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A comunidade portuguesa e o seu papel na representação de Portugal
 
Diva Félix | C20
Conclusão - Estudos e Formação Lda
Maputo | Moçambique
 

Moçambique é terra de emoções, é terra quente, de cores vivas e cheiros intensos. É repleta de risos e sorrisos que repelem a dança incerta de cada dia, assim como de ritmos frenéticos para quem abraça a capital pela primeira vez.

A estranheza inicia-se na viagem desde o aeroporto até ao centro de Maputo, enquanto são captadas imagens da realidade moçambicana, que se mantem com poucos recursos e vulnerável até aos dias de hoje. Ainda assim, e mais rapidamente do que aquilo que se espera, a confusão desvanece-se e em pouco tempo reconhecemos Portugal a cada virar de esquina.

Temos cara de portugueses e não passamos despercebidos, sendo simpaticamente abordados num percurso a pé, onde logo se ouve a língua portuguesa acompanhada de um sotaque caraterístico, expressões e sons que preenchem de graça a conversa e histórias contadas.

Portugal e Moçambique partilham uma história, que apesar de recordada de forma diferente, os mantém ligados até aos dias de hoje!

Em conversa com um português residente há diversos anos em Moçambique e com vasta experiência na realidade da corrupção, da desorganização e ritmo desacelerado de trabalho, diz-me que em Moçambique existem os “Portugueses” e existem os “Tugas”. Os segundos com uma atitude de superioridade, frustrações e pouca abertura a uma cultura diferente, dificultam o investimento, dedicação, simpatia e credibilidade dos primeiros junto dos moçambicanos.

Por sua vez, em conversa com um moçambicano que viveu o tempo de Lourenço Marques e na atual República Democrática de Moçambique, diz que Portugal é “pai”, é “mãe”, pois graças aos portugueses têm consigo a língua portuguesa. No entanto, sente ainda o sofrimento de carregar os administradores durante longas distâncias, de não poder parar e apreciar os “edifícios dos brancos”, de só poder circular na cidade durante o dia e, mesmo nos seus bairros nos subúrbios, apenas até às 21.00h, pois no dia seguinte era dia de trabalho. Recorda ainda que  um negro, mesmo tendo 50 anos, era chamado de rapaz ou rapariga, pois homem ou mulher eram só os brancos. A escola era só até à quarta classe e as conversas controladas por moçambicanos infiltrados nas ruas e nos bares, para denúncias à PIDE.

Após 40 anos da independência de Moçambique, continuam a sentir-se alguns constrangimentos e a consciência de que as abordagens devem ser cuidadas, pois tudo é ainda recente na memória de muitos com quem nos cruzamos diariamente. A comunidade portuguesa, atualmente ronda os 23.000 indivíduos, o que tem um grande impacto na economia moçambicana.

Em consequência de um ensino deficitário, são muitos os cargos ocupados por portugueses que trazem as suas famílias e por cá geram economia e movimento junto das classes mais empobrecidas. As pequenas e médias empresas são maioritariamente portuguesas e são estas que empregam grande parte da população e permitem algum equilíbrio económico e capacitação de pessoas com conhecimento.

Moçambique revela-se uma oportunidade para muitos, um país de boa gente que nos faz sentir em casa com um bom pastel de nata e um café, feijoada e até francesinha.

Ser simpático com os moçambicanos não é difícil, pois, com uma piada “desfazem-se” em gargalhadas contagiantes e a empatia cresce. Transpiram o gosto pelo futebol, pela cerveja e pelo convívio!

A festa portuguesa organizada todos os anos para celebrar o dia 10 de junho, tem um grande impacto na cidade, acontecendo na Escola Portuguesa e aberta a toda a população, para que todos possam conhecer a gastronomia portuguesa, as empresas e a cultura musical. Artesãos moçambicanos são convidados a estarem presentes com os seus trabalhos para que possam ser apreciados e assim unirmos as duas culturas.

À comunidade portuguesa resta continuar um trabalho paciente e dedicado, de mostrar que não está cá para, novamente, extrair recursos como na época do colonialismo, mas sim para investir no desenvolvimento do país e acima de tudo, investir nos moçambicanos, para que estes não se sintam à margem do próprio país como um dia se sentiram.

 

Created By: Diva Félix da Costa Carvalho
Published: 06-01-2017 16:18

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