois tal como os meus dias de trabalho… poderá ser imprevisível!

 

 

O início do dia

 

Como madrugadora que sou, os meus dias começam cedo, e normalmente com uma corrida matinal no parque mais próximo de casa. Após a corrida e um bom pequeno almoço estou pronta para enfrentar o temido “Tube”. Sim, o metro Londrino tem fama e, garanto, todo o proveito. Para além de estar sempre caótico e sobrelotado, tem uma temperatura um pouco tropical à qual nunca me vou conseguir habituar.

 

Habituei-me a ler em pé, nos 30 minutos de viajem de metro, que antecedem a chegada ao Guy’s Hospital, o meu local de trabalho.

 

 

Guy's Hospital

Guy’s Hospital

 

                      O dia no laboratório

 

 

Aqui não planeamos dias de trabalho, mas sim semanas, sendo que cada experiência corresponde normalmente ao trabalho de vários dias.

 

Começo a planear a minha próxima semana de trabalho ainda a meio da semana anterior (com a consciência plena de que pouco daquilo poderá acontecer como planeado), pois a necessidade de reservar equipamentos e salas de trabalho assim o exige.

 

Chego ao escritório pouco antes das 9h00, com o meu café em punho e, depois do café, estou preparada para abrir a planificação de trabalho semanal, na qual vou confirmar as experiências que tenho para fazer/continuar nesse mesmo dia. O próximo passo é a ida para o laboratório para pôr “mãos à obra”, e aqui surgem normalmente dois cenários possíveis:

 

1)   A experiência que deixei a decorrer na tarde anterior correu como previsto e posso continuar com as coisas como tinha inicialmente planeado ou…

 

2)   precisamente o contrário!

 

No caso de se verificar a opção 1) prossigo com o meu trabalho como planeado. A opção 2), por outro lado, implica a mudança total dos meus planos para esse dia, e a tal planificação que comecei a fazer ainda a meio da semana anterior é reformulada.

 

A ciência é mesmo assim e é o que a torna tão desafiante!

 

Escritório do grupo de trabalho

 

Fotos do escritório

 

Espaço de trabalho no escritório

 

O meu espaço pessoal de trabalho no escritório

work room

 

Uma das salas de trabalho que mais utilizo, na qual estão instaladas centrífugas e sonicadores.

Sala de cultura celular

Sala de Cultura celular 

Costumo almoçar entre as 12h e as 13h, dependendo da experiência a decorrer, na cozinha disponível no edifício para o efeito.

 

Aqui, tal como em Portugal, tornou-se já um hábito a “cultura da marmita”, como jocosamente lhe costumo chamar. Na sua grande maioria, cada um traz o seu almoço e almoça quando lhe é mais conveniente, de acordo com o trabalho planeado.

 

Após o almoço, volto para o laboratório e prossigo com as experiências programadas, ou já reformuladas, para esse dia.

 

 

Laboratório principal

 

Uma das bancadas de trabalho no laboratório principal

 

Os colegas de trabalho

 

 

No laboratório, o ambiente de trabalho é excelente! O grupo no qual estou inserida pertence ao departamento de Doenças Infeciosas, é liderado pelo Professor Doutor Michael Malim, e o nosso principal foco de trabalho é o HIV.

 

É com uma enorme satisfação e sentimento de realização pessoal que afirmo que não podia ter tido mais sorte com o grupo no qual estou inserida, para além de me sentir bem-recebida e incluída, tenho todos os dias a oportunidade de contactar com cientistas com uma extensa experiência na área da biologia molecular, biotecnologia e virologia, nomeadamente o Luís, o meu coordenador, com quem tenho oportunidade de aprender imenso todos os dias. E sim, são todos excelentes cientistas e muito bons no trabalho que fazem, mas são ainda melhores seres humanos. São pessoas com quem vale a pena conviver e partilhar!

 

Temos reuniões de grupo semanais, todas as quintas-feiras às 9h00 da manhã (em ponto!), nas quais, de modo informal é feita a partilha de conhecimentos e ideias nas chamadas “round tables”. Nestas reuniões são também partilhados resultados dos trabalhos desenvolvidos e, claro, como não poderia deixar de ser, alguns snacks!

 

 

Entrada principal

 

Departamento de Doenças Infeciosas

 

O regresso a casa

 

Os meus dias de trabalho terminam normalmente por volta das 18h00. Minutos antes, volto ao escritório onde organizo os resultados obtidos nesse dia, atualizo mais uma vez a minha planificação semanal, verifico se fiz tudo aquilo que tinha agendado e reprogramo o dia seguinte, tendo em conta o sucedido nesse mesmo dia. Num dia comum, é agora altura de colocar mochila às costas, oyster na mão e enfrentar novamente o metro numa viagem de 30 minutos de regresso casa… em hora de ponta!

 

Como é percetível, vive-se tudo menos monotonia num laboratório de investigação científica! Estou a viver uma experiência extraordinária de crescimento profissional, mas sobretudo de desenvolvimento pessoal.

 

Para além de um estágio enriquecedor, estou numa cidade incrível. Londres é imensa, e após estes meses posso afirmar que é ainda algo desconhecida e infinita aos meus olhos; poder trabalhar e habitar nela é um prazer enorme!

 

 

C21 Londres

 

 

Algumas fotos tiradas em Londres durante os meses do estágio INOV Contacto.

Created By: Joana Margarida Mota Gomes
Published: 16-03-2018 17:34

Comments

Quotidiano de um cientista

É incrível como seja qual for o nosso destino vivemos realidades muito semelhantes! Chamo-me Ana Sofia e estou a desenvolver o meu estágio do INOV no Instituto de Biotecnologia de Helsínquia, na Finlândia, a trabalhar como "cientista estagiária", e dei comigo a ler este post e a pensar "Isto poderia muito bem ter sido escrito por mim"!!

Subscrevo tudo, inteiramente... 
Ana Sofia Teixeira Brandão at 01-07-2018 10:03

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